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sexta-feira, julho 01, 2005

História

Fundado a 28 de Setembro de 1893, o Futebol Clube do Porto é um dos mais antigos clubes de futebol em Portugal.

António Nicolau de AlmeidaTudo começou quando António Nicolau de Almeida, um «sportsman» negociante de vinho do Porto, viaja até Inglaterra em missão de negócios e rende-se ao fascínio de um jogo chamado «foot ball». Durante a viagem de regresso fervilham as ideias para a criação de um clube na sua cidade onde pudesse praticar esse desporto, na bagagem traz alguns acessórios indispensáveis à prática da modalidade: bolas de futebol e botas de jogo.

Com a ajuda de alguns amigos das "corridas de bicicleta", consegue finalmente criar o clube com que sonhara, o «Foot Ball Club do Porto».

A notícia saiu no «Diário Ilustrado», jornal de Lisboa:

«Fundou-se, no Porto, um clube denominado Foot Ball Clube do Porto, o qual vem preencher a falta que havia no norte do país de uma associação para os jogadores daquela especialidade. No segundo domingo de Outubro inaugura-se o clube oficialmente, com um grande match entre os seus sócios, no hipódromo de Matosinhos. Ouvimos dizer que serão convidados alguns clubmen de Lisboa. Que o Foot Ball Club do Porto apure um grupo rijo de jogadores e que venha medir-se ao campo com os jogadores do Club Lisbonense, do Real Ginásio Club, do grupo de Carcavellos ou de Braço de Prata, para animar os desafios de football como já o são as corridas de cicles. Eis o que desejamos.»

Alguns anos depois e devido a problemas com a sua esposa, António Nicolau de Almeida é forçado a suspender a actividade do clube por tempo indeterminado.


Monteiro da Costa e o «Grupo do Destino»

Em 1906, um grupo de jovens liberais conhecidos como «Grupo do Destino» e fascinados com as histórias do «Foot Ball Club do Porto», decidem dar continuidade ao projecto de António Nicolau de Almeida. O grupo era liderado por José Monteiro da Costa.

José Monteiro da Costa, ao centroCom o dinheiro que tinham recolhido para um carro alegórico por altura do carnaval, o grupo começa a dar os primeiros passos: arranjar um campo para jogar (que seria o Campo da Raínha, o primeiro campo relvado do país) e a primeira sede, que viria a ser inaugurada em 1907.

O primeiro equipamento do clube foi alvo de discussão. Uns queriam azul e vermelho por serem as cores do Arsenal de Inglaterra, então a melhor equipa do mundo, mas a maioria não aceitou. É então que José Monteiro da Costa surge com a sua proposta: as cores do clube serão as cores da bandeira da pátria, azul e branco. Nas suas palavras, «tinha esperança de que o futuro clube havia de ser grande, não se limitando a defender o bom nome da cidade, mas também o de Portugal em pugnas desportivas contra estrangeiros».

Em 1910 é criado o primeiro emblema do clube (bola de futebol com as iniciais F.C.P.).

Participando em campeonatos regionais, cedo o F. C. Porto começou a liderar o futebol na região. Em 1913 o clube passa a ter as suas primeiras instalações desportivas, no Campo da Constituição.

Com o início do «Campeonato de Portugal», que viria a ser substituido pela Taça de Portugal, o F. C. Porto começou a ganhar os primeiros títulos nacionais, vencendo a competição por quatro vezes em 22/23, 24/25, 31/32 e 36/37. Pelo meio, em 1935, venceria o Campeonato da 1ª Liga.

Os anos de 1938/39 e 1939/40 dariam o primeiro «bi-campeonato» ao clube, mas os tempos difíceis estavam perto...


Estado Novo e os Anos Difíceis

Em 1945 o clube passa a utilizar o Campo do Lima, propriedade do Académico do Porto, pagando uma mensalidade. Sonhava-se com um estádio próprio, que iria tornar-se realidade alguns anos mais tarde.

Durante o Estado Novo, os campeonatos eram ganhos pelas equipas da capital...Dos anos 40 até à revolução de Abril, durante mais de três décadas, o clube viveu momentos difíceis a nível desportivo, vencendo apenas dois Campeonatos (55/56 e 58/59) e três Taças de Portugal (55/56, 57/58 e 67/68).

O «Estado Novo» estava no seu auge e a política de centralização adoptada dava os seus frutos aos clubes da capital que dominavam o futebol nacional.

Em Fevereiro de 1959, na parte final do campeonato ocorreram episódios que retratam bem como funcionavam as coisas na altura:

Em dia de muita chuva, foi o Benfica ao Restelo (campo do Belenenses) com três pontos de vantagem sobre o Belenenses. A certa altura, na marcação de um canto, Costa Pereira fez-se à bola entre um companheiro e um adversário, mas deixou-a escapar das mãos para dentro da baliza. O árbitro não considerou o golo, mandando marcar pontapé de baliza. Os benfiquistas ficaram surpreendidos e os belenenses inconformados com a decisão de Macedo Pires. Por isso, Fernando Vaz, treinador dos «azuis», considerou que dois erros do árbitro tinham decidido o campeão. Mas, se o árbitro dizia ter visto a bola sair pela linha de cabeceira, reentrar em campo e cair depois da estranha viagem dentro da baliza do Benfica, nada a fazer!

O Conselho Jurisdicional da FPF haveria de mandar repetir o jogo, saldado por um empate, que significava uma esperança para o Benfica e um tormento para os portistas. Outro empate se verificaria, em partida emotiva, com os portistas a assistir, roendo as unhas, rezando para que ao menos o Benfica não ganhasse. Não ganhou e, assim, à entrada para a última jornada do Campeonato Nacional de 1958/59, partiram ambos igualados.

Na última jornada, jogava-se o Benfica-CUF e Torreense-Porto, precisavam os benfiquistas de marcar mais quatro golos que os que os portistas marcassem se ambos vencessem os seus jogos. Ao intervalo o F. C. Porto vencia por 1-0, o Benfica ganhava por 3-0. A dois minutos do final do jogo em Torres Vedras fez o F. C. Porto o segundo golo, para euforia dos seus adeptos, que já descriam porque, no outro lado, vencia o Benfica por 6-1! Marcaram os portistas e de rajada marcaram os benfiquistas: 7-1. E, a meio do minuto 90, Teixeira, com esse golo que haveria de ficar histórico, colocou o F. C. Porto a vencer por 3-0 e de novo em vantagem. Erguiam-se as bandeiras azuis e brancas nas bancadas, na Luz pairou um silêncio de dúvida e de desolação.

O jogo de Torres Vedras acabara... Houve invasão de campo, gente que tentava abraçar os seus heróis, camisolas rasgadas na euforia e eles, os jogadores, desesperadamente à espera de um sinal, com o sonho suspenso, fugindo, suplicando que os deixassem ouvir o que se ia passando na Luz naqueles minutos que se arrastavam e pareciam séculos. Nas bancadas, uma mole de gente que permanecia, quieta, de mãos enclavinhadas, olhos marejados de lágrimas, respiração opressa — na tortura da dúvida...
... Em Lisboa ainda havia luta e havia sonho, por o jogo ter imoralmente começado oito minutos mais tarde que a hora prevista, com a complacência de... Inocêncio Calabote — que, depois de já ter assinalado três penalties a favor do Benfica, foi prolongando o tempo do jogo sem que nada o justificasse.

Doze minutos tiveram de esperar os portistas pelo desfecho. Os corações resistiam à espera e os jogadores, que se sentavam no chão nunca mais entreviam o final, as bandeiras esvoaçando ao vento, os gritos Porto! Porto! Porto! ressoavam como tambores de vitória ainda por anunciar... Enfim, a explosão de alegria. Teixeira, que marcara o golo que valeria o título, levantou-se e como uma estátua de um herói acabado de sê-lo, ergueu os olhos para o céu e murmurou: «Deus encarregou-se de dar o Campeonato à melhor equipa.»

Depois desta conquista a «ferros», os portistas teriam de esperar mais 19 anos para ganhar outro campeonato...


Estádio das Antas

Em 1949 seria lançada a primeira pedra do novo Estádio das Antas. Tal obra só seria possível com a ajuda dos portuenses, e ela chegou. Anónimos doavam comida para os trabalhadores, material de construção e muitos ofereciam-se para trabalhar e ajudar durante as horas vagas. Com o suor e ajuda de muitos anónimos e com um grande esforço por parte do clube, o estádio estaria pronto em cerca de três anos.

Inauguração do Estádio das Antas

A 28 de Maio de 1952, seria inaugurado o novo estádio do Futebol Clube do Porto, o Estádio das Antas! Estiveram presentes cerca de 50 mil pessoas, muitas das quais ajudaram na sua construção e o momento foi indescritível com muitas lágrimas e emoções. Esta seria a casa do clube durante quase 50 anos, onde se iriam viver momentos históricos do clube e do futebol nacional.


O pós 25 de Abril e Anos 80

Caíra a ditadura dois anos antes, no país conturbado sentia-se a mudança em vários sectores da sociedade entre os quais o futebol.

Taça de Portugal 76/77O F. C. Porto começa por conquistar a taça de Portugal no ano de 76/77 e no ano seguinte conquistaria o campeonato, após 19 anos de jejum. Seria a arrancada para uma nova era do futebol português.

Treinados por José Maria Pedroto, jogadores como Gomes, Seninho, Frasco, Oliveira, Costa e muitos outros conquistariam um novo «bi-campeonato» nos anos 77/78 e 78/79.

Campeão Europeu 1987Já nos anos 80, o clube acabaria por impôr-se definitivamente quer a nível nacional vencendo 4 Campeonatos e 2 Taças de Portugal, quer a nível internacional chegando à final da Taças das Taças em 1984 (perdida 2-1 para a Juventus, de Platini) e vencendo a Taça dos Campeões Europeus em 1987 frente ao Bayern de Munique por 2-1 e depois conquistando a Supertaça Europeia e a Taça Inercontinental num ano de ouro para o clube.

Neste percurso foi determinante a presença do novo presidente do clube, Jorge Nuno Pinto da Costa e do «seu» treinador José Maria Pedroto: os dois homens que acabaram com a hegemonia dos clubes de Lisboa no futebol português.

Nas outras modalidades houve também um grande crescimento e muitas vitórias. No Atletismo, Hóquei, Ciclismo, etc..

Os Anos 90

Pinto da Costa e o PentaOs anos 90 foram de confirmação do F. C. Porto como a melhor equipa portuguesa. A prová-lo está o facto de ter ganho 7 (sete!) Campeonatos, 4 Taças de Portugal e 6 Supertaças em apenas 10 anos. Para completar, consegui ainda o Penta, feito inédito no futebol português.

Apesar de não conquistar qualquer título internacional, foram conseguidas boas campanhas europeias e vitórias históricas sobre colossos europeus como AC Milão entre outros. A experiência adquirida iria tornar-se fundamental para os anos que se seguiram, desta vez com vitórias...


Novo século, mais vitórias

Estádio do DragãoEm 2001, 49 anos depois da inauguração do Estádio das Antas, começava a construção do Estádio do Dragão, que seria o palco da abertura do Euro 2004.

Em Novembro de 2003, era inaugurado o Estádio do Dragão. Fazia-se a despedida ás Antas e olhava-se para o futuro no novo estádio. À inauguração compareceu o Barcelona, jogo esse que havia de ser ganho pelos portistas por 2-0.

Ainda em 2003, com José Mourinho, depois de conquistar o campeonato que lhe fugia há 3 anos, o F. C. Porto conquista a primeira Taça UEFA do clube e do futebol português perante o Celtic de Galsgow na cidade de Sevilha. 3-2 foi o resultado final, tendo Derlei sido o homem do jogo apontando dois jogos entre os quais o decisivo já no prolongamento.

No ano seguinte as expectativas eram altas e não foram defraudadas... o Porto vencia o campeonato à vontade e acabaria por ganhar a sua segunda Taça dos Campeões Europeus (Champions League) perante o AS Monaco por 3-0 na Alemanha.

Campeão Europeu 2004

Na época seguinte, em 2004, José Mourinho viajou para Inglaterra e o F. C. Porto continuou tentando revalidar o título de Campeão Nacional, tendo acabado na 2ª posição ficando tudo decidido na última jornada. Apesar do campeonato perdido, ainda conquistou a sua segunda Taça Intercontinental frente ao Once Caldas da Colômbia e a Supertaça frente ao rival Benfica.

Com a entrada de Co Adriaanse, em 2005/06, o FC Porto viria a conquistar o campeonato e a Taça de Portugal. A passagem do holandês durou uma temporada e foi tudo menos pacífica, até na despedida. Já durante o estágio de preparação da nova temporada, Co Adriaanse demitiu-se, aparentemente em ruptura com a SAD e jogadores, ficando à frente da equipa provisoriamente Rui Barros e João Pinto, dois históricos do clube, que conquistaram mais uma Supertaça frente ao Setúbal, dando depois o comando técnico da equipa a Jesualdo Ferreira, proveniente do Boavista.

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Texto escrito por Dragão Azul.
Última actualização a 29 de Agosto de 2006.
Fontes: A Bola, JN, www.fcporto.pt e www.fcporto.ws


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