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quarta-feira, novembro 30, 2005

MST: Unidos na desgraça

«Benfica e FC Porto estão finalmente unidos: unidos na desgraça holandesa. Para quem esperava que a contratação de dois treinadores holandeses por parte dos dois maiores clubes portugueses viesse revolucionar o respectivo jogo, trazer ao nosso campeonato a versão moderna do tal «futebol total» que imortalizou a escola holandesa e pôr um e repor o outro no trilho da Europa de luxo, estes primeiros três meses da experiência holandesa têm sido frustrantes. Ambos estão à beira de ser implacavelmente afastados da Liga dos Campeões e em risco até de o serem também da Taça UEFA, desperdiçando a sorte que os colocou em dois grupos classificativos perfeitamente acessíveis, e depois de públicas e reiteradas demonstrações de medo, falta de ambição, de estratégia e de clarividência. E se, internamente, o Benfica caminha vários passos atrás do FC Porto, num impensável 6.º lugar, também é verdade que já venceu no Porto, onde Koeman deu uma lição de estratégia a Adriaanse. Ontem, mercê de uma vitória feliz em Barcelos — uma vez mais devida ao talento de Ricardo Quaresma e após mais uma exibição miserável, em que Adriaanse voltou a mostrar todas as suas qualidades estáticas no banco — o FC Porto ganhou oito pontos de avanço sobre o Benfica. Mas tudo pode ficar mais nivelado entre ambos (nivelado por baixo), se, na próxima sexta-feira, conforme é de temer, também Paulo Bento for ao Dragão ensinar a Co Adriaanse como é que se ganha um jogo importante. Olhando para este primeiro terço de campeonato e para o que treinadores portugueses têm feito à frente de equipas como Nacional, Sp.Braga e Vitória de Setúbal, só podemos concluir que se Koeman e Adriaanse fossem portugueses já estariam despedidos.

Bem vistas as coisas, Koeman tem mais desculpa do que Adriaanse. O Benfica dispõe de pouco mais de metade do orçamento do FC Porto, tem tido menos apoio do público no seu estádio e tem, sobretudo, pior equipa e pior banco. Com a lesão de Simão tornou-se evidente, para quem ainda pudesse ter dúvidas, que todo o futebol de ataque do Benfica depende dele, passa por ele e conclui-se quase sempre com ele. Com a lesão dos dois guarda-redes principais foi a vez de abanar de alto a baixo toda a estrutura defensiva, remetendo o Benfica para uma série de seis jogos sem vencer e para uma atitude competitiva própria das equipes que tudo temem e nada arriscam. Isso não justifica todos os erros de Ronald Koeman — como a ideia de jogar com quatro centrais, dois laterais e dois trincos, em Paris, praticamente em «casa», contra uma equipa menor da cena europeia e num jogo em que só lhe podia interessar ganhar. Mas a verdade é que a actual equipa do Benfica é o resultado de uma penosa reestruturação, iniciada há dois anos atrás e a partir praticamente donada. E, a menos que apareça um Abramovitch caído do céu, nenhuma equipa é capaz de passar de banal a bestial e mdois anos. Independentemente dos erros cometidos, Koeman tem ao seu dispor o que tem — e o que tem é manifestamente pouco para as ambições alimentadas pelos seus dirigentes. Não é por acaso que estes já puseram em marcha a campanha de sensibilização dos árbitros e da Comissão de Arbitragem, aliás fundada em pretensas razões de queixa ridículas: quando não se tem cão, caça-se com gato.

Já no FC Porto, as coisas são radicalmente diferentes. O que não tem faltado ali são milhões ao desbarato para comprar jogadores em série — doze a quinze em cada ano que passa — e pagar salários de luxo ao primeiro que aparece ao virar da esquina. E se Adriaanse pode dizer que a equipa não é dele, mas do presidente (o que é verdade), também é duvidoso que fosse melhor ao contrário, a avaliar pelas estapafúrdias equipas que escala para pôr a jogar, ou até pelo único jogador por si escolhido — o turco Sonkaya, que conseguiu a proeza de fazer as bancadas do Dragão destilar saudades do Secretário. Adriaanse tem e teve tudo para conseguir estar hoje numa posição intocável perante os adeptos, a começar por um fulgurante início de época, unanimemente elogiado por todos. E tudo a sua teimosia e a sua soberba levou... O futebol de ataque, que deslumbrou ao ponto de levantar críticas pela sua ousadia, foi caindo, caindo, ao ponto de entrar a jogar em casa, num jogo em que só a vitória interessava, contra o medíocre Glasgow Rangers, desfalcado e em crise profunda, sem nenhum ponta-de-lança e reduzido na prática a 10 jogadores, pela teimosia em voltar a insistir no inútil Jorginho. Em cinco jogos da Liga dos Campeões, Adriaanse perdeu três, empatou um, equivalente a derrota, e só ganhou um, graças a dois ressaltos felizes. E, revendo o filme de cada um dos seus quatro desaires, é justo reconhecer que todos eles foram perdidos por influência directa do treinador — tal como sucedeu contra o Benfica. Em todos eles tornou-se gritantemente evidente que Adriaanse não estudara os adversários, não tinha nenhuma estratégia para os jogos, escalou equipas sem lógica visível, fez substituições sem nexo, e não conseguiu segurar nenhuma das situações de vantagem de que dispôs em todos eles. Tranquilamente, podia ter agora 11 pontos e o primeiro lugar garantido: tem quatro e fortes hipóteses de terminar o grupo em último lugar. É certo que ainda pode conseguir o milagre, mas, não só não o merece, como nada poderá já apagar a imagem repetida dos sucessivos erros de pura incompetência acumulados. Pinto da Costa bem pode — num acto que no passado deu frutos mas que agora surge como uma deslocada provocação aos adeptos — prolongar-lhe o contrato de dois para três anos, sem que os resultados ou o mérito o justifiquem. Mas, a continuar assim, o problema do presidente do FC Porto, para a próxima época e a seguinte, vai ser o de convencer os sócios de lugar cativo a renovarem os seus lugares. E, sem eles, não há público no Dragão nem dinheiro para o festival de compras do Verão.

Ontem à noite, contra o Gil Vicente, foram os gritos dos adeptos, por exemplo, que obrigaram Co Adriaanse a perceber, quase no fim, aquilo que qualquer adepto habitual de futebol já tinha percebido: que era preciso refrescar o ataque, tirar aquele estranho caso patológico em que se transformou o Jorginho e tirar o mais que desgastado Lisandro López. Se ficasse aqui a enumerar todas as situações gritantes, evidentes, em que o treinador do FC Porto foi a única pessoa no estádio a não perceber o que se estava a passar no jogo, nunca mais acabaria. Eu olho para ele e vejo-o sempre sem expressão, sem reacção, incapaz de comunicar com os jogadores, de transmitir ordens para dentro, de ver o jogo decorrer conforme uma estratégia planeada (como fazia Mourinho), ou, ao menos, de corrigir as coisas no decorrer do jogo (como fazia António Oliveira). Vejo-o sim dar asas aos jogadores e depois liquidá-los sem explicação; promover a indiscutíveis jogadores que nada provam e subitamente desprezar outros que toda a gente percebe que são mais-valias, como já sucedeu com Quaresma e agora sucede com McCarthy. Tudo sem nexo, sem critério, sem correspondência com o que se vê durante os jogos. Tudo aparentes caprichos de um vaidoso que não tem currículo para o ser. Adriaanse deveria ter aprendido a lição de Mourinho: não é vaidoso quem quer, mas quem pode.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (29/11/2005)

terça-feira, novembro 29, 2005

Mais 3 pontos


Gil Vicente  0   -   1  FC Porto


Mais um jogo, mais uma vitória. Foi difícil, é verdade, mas este jogo valeu apenas pelos 3 pontos e pelo golo de Lucho.

O Porto continua a ter muita dificuldade para marcar o segundo, ou pelo menos a tentar marcar o segundo já que recua em demasia seja o adversário o Gil Vicente, o Rangers ou o Inter de Milão. À custa desses «recuos» empatámos com o Rangers, em casa, pondo em risco a continuidade na Champions e perdemos com o Inter, em Milão, quando ganhávamos por 1-0. Ontem tivemos sorte em não sofrer o empate nos minutos finais.

O jogo resume-se basicamente nisto: golo do Porto, o Gil arrisca porque a derrota não lhe serve e domina o jogo. O Porto consente e passa a jogar em contra-ataque abdicando praticamente do domínio do jogo. Apesar de construir algumas oportunidades, não conseguimos marcar o 2-0 e foi sofrer até final. Felizmente que o Gil não teve arte nem engenho para incomodar muito Vitor Baía, mas com esta filosofia e com um adversário mais poderoso, como o Sporting na próxima jornada, como será?


Mais e Menos

+ Lisandro López Definitivamente num bom momento de forma, o argentino correu que se fartou em prol da equipa.

+ Quaresma Isolado perante o GR do Gil, podia ter feito o 2-0. Fez o centro para o golo de Lucno.

+ Lucho Marcou o golo. Recuou em demasia quando o Gil começou a dominar e falhou alguns passes. Ainda assim foi importante na vitória.

- Jorginho Faltam palavras para descrever o péssimo momento que atravessa.

- Bosingwa Inventa demais. Perdeu muitas bolas na sua zona e raramente conseguiu atacar. Uma nulidade.


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

Sobre a equipa
"Ainda estou a fazer a equipa, não está ainda pronta e é nova. Tem muita vontade de melhorar, mas sucede que às vezes joga bem e pouco depois mal"

Sobre o jogo
"Foi a primeira vez que marcámos tão cedo e, de facto, era natural que esperasse mais, mas a verdade é que na primeira parte tivemos duas boas oportunidades de marcar"

Sobre a vitória
"Já tinha dito noutras conferências de imprensa que mais importante do que a liderança era a conquista dos três pontos, já que em Portugal todos os jogos são difíceis"


Ficha do Jogo

Liga 2005/06 (12ª jornada)

Estádio Cidade de Barcelos

Árbitro: António Costa (Setúbal)
Assistentes: Venâncio Tomé e Hernâni Fernandes
4º árbitro: Sérgio Cruz

GIL VICENTE: Jorge Baptista; Edson, Marcos António, Gregory e João Pedro; Braima, Bruno Tiago e Nandinho «cap.»; Carlitos, Carlos Carneiro e Williams
Substituições: Braima por Leandro Netto (61m), Edson por Robélio (62m) e Nandinho por Luís Coentrão (84m)
Não utilizados: Paulo Jorge, Rovérsio, Rodolfo Lima e Paulo Arantes
Treinador: Ulisses Morais

F.C. PORTO: Vítor Baía; Bosingwa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e César Peixoto; Paulo Assunção, Lucho Gonzalez e Ibson; Lisandro Lopez, Jorginho e Quaresma
Substituições: Ibson por Diego (46m), Jorginho por Alan (84m) e Lisandro por Hugo Almeida (87m)
Não utilizados: Helton, Ricardo Costa, McCarthy e Marek Cech
Treinador: Co Adriaanse

Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Lucho González (1m)
Disciplina: Cartão amarelo a Paulo Assunção (66m), César Peixoto (88m) e Williams (90m)

* Fotos Associated Press (AP)

segunda-feira, novembro 28, 2005

Anderson, o Herói

Anderson despediu-se do Grémio como um verdadeiro herói antes de rumar a Portugal, onde vai representar o F.C. Porto a partir de Janeiro. No jogo decisivo, o menino-prodígio marcou o único golo do desafio (1-0) frente ao Náutico, que valeu a vitória à equipa de Porto Alegre, o título e a consequente subida à Série A brasileira.

O jovem craque, de 17 anos, foi o herói de um jogo atribulado e carregado de polémica. O golo que marcou tem tanto de genial como de inesperado: o árbitro tinha marcado uma grande penalidade duvidosa a favor do Náutico, gerou-se uma enorme confusão, a polícia teve de entrar em campo para acalmar os ânimos, três jogadores foram expulsos, mas o guarda-redes do Grémio defendeu a grande penalidade. De contra-ataque, Anderson marcou o único golo do jogo, aos 63 minutos.
in MaisFutebol


Podem ver aqui o video com o resumo dos lances do jogo. Thanks to mOrpheus.

Convocados para Barcelos

Co Adriaanse deixou de fora Sonkaya, Bruno Alves, Raúl Meireles e Paulo Ribeiro que fizeram companhia a Hélder Postiga na equipa B. Curiosamente todos foram titulares no encontro com o Paredes o qual resultou numa derrota por 2-0... a equipa B do FC Porto continua na última posição da II Divisão.

A equipa inicial deverá ser igual à que entrou em campo, no Dragão, frente à Académica. Esperemos que o resultado final seja igual :-)

Lista de Convocados

Guarda-redes: Vítor Baía e Hélton.
Defesas: Bosingwa, Cech, César Peixoto, Pedro Emanuel, Pepe e Ricardo Costa.
Médios: Diego, Ibson, Jorginho, Lucho Gonzalez e Paulo Assunção.
Avançados: Alan, Hugo Almeida, Lisandro Lopez, McCarthy e Quaresma.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Mais uma este ano...

O CNAD voltou ao Centro de Treinos do FC Porto para mais um controlo surpresa. Os «sortudos» desta vez foram Paulo Assunção e Bruno Alves.
Não sei se controlam de igual modo todos os clubes ou se dá mais importância quando visitam o FC Porto...

Até 2008

«Estou muito feliz no FC Porto e o sinal de que eles também estão satisfeitos é que activaram a cláusula de renovação de contrato, por isso fico até 2008. O presidente está muito satisfeito com a forma como temos vindo a trabalhar e a nova maneira de jogar que temos vindo a implementar.»
Co Adriaanse

Este gesto por parte da SAD parece-me precipitado.
Se por um lado concordo com ele porque apoio a continuidade do treinador, os seus métodos de trabalho (apesar de criticar algumas das suas opções) e porque é preciso tempo e estabilidade para construir uma grande equipa de futebol; por outro parece-me que se está a pôr o «carro à frente dos bois». Não é com prolongamentos de contratos que se dá confiança a treinadores, senão o holandês ainda acaba com um contrato até 2028...

quinta-feira, novembro 24, 2005

Maldição?


FC Porto  1   -   1  Glasgow Rangers


Definitivamente este Porto não quer nada da Liga dos Campeões. Como foi possível estar a ganhar por 1-0, a custo, e ocupando provisóriamente o segundo lugar do grupo, sofrer um golo no único remate do Rangers à baliza defendida por Vitor Baía? Podemos chamar-lhe muita coisa: azar, malapata, azelhice, inexperiência ou maldição...

Por duas vezes estivemos a ganhar em Glasgow e acabámos por perder. Em casa, frente ao Artmédia e com uma vantagem de 2-0, acabamos por perder, vergonhosamente, por 2-3. Onde fizemos melhor figura acabou por ser nos jogos teóricamente mais difíceis, frente ao Inter de Milão, mas, ainda assim, perdemos o jogo em Itália após ter uma vantagem de um golo.

Se as possibilidades de passagem aos «oitavos» antes deste jogo eram as mínimas, neste momento passaram a ser ínfimas. Dependemos agora de terceiros, mas, sobretudo, não merecemos passar à fase seguinte. Não conseguimos ganhar nenhum jogo ao «fraquinho» Glasgow Rangers e perdemos em casa com uma equipa desconhecida da Eslováquia, cujo orçamento é seguramente 50 vezes inferior ao nosso.

Em relação ao jogo propriamente dito, não há muito a dizer. Adriaanse inventou novamente na equipa inicial ao incluir Diego e Jorginho que não corresponderam às expectativas, Bruno Alves começa a tornar-se numa maldição já que quando entra em campo a equipa acaba por perder. Está provado que defender um resultado de 1-0 poucas vezes rende, sobretudo numa equipa aparentemente ingénua.


Mais e Menos

+ Lisandro López Mais uma vez decisivo, contribuindo com o golo que devia ter dado a vitória.

+ Quaresma Um pouco mais apagado mas ainda assim foi o desiquilibrador.

+ Bosingwa Finalmente aprendeu a centrar. Foi dos pés dele que saiu a bola cabeceada por Licha.

- Jorginho Que dizer deste jogador? Quando está em campo parece que jogamos com 10.

- Diego Não valeu a aposta de Adriaanse. Mas em abono da verdade o seu substituto também não.

- Defesa Incrível como se sofre um golo daqueles no único remate à baliza.


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

«Jogámos bem na primeira parte, com muita posse de bola, mas o Rangers estava a defender com muitos jogadores, fechando as linhas. Criámos perigo e tivemos boas oportunidades em lances do Lisandro e do Quaresma. Na segunda parte, tomei a decisão de tirar um defesa e lançar um avançado».

«Hoje não marcámos golos suficientes, tivemos que manter o resultado de 1-0, eles tiveram uma oportunidade e marcaram. Depois tivemos oportunidades e não marcámos. Nos outros jogos todos, excepto no de Milão, fomos sempre a melhor equipa. Às vezes é preciso sorte e temos tido muito azar nos jogos da UEFA Champions League».

«É possível passar. Mas dependemos do resultado de Glasgow. Espero que Inter de Milão, que é uma equipa muito boa, cumpra o seu dever desportivo e vença em Glasgow e que nós consigamos vencer frente ao Artmedia».

«Quanto ao clima que vai estar em Bratislava temos de esperar para ver. Penso que a qualidade do terreno é muito mais importante. Se campo estiver gelado ou com neve, será de facto um problema».

«Antes de começar a Champions League não disse que ia ser fácil, até porque o Inter de Milão e o Rangers são equipas fortes. Somos uma equipa que está a melhor desde o início da época, temos muito potencial e jogadores jovens».


Ficha do Jogo

UEFA Champions League (Grupo H – 5ª jornada)

Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 39.439 espectadores

Árbitro: Herbert Fandel (Alemanha)
Assistentes: Carsten Kadach e Volker Wezel
4º árbitro: Manuel Grafe

F.C. PORTO: Vítor Baía; Bosingwa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e César Peixoto; Paulo Assunção, Lucho González e Diego; Jorginho, Lisandro Lopez e Quaresma
Substituições: Pedro Emanuel por Hugo Almeida (46m) e Diego por Bruno Alves (64m)
Não utilizados: Helton, Ricardo Costa, Ibson, McCarthy e Ivanildo
Treinador: Co Adriaanse

RANGERS: Waterreus; Ricksen, Andrews, Kyrgiakos e Murray; Hemdani; Namouchi, Rae, Ferguson «cap.» e Lovenkrands; Jeffers
Substituições: Rae por Thompson (61m), Jeffers por McCormack (75m) e Lovenkrands por Burke (78m)
Não utilizados: Klos, Malcolm, Pierre-Fanfan e Hutton
Treinador: Alex McLeish

Ao intervalo: 0-0
Marcadores: Lisandro Lopez (59m) e McCormack (83m)
Disciplina: Cartão amarelo a Hemdani (58m), Murray (62m), Ferguson (84m) e Quaresma (84m)

* Fotos Associated Press (AP)

quarta-feira, novembro 23, 2005

MST: Eles existem, os génios

«Como em todas as outras áreas da actividade humana, também no futebol existem várias espécies de praticantes: os maus e os medíocres, que, por pudor ridículo, nunca são classificados como tal; os banais e os razoáveis, muitas vezes confundidos com grandes jogadores; e os bons e muito bons, que mal tocam na bola se distinguem dos demais. E, depois, existem os génios, os predestinados, aqueles que não nasceram para mais nada que não rigorosamente para jogar futebol. O maior génio que alguma vez vi pisar um campo de futebol chamava-se Johan Cruyff, era holandês e deslumbrou no Ajax e no Barcelona. Nos tempos em que ele jogava em Espanha eu ia ao fim-de-semana de Lisboa a Monsaraz para o ver jogar na televisão espanhola, que se captava junta à fronteira. E valia a pena. Este sábado vi dois génios do futebol em acção, um ao vivo no estádio e outro pela televisão: Ricardo Quaresma, no Dragão, e Ronaldinho Gaúcho, em Chamartin. Mas vamos por partes.

1. Sp. Braga-Benfica. Depois da paupérrima exibição contra o Marítimo, o Sp. Braga puxou dos galões de líder do campeonato e fez pela vida face a um Benfica que voltou a cometer o mesmo erro de Manchester: começar a defender o resultado ainda na infância do jogo. Pelo que se viu, apenas o Sp. Braga poderia e mereceu ter ganho; o Benfica, ao contrário do que havia feito no Dragão, limitou- se a esperar pela sorte grande. Dois minutos depois da hora pareceu repetir-se o fado do campeonato passado: João Ferreira resolveu ver um penalty que ninguém mais viu e nenhum jogador do Benfica se atreveu a reclamar. Foi uma machadada no benfiquismo das gentes de Braga e a demonstração do ditado que reza «amigos, amigos, negócios à parte». Mas, três minutos volvidos (dos oito de prolongamento dados pelo árbitro!), o Sp. Braga repôs a verdade, através de um golo obtido não em fora de jogo mas irregular, porque o seu marcador arrancou para a jogada em fora de jogo. Houve logo quem, pressurosamente, dissesse que um erro compensava o outro, uma interpretação muito bondosa: o offside foi daqueles que só se detectaram após visionamento em câmara lenta, um erro perfeitamente justificável do fiscal de linha; o penalty foi uma injustificável decisão do árbitro, aliás tardiamente assinalada. No mais, restou aquele gesto de Nuno Gomes, que as câmaras de televisão inadvertidamente captaram, após o golo da vitória do Sp. Braga, e em que ele insinuou que os adversários estariam dopados. Que fará do significado desse gesto a douta Comissão Disciplinar da Liga— vai investigar a veracidade da insinuação, vai obrigar o Nuno Gomes a fazer prova do que insinuou ou vai fingir que não viu? Aposto na última.

2. FC Porto-Académica. Passaram a semana inteira a jurar-nos que não restaria um único bilhete por vender no Sp. Braga-Benfica. Ia ser a maior assistência de sempre no sumptuoso palco desenhado por Souto Moura — os de Braga, eufóricos com a carreira da equipa local, mais as multidões que o Benfica sempre arrasta: 30.100 espectadores no total. Afinal, promoção à parte, foram 21.449 espectadores emBraga e 30.108 no Dragão, para um jogo banal. Desta vez o ataque azul funcionou, foram cinco golos, deveriam ter sido quatro, poderiam ter sido seis ou sete. Houve um golo invalidado ao FC Porto e outro (o terceiro da série, a 19 minutos do fim) validado sem a bola ter entrado. Mas tudo se resumiu a uma questão de números, mais um menos um, nada que tenha que ver com o desfecho ou a justiça do triunfo azul. Lamentável, por isso mesmo, que à saída, na rádio, tenha tido de ouvir Nelo Vingada a declarar que perdeu graças às «ajudas da arbitragem» de que o FC Porto terá beneficiado. Não é a primeira vez que o vejo lamentar-se nestes termos, e com a mesma falta de razão e sentido das coisas, após perder com o FC Porto. Será uma questão pessoal, uma aversão ao azul? Teria sido mais bonito se Nelo Vingada, por exemplo, tem justificado a derrota com o tremendo desconcerto que as arrancadas, os toques de calcanhar, os cruzamentos, os golpes de génio de Ricardo Quaresma lançaram na retaguarda coimbrã. Não é para isso, também, que os treinadores de futebol deveriam servir — para elogiarem e chamarem a atenção para o que o futebol tem de luminoso, de entusiasmante? Se o tem feito, além do mais, poderia ter contribuído com a sua parte para tentar evitar nova injustiça que o seleccionador nacional prepara: deixar Quaresma de fora do Mundial da Alemanha.

3. A 750 quilómetros dali, em Madrid, Vanderlei Luxemburgo, vergado ao peso de uma humilhante derrota caseira contra o rival de sempre, teve, mesmo assim, a nobreza de atitude de prestar homenagem ao homem que acabara de destroçar o Real: Ronaldinho Gaúcho, o melhor jogador do Mundo na actualidade. Há uns anos atrás assisti em Chamartin a outra noite em que outro prestidigitador ao serviço do Barcelona, de seu nome Rivaldo, liquidou o orgulho merengue a golpes de puro génio. A diferença é que, nessa noite de então, incapazes de reprimir o ódio visceral pelos da Catalunha, os espectadores do RealMadrid respondiam a cada golo do fabuloso n.º 10 dos rivais com gritos de «Rivaldo, hijo de puta!». E agora foi diferente: os dois golos finais de Ronaldinho, verdadeiras obras de arte de todos os tempos, receberam a homenagem de umestádio inteiro em silêncio e alguns mesmo a aplaudirem-no.

4. O futebol tem coisas verdadeiramente incompreensíveis. Entre nós talvez o maior motivo de espanto, ou pelo menos de admiração, é a notável carreira dos jogadores comandados por Norton de Matos e abandonados pela sua direcção: seis vitórias em onze jogos, quarto lugar ex æquo com o Sporting e com dois pontos a mais que o Benfica. Já no final do jogo do Dragão tinha-se visto o presidente que não paga salários a atender o telemóvel, em tom triunfante, como se o empate então obtido devesse, um átomo que fosse, à sua pessoa ou à sua linda gestão. Agora, após o triunfo por 3-0 na Figueira, o notável Chumbita Nunes afirmou que ele era «um prémio para o esforço que temos desenvolvido». Que «temos»? É preciso ter lata!»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (23/11/2005)

domingo, novembro 20, 2005

Barriga Cheia


FC Porto  5   -   1  Académica


Um bom jogo do Porto perante uma Académica muito apática, sobretudo na primeira parte. A obrigação era vencer, acabou por acontecer a goleada e uma grande exibição dos argentinos Lucho e Lisandro com Quaresma em bom plano.


Mais e Menos

+ Ricardo Quaresma É sem dúvida o «artista» da companhia. Além de cumprir com as suas tarefas, dá ainda espetáculo.

+ Lucho e Lisandro Grande jogo da dupla argentina. Espero que continuem assim.

- Nelo Vingada Uma derrota por 5-1 não é justificável com erros do árbitro, só para o treinador da AAC que não vai muito com o azul.


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

"Não estivemos bem todo o jogo. Os primeiros 30 minutos e os últimos 20 foram muito bons, mas só ficarei totalmente satisfeito quando estivermos bem os 90 minutos. Teria sido a noite perfeita se tivéssemos jogado sempre ao mais alto nível e a Académica não tivesse marcado"

"Penso que não foi por causa da arbitragem que vencemos, mas porque fomos melhores. Não sei se a bola entrou ou não, de onde estava não podia saber, mas fiquei com a ideia de que o árbitro-assistente estava bem colocado. Se não tivesse sido validado teríamos vencido por 4-1"


Ficha do Jogo

Liga 2005/06 (11ª jornada)

Estádio do Dragão, Porto

Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco)

ACADÉMICA: P. Roma - Nuno Luís, Zé Castro, Danilo, Lira (46' Ezequias) - P. Adriano (29' Fernando), Roberto Brum, Filipe Teixeira - Luciano, Nuno Piloto (46' Gelson), Marcel.
Treinador: Nelo Vingada

F.C. PORTO: V. Baía - Bosingwa, Pepe, P. Emanuel, C. Peixoto - P. Assunção, 'Lucho' González, Ibson (73' Diego) - Lísandro López, Quaresma (73' Alan), H. Almeida (64' Jorginho).
Treinador: Co Adriaanse

Golos: 10' 'Lucho' González (1-0); 19' Lísandro López (2-0); 70' C. Peixoto (3-0); 76' Lísandro López (4-0); 90' 'Lucho' González (5-0); 92' Marcel (5-1)

* Fotos AP (Associated Press)

quarta-feira, novembro 16, 2005

Até p'rá semana!

Com tantas folgas na equipa do Porto, também eu me sinto no direito de ter uma semana sem «blogar». Os motivos são outros, profissionais, mas prometo voltar em força durante a próxima semana. Até lá, espero mais uma vitória do FC Porto frente à Académica, no Dragão, e que o público apoie a equipa durante os 90 minutos.

Até p'rá semana!

MST: «Lobbies» e outras coisas

«1. Fui dos primeiríssimos a criticar a escolha definitiva de Ricardo para titular da baliza da Selecção por parte de Scolari. Escrevi então que, muito embora o considerasse um grande guarda-redes entre os postes, achava que lhe faltava em absoluto uma qualidade hoje fundamental num guarda-redes: dominar o jogo aéreo. Houve quem ripostasse que eu escrevia assim porque era portista e amigo do Baía — ambas as coisas são verdadeiras, e muito me honram, mas não me determinam. Hoje quase toda a gente reconhece que o que Scolari fez e vai fazendo com Vítor Baía (sem lugar entre os três guarda-redes portugueses escalados para o Europeu, no ano em que os treinadores europeus o elegeram o melhor guarda-redes do ano) não encontra qualquer justificação do ponto de vista desportivo ou humano. Para não ter de qualificar a atitude, direi simplesmente que ela é inqualificável e, embora muitos, a começar pelos colegas de Baía na Selecção, se mostrem dispostos a fingir que a coisa passou, eu não só não a esqueço como extraí dela conclusões, essas sim, definitivas acerca da pessoa do seleccionador nacional. Quanto ao que tinha escrito sobre Ricardo, bastou a forma como perdemos a final do Europeu contra a Grécia para que a justeza da minha observação ficasse à vista de todos. Depois disso nunca mais voltei ao assunto e fiquei deliberadamente calado quando, há uns tempos atrás, os sucessivos falhanços de Ricardo o remeteram para o banco de suplentes no Sporting e, de repente, pareceram ter despertado uma súbita unanimidade de críticas até aí nunca vistas. Não gosto de malhar em quem já está em baixo e, além disso, entendo que o principal responsável nem era Ricardo mas sim Scolari. Ricardo era muito melhor guarda-redes antes de Scolari o ter transformado no caso exemplar do seu autoritarismo. Teria ido então muito a tempo de corrigir ou melhorar o que estava mal no seu jogo aéreo (onde Baía continua a ser o melhor guarda-redes português, talvez de todos os tempos), em vez de, atiçado pelo seleccionador, ter revelado sempre uma falta de humildade tamanha que chegou a explicar que um «frango» não era um «frango» mas sim uma «questão técnica» muito complexa, cujo entendimento escapava aos leigos. Dois anos depois Ricardo vê-se forçado a continuar a tentar explicar atabalhoadamente por palavras o que não consegue explicar através dos jogos. E Baía continua a explicar, nos jogos e fora deles, que, além do mais, há uma coisa que o caracteriza e não lhe vem nem das convocatórias para a Selecção nem sequer dos 28 títulos que fazem dele o jogador em actividade que mais coisas conquistou em todo o mundo: classe. E, por esse ponto de vista, não pode restar a menor dúvida de que quem ganhou esta guerra mesquinha foi sempre e só Vítor Baía. E assim chegámos às vésperas da convocatória para o Mundial, tendo já toda a gente percebido que, independentemente da forma em que cada um está ou estiver daqui a uns meses, o Ricardo será convocado e titular e o Vítor Baía voltará a ser ignorado. Independentemente da injustiça gritante desta espécie de critério do seleccionador, agora há um facto novo e evidente: o povo da Selecção percebeu e teme que tudo possa ser deitado por água abaixo no Mundial por uma saída em falso do Ricardo — como ainda este fim-de-semana vimos, contra a Croácia. Daí os assobios, que são injustos para Ricardo, não para Scolari. O «lobby contra o Ricardo», por mais que Scolari finja não perceber, não tem razões obscuras mas apenas aquilo que está à vista de todos. E já não se compõe só de amigos de Baía ou portistas mas agora também de benfiquistas, sportinguistas e todos quantos não tenham medo de ter opinião.

2. Eis uma coisa que, pelos vistos, não é nada apreciada pela actual direcção do Benfica: não ter medo de ter opinião. O presidente, esse, fala todos os dias sem parar e sempre com um microfone atento a qualquer suspiro ou murmúrio seu, de Fornos de Algodres a Toronto, Canadá. Nunca lhe falta incentivo, nunca lhe falta pretexto, nunca lhe falta assunto, nem que seja para denunciar a oposição interna como «jagunços» que cometem os crimes de «dizer mal da direcção» e «pensarem que me podem tirar do clube», ou para apelar ao banimento de alguns «que escrevem nos jornais» e que são «um lixo» que ele não tem paciência para comprar «pagando uns almoços e uns charutos». Mas para os jogadores a lei é outra: a direcção do Benfica não admite que eles tenham qualquer opinião, nem que seja para falarem da família ou da sua vida fora do futebol. E, por isso, quem abre a boca é multado: Moreira, Mantorras, Ricardo Rocha, Simão. No tempo em que o Benfica era governado pelos «senhores de colarinho branco», para usar a expressão do actual presidente do clube, Portugal vivia em ditadura, onde ninguém podia também abrir a boca, e eu habituei-me a ver o Benfica como o símbolo dos que não se calavam — em contraste com o Sporting, que sempre foi tido como o «clube do regime» e dos «aristocratas». O Benfica era presidido por um marquês mas era o clube do povo, o clube onde estavam os democratas e o grande Eusébio. Esse Benfica não há ninguém que não tenha respeitado e admirado. Hoje o Benfica é presidido por um homem que se autoclassifica como «humilde» e vê nos que o atacam «gente sem valores, sem família, sem animais para acarinhar, uns frustrados da vida». De facto, não estou a ver Duarte Borges Coutinho a dizer coisas destas ou a multar os jogadores por abrirem a boca. Outros tempos, outros estilos? Não, mais que isso: outra atitude, outro clube.

3. No final da época passada o benfiquista António Figueiredo, presidente do Estoril, viu-se confrontado com um terrível dilema: o seu Estoril precisava de pontos para se manter na I Divisão e o seu Benfica precisava de pontos para ser campeão. Optou por vender o jogo ao Benfica, aceitando disputar o desafio decisivo marcado para a Amoreira no estádio do Algarve, suposto campo neutro, onde estavam 29.782 adeptos do Benfica e 24 do Estoril. No final despediu o treinador, porque ele ousou criticar uma arbitragem que o País inteiro viu ter sido determinante para a vitória do Benfica. O Benfica foi campeão e o Estoril caiu na II Divisão. Mas tudo se justificava, do ponto de vista do presidente do Estoril, pelo facto de o jogo em Faro proporcionar receitas tão extraordinárias que permitiriam ao Estoril liquidar os ordenados em atraso aos jogadores. Agora, ainda a época vai no início, e já os jogadores do Estoril ameaçam ir-se todos embora porque o clube continua a não lhes pagar. Moral da história: mais vale uma águia a voar que um só pássaro na mão.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (16/11/2005)

terça-feira, novembro 15, 2005

Folgado

Após quatro dias de folga, os jogadores voltaram ao trabalho na segunda-feira de manhã. Treinaram duas vezes. Hoje há mais dois treinos, um de manhã e outro à tarde e amanhã mais uma folga. Cinco dias de descanso em sete possíveis. Assim dá gosto não ser «internacional»...

O Capitão

Jorge CostaApesar de compreender, confesso que não gostei das declarações de Jorge Costa aquando da sua deslocação a Liege. É certo que Adriaanse não foi politicamente correcto mas é soberano nas suas escolhas para a equipa que julga ser a melhor e tanto quanto sei não havia nenhuma cláusula no seu contrato que obrigasse à utilização do número 2.

Não sei em que estado físico estará Jorge Costa mas tanto quanto pude apurar ele pretende fazer mais uma época e meia antes de dar por terminada a sua carreira. Não sei se será irrealista, dadas as lesões que já teve esta época.

A avaliar pelo discurso de Pinto da Costa, que pretende manter Adriaanse até ao fim do mandato, será muito difícil ao capitão impôr-se na equipa.

Neste caso não posso apontar nada ao treinador, que faz as suas escolhas, e ao jogador, que apenas pretende jogar. A solução parece óbvia: Adriaanse continuará o seu trabalho no FCP e Jorge Costa poderá saír do clube.

O passado de Jorge Costa no FC Porto é intocável. Ele é «O» capitão e estará sempre na memória como o timoneiro das recentes conquistas nacionais e internacionais, tal como ficou João Pinto ou Fernando Gomes.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Absurdo

«Vocês acham que tenho de escrever uma carta a cada um dos dois mil atletas da Federação a dizer porque é que não é convocado? Se responder a um, terei de o fazer a todos a dizer que não o convoquei porque tem olhos verdes ou porque tem pé de pato. Seria um absurdo.»

Absurdo é ter que levar com este... treinador na nossa(?) selecção. O problema com o Baía resolvia-se facilmente se Scolari dissesse porque não o convoca. Porque é que Scolari não diz? Será assim tão grave a ponto de dizer que Baía é um jogador como todos os outros quando já representou dezenas de vezes a selecção e tem um currículo cheio de títulos? Quando Scolari chegou, Baía foi afastado da selecção. O que se questiona é a razão do seu afastamento.

Nada de novo

Os jogadores brasileiros do FC Porto emprestados esta época a clubes no Brasil estão a desiludir e de que maneira! A administração da SAD tem de rentabilizar o investimento feito nestes jogadores já que não se têm valorizado, antes pelo contrário, e os contratos só acabam em 2009(!)... o pensamento já deve começar a ser o de vender sem perder muito...

Leandro do Bonfim
Está no São Paulo onde é suplente pouco utilizado por Autuori, sem deslumbrar.

Cláudio Pitbull
Está no Santos, marcou apenas 1 ou 2 golos e passou por fases menos boas chegando mesmo a treinar com as reservas do «peixe».

Leo 'Lento' Lima
Também no Santos. Correu tão mal que até o treindador, Nélsinho, queria devolvê-lo à procedência. Pensou duas vezes e resolveu dar uma segunda oportunidade ao jogador. Espero que resulte mas não estou muito confiante.

Leandro
Emprestado por 2 anos ao Cruzeiro, passa mais tempo lesionado do que a jogar. O clube de Belo Horizonte tinha opção de compra durante o empréstimo, mas assim...

Espero que a SAD aprenda com estes erros (eu sei, sou ingénuo).

quarta-feira, novembro 09, 2005

MST: De cima para baixo

«1. Vi o Braga jogar logo no início do campeonato, em casa contra o FC Porto, e o que vi foi a equipa defender, defender, defender, até sair como nulo que unicamente ambicionou. Este fim-de-semana, voltei a ver o Braga, em novo teste difícil, contra o Marítimo. E a história repetiu-se: defendeu, defendeu, defendeu, com dois fogachos inconsequentes apenas na segunda parte. Mas, desta vez, encaixou a primeira derrota do campeonato e sem que tivesse a menor razão para as habituais queixas nestas circunstâncias de forças estranhas que não nos deixam ir mais longe — antes pelo contrário, deve à benevolência de Lucílio Baptista, o pior árbitro português em actividade, o facto de não ter tido de jogar 80 minutos com 10 jogadores. No final, ouvi Jesualdo Ferreira a queixar-se de ter perdido um jogo em que o adversário não fora superior e a jurar que o Braga tinha dominado toda a segunda parte e criado suficientes oportunidades para empatar ou ganhar. Concluí que vimos jogos diferentes, mas também que os restantes jogos do Braga, que eu não vi, não terão sido muito diferentes...

2. Ex aequo com o Sensacional da Madeira, na segunda posição, está o FC Porto, graças à vitória obtida em Paços de Ferreira, à custa de um bom quarto de hora inicial, mais um rasgo de inspiração de Quaresma, e depois mais de uma hora de futebol soporífero (e em que, diga-se em abono da verdade, o adversário conseguiu fazer ainda pior, não tendo criado uma única oportunidade de golo em todo o jogo). Com essa desmaiada vitória, Co Adriaanse saiu vivo, depois da inacreditável barracada que fez em Milão, onde não houve asneira que não tenha ensaiado, arrastando a equipa uma vez mais para a derrota e desmentindo todas as suas teses sobre o futebol de ataque. A grande verdade é que hoje ninguém é capaz de prever o que vai fazer o FC Porto, jogo a jogo. Ninguém é capaz de prever, sequer, qual vai ser o sistema de jogo, a estratégia, a equipa. Manifestamente, Adriaanse está à toa, com tiques de ditador desnorteado e perdido — como aliás vai sendo bem visível na própria expressão da sua cara, durante os jogos. Jogadores que eram indiscutíveis desaparecem de repente, como se excomungados no acto: já calhou a vez a Postiga, Raúl Meireles, Paulo Assunção, Ricardo Quaresma, César Peixoto, Ibson, Lizandro López, Ricardo Costa, Bruno Alves, e agora, McCarthy e Diego. Em contrapartida, outros que acumulam desastre sobre desastre, como Bosingwa e Jorginho, mantêm-se de pedra e cal... até que ele acorde um dia maldisposto ou com um ataque de lucidez e os varra de imediato para a equipa B ou arredores. Nesta completa roleta-russa em que se transformou a definição de um onze-base (?), ninguém consegue entender os critérios das entradas e saídas, se o homem prefere jogar com dois pontas-de-lança ou só um, com dois extremos, um ou nenhum, com dois, três, quatro ou cinco médios, com dois ou com três centrais. A única coisa segura é que joga só com um guarda-redes, porque isso não pode evitar. Aos poucos, Adriaanse está a tornar-se no factor de perturbação da equipa. E eu que tanta esperança tinha nele...

3. Em quarto lugar, temos o Benfica, que escapou com danos graves de uma semana igualmente complicada. Depois do empate na Figueira e do balde de água gelada servido pelo Villarreal, teve o azar de apanhar um falso jogo fácil em casa, contra uma das equipas mais bem treinadas e que melhor futebol jogam. O Rio Ave dominou, de facto, o jogo da Luz, sem recorrer à táctica do autocarro, sem jogo faltoso, sem simulações de lesões nem perdas de tempo, antes ocupando o campo todo e nunca desistindo de atacar. Se o empate contra a Naval tinha sido injusto para o Benfica, o empate contra o Rio Ave foi feliz. Por isso, fica mal aos responsáveis do Benfica o recurso à eterna desculpa da arbitragem para justificar um resultado que, pelo futebol visto, acabou até por ser lisonjeiro. Mas o jogo da Luz suscitou-me, de facto, várias questões técnicas ao nível da arbitragem, de que desconheço a resposta e gostaria de ver esclarecidas. A primeira questão tem que ver com o segundo golo do Rio Ave, julgado offside pela generalidade da crítica, pois que, quando a bola é cruzada para a área do Benfica, Gaúcho, que estava deslocado, vai passá-la a Chidi, que faz o golo. Se o lance se tem passado assim, não há dúvida de que há offside. Mas, se bem vi e julgo que sim, há uma diferença, que faz toda a diferença: quando a bola é cruzada, Chidi está em jogo e Gaúcho está, de facto, adiantado. Mas a bola não vai para Gaúcho e sim para Chidi, que depois a passa àquele, que entretanto já estava em posição correcta. Gaúcho devolve a seguir a Chidi, que faz o golo. Ou seja: enquanto está deslocado, Gaúcho não tem interferência alguma na jogada, e quando a tem, já está em posição correcta. Deve ou não considerar-se que tirou vantagem da posição inicial? A segunda questão tem que ver com o primeiro golo do Benfica, resultante de um livre directo sobre o limite da área. Ficaram dúvidas na altura se a falta teria sido sobre a linha da área ou fora dela, e um dos comentadores da TVI afirmou que tinha sido sobre a linha e logo era penalty. A minha pergunta é simples: a linha limite da área faz parte da área ou é fora dela? A terceira dúvida tem que ver com o segundo golo do Benfica, igualmente resultante de um livre directo sobre o limite da área. Mas esse livre é ocasionado por uma emergência defensiva (ficou ainda a dúvida se com falta ou sem ela), motivada pela cobrança imediatamente anterior de um outro livre, quatro metros atrás, e que os jogadores do Benfica marcaram sem dar tempo à formação de barreira defensiva, sem apito do árbitro e até, pelo que me pareceu, sem a bola estar parada. Foi assim recordo, que há cinco anos, o Boavista venceu o FC Porto no Bessa e, com essa vitória, veio a ser campeão com um ponto de avanço sobre os portistas. Pergunto-me se nos livres frontais à baliza e próximos da área os árbitros devem ou não esperar que a barreira se forme e só consentir a cobrança após o seu apito? É que uns fazem uma coisa e outros fazem outra e até já vi, como nesse Boavista-Porto, o mesmo árbitro seguir critérios diferentes no mesmo jogo...

4. E em quinto lugar está o periclitante Sporting, que lá ganhou ao Leiria, sem que desta vez se tenham ouvido queixas contra a arbitragem... Mas querer comparar aquele golo não assinalado ao Leiria e em que todas as imagens mostram que a bola é sacada pelo menos uns 70 centímetros de dentro da baliza, com aquele suposto golo consentido pelo Baía na Luz no ano passado e que nenhuma imagem até hoje conseguiu comprovar, é, no mínimo, querer confundir as coisas deliberadamente.

5. As dúvidas levantadas por Alexandre Magalhães às contas divulgadas pela SAD do FC Porto são legítimas, pertinentes e demasiado sérias para serem tratadas nos termos displicentes em que o fez a comissão de vencimentos da SAD. Não defendo que os administradores das sociedades desportivas não devam ser remunerados, como os de quaisquer outras sociedades. Mas os números divulgados por Alexandre Magalhães são impressionantes e para mais acrescidos de participação nos lucros relativos ao exercício de 2003/04. Aqui cabe perguntar como é que um só exercício positivo, entre tantos negativos, confere direito a gratificação e como é que uma sociedade que jamais distribuiu ou distribuirá dividendos pelos seus accionistas e cujas acções valem metade do preço de subscrição, se permite distribuir gratificações pelos seus administradores — sobretudo quando tem um passivo acumulado de 122 milhões de euros. E também é legitimo perguntar como é que, após dois anos plenos de receitas extraordinárias, o passivo, em lugar de diminuir, aumentou. Esperam-se esclarecimentos.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (9/11/2005)

terça-feira, novembro 08, 2005

Roubos no Dragão

«Acharam que esta semana foi polémica? E na outra não houve polémica quando não assinalaram um penálti do tamanho da Torre dos Clérigos [no FC Porto - Setúbal]? Foi um escândalo que só o senhor Resende não viu. Esta semana voltou a apitar sem problemas.»
Pinto da Costa

Pois é, tornou-se «politicamente correcto» prejudicar o FC Porto, tal como se viu na época passada. É preciso tomar uma posição. Os portistas que vão ao estádio têm a obrigação de apoiar a equipa mas também pressionar o árbitro quando este erra.

Baía em biografia

«Vítor Baía apresentou esta terça-feira, ao final da manhã, a autobiografia de uma vida. O Palácio da Bolsa, na Ribeira, foi o palco escolhido para uma cerimónia reservada à imprensa e a alguns amigos, entre ele Pinto da Costa, sendo que o banho de multidão ficou prometido para esta quarta-feira pelas 15.30 horas, quando for promovida a primeira sessão de autógrafos na FNAC de Santa Catarina. Antes disso a obra será colocada nas prateleiras ao preço de 25 euros e com as receitas a reverteram integralmente para a Fundação Vítor Baía.»
in Mais Futebol

Já havia sido destacado aqui no «Azul e Branco» mas nunca é demais saudar um dos mitos do nosso clube ainda no activo. Obrigado Vitor!

A escolha certa

«O Benfica, por interposta pessoa, chegou a tentar a minha contratação. O empresário Manuel Barbosa, um dia, encontrou o meu pai em serviço na alfândega do Aeroporto de Pedras Rubras e disse-lhe: "Diga ao seu filho que, se ele quiser ir para o Benfica, meto-lhe já 50 mil contos na mão". O meu pai contou-se essa história em casa. Ficou atrapalhado... Estava ainda no princípio da minha carreira, mas descansei-o. Em Portugal, só no F.C. Porto»
Vitor Baía

Luís Filipe Vieira explica por que não se demite apesar de não ter atingido os 300 mil «kits»

«Como devem calcular os sócios do Benfica iriam levar muito a mal se fizesse o que tinha estabelecido.»

LOL! Ora aqui está um homem «honesto»...

segunda-feira, novembro 07, 2005

Quaresma Vintage


Paços de Ferreira  0   -   1  FC Porto


Finalmente Adriaanse equilibrou a equipa. Espero que tire conclusões positivas deste jogo e que consiga estabilizar o «onze» inicial para que possamos fazer um campeonato mais regular.

Durante os primeiros 25' o domínio foi completo por parte do Porto. Quaresma marcou um grande golo e houve ainda duas oportunidades desperdiçadas. Depois de um «escorreganço» de Pepe que ia dando em golo e do «enterranço» de Bosingwa com (mais) uma perda de bola infantil, o Paços aventurou-se mais para o ataque obrigando o Porto a tomar outra postura, com mais atenção à defesa.

A segunda parte foi controlada pelos azuis e brancos estando o marcador sempre mais perto do 0-2 que do 1-1. O meio-campo esteve bem, Assunção está a fazer muito bem o seu papel e dá uma segurança enorme para que os outros dois médios, Lucho e Ibson, possam subir mais e organizar jogo já que não havia nenhum «10» em campo.

Ricardo Quaresma está espetacular. Não só no ataque, a desiquilibrar com as suas incursões, hoje mais pelo lado esquerdo, mas também a defender. Quantas vezes veio ele atrás «roubar» bolas aos pacenses e dar início a jogadas ofensivas. Excelente!

Adriaanse está diferente, mais cauteloso. Basta ver as substituições em que sistemáticamente tira homens da frente para defender a vantagem de um golo. O que vale é que era o Paços (com todo o respeito) porque se fosse com outra equipa talvez tivesse havido surpresas...

Quanto ao árbitro do encontro, Pedro Proença, este jogo serviu para manter a opinião que já tinha dele: é um árbitro mediano, arrogante e vaidoso.

Resumindo, foi uma vitória mais do que justa do FC Porto chegando assim mais perto do Sporting de Braga, afastando-se do Benfica e acompanhando o Nacional na 2ª posição.


Mais e Menos

+ Ricardo Quaresma Actualmente é o jogador mais valioso da equipa.

+ Meio-Campo Assunção, Ibson e Lucho formam um bom meio-campo. Espero que seja para manter.

+ Vitória Esta vitória foi crucial não só para ficar mais perto do primeiro lugar mas também para moralizar a equipa.

- Pepe Até esteve razoável, mas tem que ter mais atenção ás escorregadelas...

- Bosingwa Calafrios é o que sinte sempre que Bosingwa tenta fintar um adversário ou adianta em demasia a bola. Espero que em Dezembro venha um DD de raíz.

- Árbitro Algo a que já nos habituou. Má arbitragem no geral com mais prejuízo para o Porto.


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

«Foi uma semana muito dura, pois jogámos com o Inter e agora aqui em Paços de Ferreira. Trabalhámos muito, fizemos uns primeiros 25 minutos muito bons e merecemos ganhar. Acho que podemos jogar melhor e podemos melhorar a equipa. Não estamos a marcar muitos golos. Hoje marcámos um golo e tivemos mais duas boas oportunidades na segunda parte, que podiam ter resultado noutro desfecho»

Ricardo Quaresma (FC Porto)

«Estou feliz por ter marcado um golo, mas o mais importante era os três pontos para o F.C. Porto. Foi uma vitória importante e estamos muito felizes. Vamos continuar a trabalhar para chegar ao primeiro lugar do campeonato, pois é esse o nosso objectivo. Sou jovem, mas já fiz 100 jogos no campeonato. Vou continuar a dar tudo por este clube para ajudar a atingir os seus objectivos»


Ficha do Jogo

Liga 2005/06 (10ª jornada)

Estádio da Mata Real, em Paços de Ferreira

Árbitro: Pedro Proença (Lisboa)
Assistentes: Pedro Garcia e Tiago Trigo
4º árbitro: Artur Soares Dias

PAÇOS DE FERREIRA: Peçanha; Primo, Geraldo, Luiz Carlos e Fredy; Paulo Sousa «cap.», Pedrinha e Júnior; Edson, Edinho e Didi
Substituições: Edinho por Ronny (62m) e Fredy por Rui Dolores (82m)
Não utilizados: Pedro, Tiago Martins, Emerson, Alexandre e João Duarte
Treinador: José Mota

F.C. PORTO: Vítor Baía; Bosingwa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e César Peixoto; Paulo Assunção, Lucho Gonzalez e Ibson; Lisandro Lopez, Hugo Almeida e Quaresma
Substituições: Hugo Almeida por Jorginho (74m), Quaresma por Alan (85m) e Ibson por Raul Meireles (90m)
Não utilizados: Paulo Ribeiro, Ricardo Costa, McCarthy e Bruno Alves
Treinador: Co Adriaanse

Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Quaresma (11m)
Disciplina: Cartão amarelo a Pedro Emanuel (40m), Edson (71m), Quaresma (75m), César Peixoto (87m), Lisandro Lopez (90m), Paulo Sousa (90m) e Raul Meireles (90m)

* Fotos AP (Associated Press)

sexta-feira, novembro 04, 2005

Ainda os ordenados

Afinal os Administradores da FCP, SAD. não ganham 8.000 contos por mês, mas sim "apenas" 3.500 (aproximadamente + despesas). A receita extraordinária de +- 4.800 contos foi «dada» aos administradores devido aos resultados positivos no exercício anterior. Foi quase um mês e meio extra de ordenado, coisa pouca.

Só deixo aqui duas questões:

1 - Se o corrente ano der prejuízo, como se prevê, os administradores têm de repôr o dinheiro na mesma proporção com que o tiram?

2 - Será que algum destes oito administradores do FC Porto conseguia arranjar emprego (para não dizer trabalho) numa empresa qualquer, a receber o mesmo que ganha no clube?

Má(i)s Surpresas

A convocatória para o jogo de Domingo frente ao Paços de Ferreira já foi divulgada e como é costume, traz algumas surpresas de Adriaanse. Cech, Diego e Ivanildo ficam de fora e entra Ibson, mantendo a convocatória dos 4(!) centrais.

Torna-se cada vez mais confuso o que o treinador do Porto quer para a sua equipa. Não sou nem aspiro a ser treinador mas algo que aprendi é que para formar uma grande equipa tem de haver entrosamento entre os seus elementos e para isso têm de jogar sempre ou quase sempre os mesmos. Adriaanse também pensa assim, mas só para alguns jogadores, que estando ou bom plano ou não, não ficam no banco.

Cech nem foi convocado devendo o lugar de defesa esquerdo ser ocupado por César Peixoto. Porquê?

Diego voltou a não ser convocado. Porquê?

Jorginho, que não faz um jogo decente há pelo menos um mês, lá está nas escolhas. Porquê?

Isto só em relação aos convocados... vamos ver o 11 que entra em campo. Ficará Lisandro outra vez de fora? Irá Alan ser outra vez titular? E Jorginho?

Lista de Convocados

Guarda-redes: Vítor Baía e Paulo Ribeiro.
Defesas: Bosingwa, Pepe, Pedro Emanuel, Bruno Alves, Ricardo Costa e César Peixoto.
Médios: Paulo Assunção, Raul Meireles, Ibson, Lucho González e Jorginho.
Avançados: Alan, Hugo Almeida, Lisandro Lopez, McCarthy e Quaresma.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Incompreensível

Lisandro estava a 100%
A ausência de Lisandro na lista de 18 jogadores eleitos para o jogo com o Inter foi recebida com uma alguma estupefacção. O avançado argentino integrou a comitiva que viajou para Milão, mas acabou por assistir ao encontro na bancada do Giuseppe Meazza, tendo sido preterido da lista inicial, tal como Ivanildo, por mera opção de Co Adriaanse. O avançado saiu da cidade do Porto em perfeitas condições físicas e realizou um treino sem qualquer tipo de limitação já em terras transalpinas, pelo que não participou no encontro devido a uma decisão do técnico holandês, que uns dias antes tinha revelado a intenção de contar com o jogador para o embate com o Inter. "Espero que o Lisandro recupere. Ainda não está operacional para este jogo [com o Setúbal], mas está a trabalhar bem. Tomaremos a decisão final na segunda-feira, dia em que partiremos para Milão", referiu na altura o técnico. A verdade é que o avançado se encontra apto para competir e na viagem de regresso à Invicta não conseguiu esconder, à imagem de toda a comitiva azul e branca, a tristeza que o invadia pela actual situação.
in O Jogo

quarta-feira, novembro 02, 2005

MST: Elogio dos «Grandes»

«1. Dois jogos, vistos televisivamente este fim-de-semana, serviram para reforçar a ideia que há muitos, muitos anos, defendo, antes de ter virado quase consensual: a necessidade e enorme vantagem competitiva que resultaria de reduzir a I Liga a 12 clubes.

Quer o FC Porto-Vitória de Setúbal quer o Naval-Benfica mostraram à exuberância a pobreza em que o jogo pode cair, quando uma das equipas luta apenas pelo pontinho e não pelos três pontos (e já nem digo pelo espectáculo...). É claro que, do ponto de vista das equipas pequenas, a atitude é legítima e compreensível: quando não se tem armas para atacar, defende-se. Mas, apesar de tudo, há uma diferença entre uma equipa se ver, no decurso do jogo, forçada a recuar e apenas defender por pressão do adversário, ou entrar já em campo deliberadamente disposta a renunciar a qualquer veleidade de vitória e se limitar à táctica que José Mourinho baptizou de «autocarro estacionado em frente da baliza».

No Dragão, embora Norton de Matos tenha dito que o que sucedeu é que o FC Porto empurrou o Vitória para trás durante o jogo inteiro, a mim o que me pareceu é que os seus jogadores não se importaram nada de ser empurrados para trás e não foi, seguramente, por força do vento ou do adversário que o Vitória disputou o jogo com nove, e às vezes, dez jogadores, sempre à espera da bola e do adversário na zona da sua grande área. E a prova que poderiam ter feito diferente é que, nos cinco minutos finais e como forma inteligente de aliviar uma pressão insuportável, escolheram finalmente abrir-se um pouco em todo o campo, tendo conseguido até o seu único remate à baliza... ao minuto 93!

É evidente que, mesmo assim, o FC Porto poderia ter ganho o encontro: bastaria que o árbitro tivesse visto um de dois penalties a favor não assinalados (ó contabilistas selectivos: anotem estes dois pontos...), ou que um dos 17 cantos ou dos 16 remates tivesse dado golo. Ou, melhor ainda: que o F C Porto não voltasse a mostrar quão distante anda daquele futebol feito de técnica em velocidade permanente, aquele carrossel ofensivo do princípio da época que tanto me empolgou. Nenhuma dúvida que esse futebol que gerou tanta admiração e tanta controvérsia, parece, pelo menos momentaneamente, perdido pelas sucessivas traições defensivas, que obrigaram a tudo rever e tudo acautelar. Mas também há que ser justo e reconhecer que é bastante mais difícil atacar um jogo inteiro contra o autocarro do que defender um jogo inteiro instalado dentro do autocarro. Para resultar em golos o futebol precisa de espaços e, paradoxalmente, com a táctica do autocarro a única equipa que dispõe sempre de espaço para atacar... é a dona da viatura.

Na Figueira da Foz, o enredo foi o mesmo, com a agravante de o Benfica ter de fazer as despesas todas do jogo num campo de dimensões reduzidas e transformado em qualquer coisa de intermédio entre um prado e um batatal. E, por aqui justamente, se começa a ver os malefícios de haver demasiadas equipas na I Liga e de o seu critério de selecção ser apenas o da classificação. A Naval não tem um campo com condições para a I Liga. Daí não vem mal ao mundo: ninguém deve ter vergonha por ser pobre. Só que também não é possível defender o futebol, o espectáculo e a presença de público nas bancadas quando se tem para oferecer um campo de dimensões reduzidas, com um relvado onde é impossível jogar bem e que, por vezes, chega a parecer que é maltratado de propósito para defender o mau futebol contra o bom (há dias, um treinador de uma equipa pequena que recebeu um grande dizia que nem sequer tinha estragado deliberadamente o relvado durante a semana: registe- se o seu desportivismo e a confissão de que há tácticas ocultas para além daquelas que se vêem em jogo...).

Tanto a Federação como a Liga sempre foram avessas à diminuição do número de clubes no escalão superior e dito profissional. Porque cada clube é um voto e, quanto mais clubes pequenos houver a votar, maior a possibilidade de aliciar o seu voto. Por isso é que há clubes a disputar a I Liga sem dinheiro para pagar salários, por isso é que há clubes que não cumprem sistematicamente as suas obrigações fiscais, com a íntima colaboração da Liga, por isso é que há campos sem condições para jogar futebol de primeira, por isso é que se permite escandalosamente que o preço de um bilhete para uma bancada coberta na Luz ou no Dragão custe o mesmo que para uma bancada onde chove, no campo da Naval. E por isso é que, mesmo um clube como a Naval, em ano de estreia na I Liga, e mesmo contra Benfica e F C Porto, não consegue encher nem metade das bancadas.

Para a história fica o sagrado pontinho sacado por Setúbal e Naval ao F C Porto e Benfica e dois empates injustos que estes tiveram de encaixar. Mas fica também a certeza de que, à vista de todos, quem deveria estar atento e colher as lições de casos como a da irresponsável gestão do Vitória de Setúbal, vai assistindo, tranquilamente, à programada liquidação do futebol profissional como espectáculo de massas.

2. Ainda sobre a Naval-Benfica, há outro tema que dá que pensar: como se justifica que a Naval, que nem sequer tinha jogado para a Taça a meio da semana, tenha dado o estoiro a vinte minutos do fim, e o Benfica, que tem a Taça e a Liga dos Campeões, não? Quando Jaime Pacheco explica a derrota caseira do Guimarães às mãos do Paços de Ferreira como cansaço do jogo europeu de dez dias atrás, fica por explicar porquê o cansaço não é igual para todos. Porquê equipas como o Benfica e o FC Porto, que estão a jogar ao mais alto nível europeu, que têm sistematicamente os seus jogadores mais influentes a jogar nas Selecções, ainda aguentam fazer jogos inteiros a pressionar e a atacar, e os pequenos, que não têm essa sobrecarga e cujo tipo de jogo é muito mais descansativo, dão o berro quando jogam contra os grandes?

Manuel Cajuda, que tanto gosta de se ouvir falar, poderia falar sobre isto. É que, se todos compreendemos que, quem não tem grandes jogadores na equipa não se pode bater tecnicamente de igual para igual com os grandes, já não se percebe porquê também fisicamente não se conseguem bater. Que eu saiba, a preparação física não depende da qualidade futebolística dos atletas: depende sim da quantidade e aplicação no esforço dispendido durante a semana.

(Já agora, gostava também que Manuel Cajuda, que, no final, quase pedia desculpa à «Instituição» por lhe ter roubado dois pontos — ele que se confessou benfiquista de coração, assim como toda a família e o próprio cão — explicasse como é que conseguiu não ver que o grande perigo do Benfica, na última meia hora, vinha da liberdade concedida a Nélson, que corria livremente pelo corredor direito fora, ali mesmo, junto ao banco do treinador da Naval? Que tal ter posto ali alguém, naquela auto-estrada desguarnecida, para travar o Nélson ou ameaçar o flanco aberto pelas suas subidas?).

3. Carlos Freitas, novo director do futebol do Sporting, viu mãozinha do árbitro no empate conquistado no Bessa. Diz ele que poderiam ter chegado ao 0-3 se o árbitro tem assinalado um muito discutível penalty na área do Boavista. Mas esqueceu-se de dizer que nunca teriam chegado ao 0-2 se o árbitro não tem assinalado um canto que não existiu e não tivesse depois deixado de ver a falta atacante que precedeu o golo na cobrança do canto. Vira o disco e toca o mesmo.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (1/11/2005)

terça-feira, novembro 01, 2005

Previsível


Inter Milão  2   -   1  FC Porto


A equipa do Porto até entrou bem no jogo, com atitude, a pressionar muito perto da área do Inter e a conseguir criar alguns lances de perigo sobretudo pelo lado esquerdo onde Cech e Quaresma se iam entendendo bem.

Essa atitude inicial desapareceu logo após o golaço de Hugo Almeida. A equipa recuou muito no terreno e ainda havia muito tempo para jogar. Esse recuo foi um convite ao ataque do Inter e um risco enorme e apesar da defesa ter conseguido segurar os atacantes do Inter durante muito tempo, era previsível o que iria acontecer.

O ataque do Porto desapareceu por completo, não foi capaz de criar uma única situação de contra-ataque chegando a ser quase anedótica a forma como a bola era despachada para o guarda-redes do Inter sem preocupação de criar lances ofensivos.

Jorginho esteve mal, não conseguiu desempenhar a tarefa de organizador de jogo e ainda falhou muitos passes, alguns deles perigosos. Alan que saiu ao intervalo nem se viu. Bosingwa não tem lugar nesta equipa, além de não saber centrar também não sabe defender fazendo passes suicidas e perdendo bolas incríveis. Figo que estava do lado de Cech a passar por dificuldades, assim que se mudo para o lado de Bosingwa encontrou uma mina de ouro que explorou muito bem.

De positivo só mesmo Quaresma, a espaços, foi o único que tentou fazer alguma coisa lá na frente juntamente com Almeida que fez um grande golo. Pedro Emanuel até nem tinha estado mal mas depois fez aquele penalty escusado e ainda esteve mal no lance do 2º golo. Vitor Baía fez duas grandes defesas mas não pôde fazer mais.

Adriaanse esteve mal. Ao intervalo tirou um atacante (Alan) para pôr um médio defensivo (Raúl Meireles) e de seguida tirou um médio (P. Assunção) para pôr um defesa central (Bruno Alves) o que só veio piorar a defesa e tirar consistência no meio-campo. Raúl Meireles, além das responsabilidades no 2º golo também não trouxe nada à equipa que se limitava ao pontapé para a frente.

A única coisa boa desta ronda foi o empate dos dois adversários que consegue dar alguma esperança mas obrigando o Porto a vencer os dois últimos jogos.


Mais e Menos

+ Ricardo Quaresma O mais esclarecido do ataque. Foi o único a conseguir desiquilibrar a defensiva do Inter.

+ Paulo Assunção Essencial a segurar o meio-campo. Assim que foi substituído, o Porto perdeu o jogo.

+ Vitor Baía Duas defesas impossíveis. Grande nível.

- Jorginho Quantos passes errados são precisos para ficar fora da equipa? Além de não construir, ainda destrói.

- Alan Uma nulidade. Nem se deu por ele em campo.

- Bosingwa O pior em campo. Não defende bem e não ataca bem. Vamos tentar novamente Sonkaya?


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

«Marcámos um golo muito bonito que nos deu força. Depois controlámos o jogo na primeira parte, ainda que não de forma suficiente para vencer. Foi pena termos sofrido um golo de penalty a 15 minutos do fim. O segundo golo foi de canto, portanto não foi uma falha de organização. Em todos os jogos temos sido melhores que o adversário, mas hoje o Inter de Milão também mereceu. Ainda é possível passar à fase seguinte, pois se vencermos os próximos dois jogos podemos ficar no segundo lugar do grupo»


Ficha do Jogo

UEFA Champions League (Grupo H – 4ª jornada)

Estádio Giuseppe Meazza, em Milão
Assistência: porta fechada

Árbitro: Mejuto González (Espanha)
Assistentes: Óscar Samaniego e Juan Carlos Jiménez
4º árbitro: Evaristo Leira

INTER: Júlio César; Burdisso, Materazzi «cap.», Samuel e Favalli; Figo, Pizarro, Verón e Wome; Adriano e Martins
Substituições: Wome por Cambiasso (53m), Adriano por Cruz (61m) e Samuel por Mihajlovic (66m)
Não utilizados: Toldo, Javier Zanetti, Recoba e Solari
Treinador: Roberto Mancini

F.C. PORTO: Vítor Baía; Bosingwa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e Cech; Paulo Assunção, Lucho Gonzalez e Jorginho; Alan, Hugo Almeida e Quaresma
Substituições: Alan por Raúl Meireles (46m), Paulo Assunção por Bruno Alves (61m) e Hugo Almeida por McCarthy (76m)
Não utilizados: Paulo Ribeiro, Ricardo Costa, Diego e César Peixoto
Treinador: Co Adriaanse

Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Hugo Almeida (16m), Cruz (75m, de g.p., e 82m)
Disciplina: Cartão amarelo a Bosingwa (90m)

* Fotos AP (Associated Press)