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sábado, dezembro 31, 2005

Guerras e Jagunços

Nos últimos dias a imprensa desportiva tem insistido numa pseudo-guerra pela aquisição do guarda-redes Moretto disputada entre o FC Porto e o Benfica. Compreendo que associem o nome do Porto, um grande clube, de maneira a inflacionar o valor do jogador mas confesso que não ouvi nenhum dirigente portista afirmar que o clube estaria interessado no guardião.

Na edição de hoje do 'Record', pode ler-se: «Desde quarta-feira que o guardião brasileiro está acompanhado em Mato Grosso do Sul por um emissário benfiquista para que o jogador não seja importunado e também para protegê-lo do assédio do FC Porto, que ainda não terminou.». Depois de soltar uma enorme gargalhada, chego à conclusão que a palavra 'jagunço' ganhou um novo significado.

Analisando essa posição tão específica nos planteis dos dois clubes, é fácil perceber quem quer o quê:

- No FC Porto temos Vitor Baía, com contrato até 2007 e considerado unanimemente o melhor guarda-redes português; temos ainda Helton que na época passada foi uma das estrelas do campeonato ao serviço do Leiria e é indiscutivelmente um dos melhores guarda-redes em Portugal; depois há ainda Paulo Ribeiro, como 3ª escolha, que é um jovem já com experiência de SuperLiga. Isto para não mencionar Bruno Vale, que continua ligado ao FCP e está a fazer uma boa temporada ao serviço do Estrela da Amadora.

- No Benfica, dos três guarda-redes inscritos, Quim é o titular mas não consegue dar um chuto na bola sem ficar estendido no chão por, pelo menos, 5 minutos; Moreira finalmente consegue andar, mas só com ajuda de canadianas. Rui Nereu, a terceira escolha, é seguramente o pior guarda-redes da SuperLiga.

Por mim podem especular ou inventar sobre quem venceu a pseudo-guerra pelo guarda-redes do Setúbal porque o importante mesmo é o 1º lugar, a quatro pontos do 2º e seis do 3º classificado.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Um já está!

Tinha aqui referido que estaria atento para onde fossem os jogadores que estranhamente rescindiram com o Setúbal no último jogo do ano e logo frente ao Benfica. Hoje a situação tornou-se um pouco mais clara ao ler que José Fonte está garantido no clube da Luz.

Seria interessante saber quando e como foi feita a abordagem, talvez assim pudessemos perceber porque é que o central não defrontou a sua futura equipa.

A Liga de Clubes continua a assistir impávida e serena a mais uma «coincidência» ou, em português correcto, a mais uma «fraude» no futebol português. Depois do jogo surreal da época passada frente ao Estoril, no Algarve, o jogo com o Vitória de Setúbal desta época só vem provar a honestidade dos dirigentes encarnados e a sua procura incansável pela verdade desporitva, à maneira deles.

Boa notícia

No dia em que completa 68 anos, Pinto da Costa tem direito a uma boa notícia, em jeito de presente que assinala a data de forma especial: inaugurar o pavilhão gimnodesportivo até 2007, conforme pretende o presidente do FC Porto, não é uma tarefa impossível, pelo que nem é preciso transformar o assunto num pedido especial quando, hoje, apagar o bolo de aniversário. Garantiu-o ontem a O JOGO o arquitecto Manuel Salgado, o mesmo que desenhou o Dragão, e que também já traçou algumas das formas do futuro pavilhão dos portistas. "Acho que é viável. O projecto ainda não está totalmente pronto, mas temos um conceito e, agora, há que desenvolvê-lo nos seus contornos definitivos". A vontade de cortar a fita dessa infra-estrutura no actual mandato, desejo expresso por Pinto da Costa na entrevista mais recente, não atrapalha de sobremaneira os planos no gabinete de Manuel Salgado, que fez contas de cabeça para encaixar o que tem em mente no intervalo de tempo que lhe sobra: "Ainda temos todo o ano de 2006 e, se o prazo vai até 2007, é perfeitamente possível concretizá-lo".

É essencial para o FC Porto que este projecto seja concretizado o mais rápido possível para que as outras modalidades continuem a crescer e que todos os portistas possam acompanhá-las e apoiá-las como merecem.

MST: Scolari tem um problema

«1. Scolari tem um problema e esse problema chama-se Ricardo Quaresma. Assim mesmo: foi assim que vi escrito algures e é assim que oiço comentar, entre amigos que gostam de futebol, o «problema que está a ser criado ao seleccionador nacional» pelas consecutivas exibições de luxo do n.º 7 do FC Porto, hoje claramente o melhor jogador em palco na Superliga. Mas afinal — perguntará alguém desembarcado de outro planeta — qual é o problema de Scolari? Desde quando é que o aparecimento de um grande jogador, em forma exuberante, fora da lista inicial dos conjecturáveis, constitui um problema? Que seleccionador no Mundo não gostaria de ter um problema destes para resolver a seis meses de um Mundial? Pois, dá-se o caso de o nosso seleccionador ter anunciado já há dois meses que, dos 23 que irão ao Mundial, 20 já estavam escolhidos, faltando apenas escolher três, entre os quais um guarda-redes. E, nos dois que sobram, não constaria Ricardo Quaresma, que o seleccionador generosamente se disporia a ceder à Selecção de Esperanças. Na lista fechada de Scolari não há lugar para revelações de última hora, nem sequer com seis meses de antecedência. Trata-se da sua lista, do seu grupo, dos seus rapazes de confiança, do seu célebre balneário — o tal que tem misteriosas regras que não consentem a inclusão de gente com personalidade e ideias próprias, como Vítor Baía. Enfim, é a Selecção de Scolari e, se ela se abrisse a importunos como Ricardo Quaresma, ou se se guiasse por estritos critérios de desempenho e de justiça consensuais, deixava de ser a Selecção de Scolari e passaria a ser a Selecção de Todos Nós, como gostam de dizer. Um perigo. Gente que, como eu, acha que Ricardo Quaresma faz parte daquela restrita lista de jogadores de futebol que justificam o preço dos bilhetes e o incómodo da deslocação ao estádio, aconselham a que se esteja calado nesse sentimento: quanto menos se falar do rapaz, mais hipóteses tem ele, dizem, de poder vir a ser chamado à Selecção. Porque o que, antes de mais, está em causa, não é a competência nem o mérito, mas a fina susceptibilidade do seleccionador. A excelência do Ricardo Quaresma deve manter-se assim um segredo de Polichinelo partilhado entre os seus admiradores, sussurrado como segredo de Estado, suficientemente baixo e ténue para que, no final, se ele for chamado, possa ficar a impressão que todo o mérito da escolha se deve a Luiz Felipe Scolari. Pois eu cá, não me consigo conter. Gosto suficientemente de futebol para não conseguir disfarçar o deslumbramento quando vejo um génio à solta em campo. São eles, sejam quem forem os seus clubes ou os seus países, que escrevem os momentos mágicos que nunca mais esquecemos quando falamos de futebol e que atraem para este jogo fabuloso sucessivas gerações de miúdos deslumbrados com as proezas dos seus ídolos.

2. Talvez o público de Guimarães, que tem o mérito de seguir sempre o seu clube e não falhar no estádio, faça parte do rol dos que não se importam de ver Ricardo Quaresma fora do Mundial. Há sempre gente para quem o despeito é mais importante do que a justiça ou até a qualidade do espectáculo. No futebol, todos têm uma paixão pelo seu clube, mas há quem se limite a isso e quem tenha também uma paixão pelo futebol. Se o meu clube ganha jogando mal ou beneficiando de um erro do árbitro, eu não gosto: fico frustrado, irritado, zangado com a equipa. Mas há muitos para quem tanto lhes faz: querem é que o seu clube ganhe, mesmo que com um golo marcado com a mão e sem nada ter feito para o merecer. Em Guimarães, aos 21 minutos de jogo e devido ao mau estado da relva, Ricardo Quaresma escorregou quando ia pontapear um livre frontal e acabou por fazer um passe ao guarda-redes. Os adeptos do Vitória romperam num coro de assobios, difícil de psicanalisar: que assobiavam eles — o génio do Quaresma, a sua infelicidade? Nunca saberemos explicar. Só sabemos que, volvidos dois minutos, o mesmo Quaresma, de dedo na boca, os fazia calar, depois de, à vista das bancadas, ter-lhes mostrado o que é capaz de fazer um grande jogador de futebol que recebe uma bola sobre a esquerda, a trinta metros da baliza e com um adversário a tapar-lhe o caminho. Vinte e cinco minutos volvidos, esse mesmo adversário, entrando-lhe às pernas pela terceira ou quarta vez, conseguiu enviá-lo definitivamente para o balneário — que é o lugar reservado aos génios como ele, quando jogam perante um público que não gosta de os ver jogar.

3. Maniche está no mercado. Para quem quiser um jogador que custou quatro mihões de contos a um clube e um mês depois se dava ao luxo de se dizer «inadaptado». Que, por ignorância ou avidez, se convenceu que Moscovo era a Paris do Leste, que deve pensar que se pode ao mesmo tempo querer emigrar para ganhar uma fortuna e ter o sol e as sardinhas assadas ao dispor, que se acha tamanha vedeta que nada — clube algum, adeptos alguns, equipa alguma — jamais serão suficientemente importantes para acolherem a sua importância. Espero bem que Pinto da Costa não caia numa das suas habituais tentações de ir recomprar o que vendeu e bem. Os resultados dessas operações de pseudo-recuperação têm sido, regra geral, desastrosos.

4. Di Canio, obscuro jogador da Lazio de Roma, deve a fama ao seu exibicionismo ideológico, que o leva a celebrar em campo com a saudação fascista dirigida aos adeptos. Os jogos de futebol não servem para os jogadores fazerem propaganda política das suas ideias, menos ainda quando as suas ideias são abjectas manifestações daquilo que a Europa civilizada rejeitou definitivamente. Espero bem que a FIFA remeta este fascistóide italiano para o lugar que lhe pertence, longe dos estádios.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (27/12/2005)

terça-feira, dezembro 27, 2005

Confusão

Esta época do ano não é a melhor em notícias desportivas e como há pouco assunto, há muita especulação. Nestes últimos dias pudemos ficar a saber que:

McCarthy quer a CAN;
Porto quer Moretto;
Mourinho quer Lucho;
Porto quer Pedro Mendes;
Helton não quer o Porto;
McCarthy não quer a CAN;
Porto quer Kromkamp;

Confuso?

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Feliz Natal Azul

Um bom natal para todos e um excelente ano novo!


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Primeiro lugar confirmado


Vitória Guimarães  0   -   2  FC Porto


Mais um teste passado pelo Porto no sempre difícil terreno do Vitória.

Acabou por ser um bom jogo de futebol, com espaço para jogar e com jogadores tecnicamente muito bons nas duas equipas. Os 3 pontos assentam bem ao Porto que, mesmo sem ter feito uma grande exibição marcou dois golos frutos da genialidade de Quaresma e do aproveitamento do «desespero» vitoriano.

Gostei obviamente do Quaresma que faz mais um grande golo e um bom jogo. É claramente o jogador mais valioso do plantel, com ele a equipa parece outra.

Não gostei das «brancas» que por vezes acontecem na defesa... felizmente hoje não deu em golo, mas nem sempre é natal.

Ri-me que nem um perdido com o Jorginho, até Adriaanse afirmou ter achado piada ao lance... se o resultado final tivesse sido um empate ou derrota aposto que já não achava tanta piada.

Adriaanse finalmente deixou de inventar, apostou num 11 «tipo» e passou a gerir os recursos. Já não era sem tempo! Não perdemos há 9 jogos e já vamos na 5ª vitória consecutiva fora de casa.

Há jogadores que parecem estar cansados... espero que esta pausa seja positiva, que descansem e que voltem no início do ano, frente ao Boavista, com toda a força!

Não é que importe muito, porque no final é que se fazem as contas, mas acabamos o ano em 1º, com 4 pontos de vantagem sobre o segundo classificado e mais 6 do que o terceiro. Mais vale ir à frente...


Mais e Menos

+ Quaresma Mais um bom jogo e mais um GRANDE golo... EuroSport, 'tás a ver??

+ Assunção Está a defender como Quaresma a atacar: excelente.

- Defesa Continua a vacilar em alguns momentos... felizmente o nosso campeonato não é a Liga dos campeões senão já estávamos eliminados...


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

«O V. Guimarães tem um novo treinador e é uma boa equipa. Puderam ver isso pelo jogo feito na primeira parte. Quaresma voltou a fazer um grande golo. Na segunda parte o Jorginho falhou aquela primeira oportunidade, mas depois conseguiu marcar. Gosto dele, porque é um jogador que está sempre disponível para trabalhar. Nunca se lesiona. É um bom jogador.

Temos mais quatro pontos que o Nacional e vamos agora de férias. Depois retomamos o trabalho e jogamos com o Boavista.

Temos bons avançados. Temos o Hugo Almeida. Não é necessário contratar ninguém.»


Ficha do Jogo

Liga 2005/06 (16ª jornada)

Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães
Assistência: 18.154 espectadores

Árbitro: Paulo Baptista (Portalegre)
Assistentes: José Ramalho e Paulo Carrilho
4º árbitro: João Roque

V. GUIMARÃES: Nilson; Svard, Medeiros, Cléber «cap.» e Rogério Matias; Flávio Meireles, Benachour e Neca; Paulo Sérgio, Saganowsky e Dário
Substituições: Paulo Sérgio por Targino (55m), Dário por Manoel (65m) e Flávio Meireles por Moreno (73m)
Não utilizados: Paiva, Hélder Cabral, Mário Sérgio e Geromel
Treinador: Vítor Pontes

F.C. PORTO: Vítor Baía; Ricardo Costa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e César Peixoto; Paulo Assunção, Lucho Gonzalez e Diego; Lisandro Lopez, McCarthy e Quaresma
Substituições: Quaresma por Jorginho (46m), McCarthy por Alan (66m) e Lisandro Lopez por Hugo Almeida (80m)
Não utilizados: Helton, Ibson, Sonkaya e Cech
Treinador: Co Adriaanse

Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Quaresma (21m) e Jorginho (58m)
Disciplina: Cartão amarelo a Pepe (17m), Pedro Emanuel (18m), Neca (27m), Flávio Meireles (31m), Medeiros (38m), Manoel (75m) e Saganowsky (88m)

* Fotos AP (Associated Press)

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Golo do Ano

O golo de Quaresma frente ao Rio Ave foi considerado o «Golo do Ano» pelos tele-espectadores do canal EuroSport. Em 2º lugar ficou o golaço do Hugo Almeida frente ao Inter, em Itália. Dois lugares no pódio para jogadores do Porto e, sobretudo, portugueses. Facto que passou despercebido pela maior parte da imprensa.

Para quem não viu... aqui fica!

Golo do Quaresma frente ao Rio Ave
Golo do Hugo Almeida frente ao Inter.

Obrigado ao FCP2003.net ;-)

Algo vai mal...

Pelos vistos poucos questionam, mas não posso deixar de reflectir sobre o actual estado do nosso campeonato.

Ontem entraram em campo Vitória de Setúbal e Benfica. À partida tratava-se de um jogo atípico: o Setúbal à frente do Benfica na tabela classificativa, com treinador novo há apenas alguns dias, sem poder contar com cinco dos seus habituais titulares e o seu guarda-redes com «um pé» no Benfica, clube que «prometeu» ajudar na resolução dos problemas financeiros do Setúbal.

Seria isto possível noutro país?

O treinador «bateu com a porta» numa altura crítica, após uma derrota e com um jogo importante pela frente, curiosamente o último antes da pausa natalícia. Alguns dos melhores jogadores sairam com ele, prejudicando assim claramente o clube e os seus colegas que, ao que se sabe, estavam na mesma condição em termos financeiros. Será interessante seguir atentamente a carreira desses atletas e ver por que clube irão jogar.

Quanto ao jogo em si, há a destacar o empenho e dedicação dos jogadores do Vitória que deixaram tudo em campo por um resultado positivo apesar de todos os contratempos. Do lado do Benfica destaca-se apenas mais uma vitória por 1-0 e, como não podia deixar de ser, num lance duvidoso. Isto para não falar na dualidade de critérios como a não expulsão de Petit aos 70', a habitual marcação de faltas inexistentes à entrada da área do adversário e a anulação de jogadas perigosas junto da área benfiquista marcando sempre faltas atacantes. Este é um filme visto e revisto na época passada que nesta temporada torna-se cada vez mais numa sequela de baixa qualidade.


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Imagem cedida pelo VIII Exército

quarta-feira, dezembro 21, 2005

MST: Uma questão de «timing»

«1. Há várias semanas que Luís Norton de Matos tinha previsto que a crise de desintegração iria ocorrer no Vitória de Setúbal. Há dois meses que a sua demissão estava por um fio. Aconteceu agora, após uma derrota que indicia, talvez, o fim de um ciclo lindo mas que não tinha sustentação. Depois de o primeiro jogador já ter abandonado o barco e quando se prefigura a debandada em série. E a três dias do Vitória-Benfica.

Foi pena. Luís Norton de Matos, ex-jogador do Benfica, ex-treinador do terceiro classificado do campeonato, ex-garante da unidade do grupo contra a irresponsabilidade dos dirigentes, deveria ter esperado mais uns dias, ter segurado os jogadores ainda mais um pouco, ter-se despedido em beleza, mostrando contra o Benfica o mesmo espírito de luta e brio que o levou, por exemplo, a roubar dois pontos no Dragão, defendendo o 0-0 com tanto empenho e tenacidade que disso parecia depender o pagamento dos salários em atraso logo após o jogo. Ou então, se já não dava mesmo para segurar mais um dia que fosse o barco, deveria ter-se demitido 48 horas antes—e não depois da derrota no Funchal, de os jogadores terem começado a abandonar e de se chegar às vésperas do jogo com o Benfica. À parte a questão do timing da demissão do treinador; a crise do Vitória de Setúbal é exemplar de várias coisas, a saber: a mentira funcional em que vive o chamado futebol profissional em Portugal, mentira devidamente coberta e incentivada por uma Liga de clubes que se habituou a preferir a batota com o Fisco, a Segurança Social e os salários dos jogadores a uma reforma radical, cuja necessidade e contornos são hoje evidentes e consensuais para todos menos para aqueles que tinham obrigação de ser os primeiros a ver e a agir; exemplar da face oculta do futebol profissional português, muito mais comum do que se imagina e muito mais incontrolável do que se supõe (quando há jogos da Liga assistidos por 900 espectadores, podem crer que a tempestade apenas acabou de começar); e exemplar, finalmente, da natureza dos dirigentes do futebol português, regra geral chicos-espertos em busca de protagonismo e acreditação social, que acham que a gestão de um clube profissional se limita ao acto de comprar e vender jogadores no defeso e despedir treinadores quando os seus brilhantes negócios não dão os resultados esperados. No caso do Vitória, é evidente que se chegou ao extremo absoluto — este Chumbita vai ficar para a história dos malfeitores do futebol português — mas o que não falta por aí é Chumbitas de ocasião a alimentar amentira em que vivemos. O exemplo contrário e louvável é o de João Nabeiro, presidente do Campomaiorense: sonhou em trazer o Alentejo de volta ao futebol de primeira e, do nada, ergueu um clube dotado de estruturas, de um belo campo e de regras de seriedade. Mas, quando percebeu que não havia público nem mercado que sustentasse o seu sonho, pagou as dívidas e fechou a porta, em lugar de continuar a tentar alimentar a mentira em negócios imobiliários com a autarquia ou em poupanças nos salários a pagar.

2. Em Agosto e Setembro, quando Co Adriaanse mostrou não contar com Quaresma para a sua equipa habitual e quando já se falava na inevitável venda do jogador em Janeiro, escrevi aqui por três vezes que o afastamento de Ricardo Quaresma seria um acto de uma extrema irresponsabilidade e ignorância, pois que ele era, de longe, o melhor património desportivo do actual FC Porto. A generalidade dos comentadores, porém, dava razão a Adriaanse, argumentando que Quaresma era um indisciplinado, um individualista e um mau jogador de equipa. Contra-argumentei que ele era um miúdo e um génio: aos miúdos podem-se corrigir os defeitos e a missão de um treinador é essa e não a de os afastar liminarmente; e aos génios deve-se permitir a dose suficiente de individualismo que eles usam para fazer a diferença e resolver tantas vezes os jogos — como aliás o Quaresma mostrou na época passada e na Selecção de esperanças. Em Outubro Adriaanse decidiu-se a meter o Quaresma no quarto de hora final de dois jogos consecutivos e ele resolveu-lhe os dois jogos: logo houve quem, esclarecidamente, viesse dizer que o Quaresma só servia para os últimos minutos. Mas o génio estava lá e mesmo Adriaanse não teve como evitar experimentá-lo mais do que, por exemplo... o Hélder Postiga. Hoje o resultado é evidente por si: o Ricardo Quaresma transformou-se não só no melhor jogador do FC Porto, não só no melhor jogador português da actualidade, mas no mais promissor e entusiasmante jogador europeu do momento. Dizem os que ontem achavam que ele não tinha lugar na equipa que o mérito foi de Adriaanse, que, através de um notável (e fulgurante) trabalho psicológico, o transformou em jogador de equipa. Gostava de saber em que língua terá sido levado a cabo esse revolucionário trabalho psicológico: no inglês sem vocabulário de Adriaanse, que o Quaresma deve entender perfeitamente? Não. O mérito não se deve a Adriaanse, deve-se ao próprio Ricardo Quaresma, que gosta tanto de jogar que até fez o favor de passar a vir atrás defender, percebendo que esse era o preço do bilhete para a titularidade. E que teve o talento e a sorte de resolver aqueles dois jogos nos 10 minutos de cada umdeles que lhe foram concedidos: de outro modo, estaria agora na equipa B. De resto, limitou-se a continuar a dar asas ao seu génio e ele impôs-se por si. Todavia, há um mérito que reconheço a Adriaanse e foi já salientado por José Manuel Ribeiro, nas páginas de O Jogo: foi ter trocado o flanco a Quaresma, passando-o da direita para a esquerda, embora por vezes, e bem, com alternâncias. Não é a primeira vez que um destro é colocado como ponta-esquerda, hoje uma moda corrente (Simão Sabrosa é um bom exemplo). Mas Ricardo Quaresma está a revolucionar a moda e a função, porque não se limita a executar bem o movimento de sair da esquerda para o centro, como se espera de todos os destros actuando sobre a ponta esquerda. Ele consegue também cruzar com os dois pés, consegue fintar para dentro e para fora, mas sobretudo consegue aquele cruzamento exterior executado com o pé direito, a que chamam de trivela, e que é qualquer coisa de absolutamente novo e inesperado que, como ainda este sábado se viu, é capaz de abrir por completo uma defesa.

Espero bem que o prazer e a fome que ele tem de futebol sejam sempre suficientes para o manter longe do deslumbramento e dos tiques de vedeta que, por exemplo, já são hoje imagem de marca de Cristiano Ronaldo. O Barcelona há-de lamentar muito tê-lo deixado sair no negócio do Deco.

3. Jorge Sousa teve uma arbitragem infeliz, que valeu dois pontos ao Benfica, no jogo contra o Nacional. Foi infeliz na falta que deu o golo, e que certamente não viu, mas foi mais infeliz ainda na duplicidade de critério disciplinar, essa sempre mais difícil de perceber. Mas seguramente que não está em perigo de jarra: não deve fazer parte da lista negra do senador Veiga.

4. Subitamente, Maciel tornou-se o jogador indispensável do União de Leiria. Alguém me sabe dizer quantos golos leva marcados o Maciel e porquê ele é assim tão indispensável? A semana passada tive ocasião de explicar por que razão, ao arrepio do politicamente correcto, sou a favor dos acordos de cavalheiros sobre os jogadores emprestados. Mas a verdade é que estão proibidos pelo art.º 22 do Regulamento Disciplinar da Liga e punidos com uma multa pecuniária, que deve ser aplicada ao FCPorto e ao União de Leiria.

Custou-me um bocado a perceber, todavia, porque estaria o Benfica tão interessado em que o FC Porto fosse multado, ao ponto de ir fazer queixa à Liga. Mas depois li um delirante artigo pseudo-jurídico onde se explicava que à situação descrita no art.º 22 se deveria aplicar, não a sanção aí prevista, mas sim a do art.º 54, salvo erro, que contempla o caso de resultados combinados entre as duas equipas, nomeadamente através da utilização por uma delas de um onze «notavelmente inferior» ao habitual. Essa sanção seria a de derrota ou três pontos perdidos — que os autores do parecer transformaram em três pontos a menos para o União de Leiria e seis para o FC Porto (os três da vitória, que eram perdidos, e mais três da pena). Justamente a diferença actual entre o FC Porto e o Benfica. Aí percebi tudo.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (20/12/2005)

domingo, dezembro 18, 2005

Colinho & Fraude

Engraçado que ontem não ouvi qualquer dirigente do Benfica referir-se ao trabalho do árbitro que valeu mais três pontos ao clube do sistema.

O Nacional viu 7 (!) cartões amarelos que condicionaram os seus jogadores. Um pontapé de baliza a favor do Nacional foi transformado num livre perigoso que iria resultar no único golo do encontro que nem devia ter sido validado por ter sido obtido com falta de Luisão sobre o guarda-redes nacionalista.

Este é um filme que já todos vimos na época passada e que está a repetir-se nesta temporada já que a equipa «vermelha» não demonstra pedalada para acompanhar os da frente, nada como um empurrãozinho para o conseguir.

Ao lembrar-me de certas declarações dos dirigentes do «circo», só posso ficar apreensivo...

"Se este campeonato for limpo como o do ano passado, seremos novamente campeões"
José Veiga

"Não pode haver fraude no futebol"
L. F. Vieira

Comandante Lucho


FC Porto  3   -   1  Penafiel


Mais uma vitória, mais três pontos que valem a liderança isolada, agora com quatro pontos de vantagem sobre o segundo, o Nacional, após a derrota dos insulares. Co Adriaanse não inventou e manteve a mesma equipa que alinhou de início nos dois últimos jogos.

O Penafiel entrou bem. Melhor era difícil já que aos 22 segundos já estava a ganhar por 1-0, golo de Bruno Amaro, e podia assim aplicar melhor a táctica que trazia ao Dragão: defender. O anti-jogo até ao golo portista foi evidente com muitas assistências a supostas lesões e paragens. O Porto não se intimidou e atacou muito criando lances de muito perigo, com um falhanço de McCarthy sozinho frente ao guarda-redes e duas bolas aos ferros. Adivinhava-se um golo, que surgiu aos 39 minutos com McCarthy a tocar para Lucho rematar de fora da área. Seis minutos depois, Quaresma ganha uma bola na área e é derrubado dando assim lugar à marcação de uma grande penalidade, transformada por Lucho, que punha o FC Porto em vantagem ainda antes do intervalo.

A segunda parte abriu com o Porto ao ataque, mais uma vez, com Quaresma a ser o mais perigoso fazendo centros perigosíssimos e desiquilibrando no lado esquerdo do ataque portista. O terceiro golo surgiu aos 54 minutos numa bonita jogada de ataque. Lucho faz um passe a rasgar para Quaresma que centra de trivela para Lisandro, que, à entrada da área penafidelense remata de primeira para o fundo das redes sem qualquer hipóteses para Nuno Santos que limitou-se a ver a bola passar. Depois da saída de Quaresma, aos 65', o jogo acalmou e a partir daí o Porto geriu o resultado, podendo até ter marcado mais golos.

Qualquer que seja o resultado da próxima jornada, o FC Porto será o campeão de Inverno. Não que isso seja muito importante já que no fim é que se fazem as contas mas é melhor estar em 1º que em 2º... :D

Duas notas ainda sobre o jogo: não gostei de ver os assobios à equipa enquanto estavamos a perder. Não é assim que se motivam os jogadores, tem de haver apoio incondicional. O outro destaque vai para a tarja dos SuperDragões onde se podia ler: "Capitão, perdoa-lhes... Eles não SADem o que fazem". Oportuníssimo!


Mais e Menos

+ Lucho & Licha Estes dois argentinos estão a tornar-se importantíssimos na manobra ofensiva da equipa. Grande exibição.

+ Quaresma O «mustang» continua a ser o maior perigo para as defesas contrárias. Está num momento de forma excelente.

+ Diego Importante no meio-campo, tem dado uma grande ajuda a defender. Acho que ganhou o seu lugar na equipa.

- Laterais César Peixoto e Ricardo Costa, ambos adaptados, passaram por alguns momentos de apuro que podiam ter comprometido a equipa. É urgente a compra de bons laterais no mercado de Inverno. Co Adriaanse até tem dois no banco, um para cada lado e escolhidos por si, mas não os usa...


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

«Estou satisfeito. Hoje lutámos contra um golo sofrido muito cedo, tivemos algumas oportunidades para marcar, fomos infelizes, com algumas bolas nos postes, mas estou satisfeito. Marcámos três golos e continuamos em primeiro. Esta equipa pode jogar muito melhor do que fez hoje, mas estou contente, vencemos diante dos nossos adeptos e marcámos três golos. Tenho muitos jogadores jovens, que têm de evoluir e aprender a jogar em velocidade e a não dar espaços. O blackout não tem a ver comigo, não sou eu que decido quando acaba»

Lucho González (FC Porto)

«É uma vitória muito importante. Sofremos um golo no primeiro minuto, mas reagimos bem e mostrámos que a vitória foi justa. O importante é que a equipa jogue da forma como está a jogar e que consigamos os três pontos. Os meus golos não são tão importantes»


Ficha do Jogo

Liga 2005/06 (15ª jornada)

Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 30.108 espectadores

Árbitro: Artur Soares Dias (Porto)
Assistentes: João Santos e Vítor Carvalho
4º árbitro: Jorge Saramago

F.C. PORTO: Vítor Baía; Ricardo Costa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e César Peixoto; Paulo Assunção, Lucho Gonzalez e Diego; Lisandro Lopez, McCarthy e Quaresma
Substituições: Quaresma por Jorginho (65m) e McCarthy por Hugo Almeida (75m)
Não utilizados: Helton, Ibson, Sonkaya, Alan e Cech
Treinador: Co Adriaanse

PENAFIEL: Nuno Santos; Pedro Moreira, Odair, Weligton, Sérgio Lomba e Kelly; Pedro Araújo, Nilton, Bruno Amaro e Zé Rui; Bibishkov
Substituições: Kelly por Orahovac (50m), Bibishkov por Roberto (57m) e Bruno Amaro por Guedes (70m)
Não utilizados: Avelino, Celso, Roberto, Dias e Jorginho
Treinador: Luís Castro

Ao intervalo: 2-1
Marcadores: Bruno Amaro (1m), Lucho Gonzalez (39 e 44m, g.p.), Lisandro (54m)
Disciplina: Cartão amarelo a Bruno Amaro (23m), Welington (43m), Nilton (73m) e Odair (83m)

* Fotos AP (Associated Press)

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Só para saber...

«Não pode haver fraude alguma no futebol.» Luis 'Orelhas' Vieira

Esta época, ou as outras também contam?

A dignidade de Jorge Costa

1. Há um argumento de ferro por detrás do direito moral que o Benfica tem de exigir ao FC Porto absoluto respeito pela verdade desportiva no dossiê Maciel: na época passada é possível que o seu director-geral tenha permitido ao Estoril a utilização de uma equipa inteira. Do seu bolso. Duas vezes. E ambas na condição de benemérito anónimo. Guarda-redes, defesas, médios e avançados; todos jogaram contra o Benfica. Só não pôde emprestar o campo porque a bondade de um homem tem limites.

2. Ainda assim, os regulamentos da Liga obrigam os clubes a jogar nos estádios que designaram aquando da inscrição, "sem prejuízo de, em circunstâncias especiais e de força maior, ser autorizado ou obrigado" a jogar noutro sítio. Era o caso, a avaliar pelo que Cunha Leal não fez e podia ter feito ou, pelo menos, que não perguntou e podia ter perguntado. O Estoril precisava desesperadamente de dinheiro e como, para a Liga, não há força maior nem circunstância mais especial do que essa, a troco de dinheiro vendeu, com toda a legitimidade (disse-se), uma parcela das hipóteses que tinha de discutir o resultado com o Benfica, na etapa decisiva do campeonato e não noutra qualquer.

3. Depois do jogo, o adjunto do treinador do Estoril, Carlos Xavier, acusou o director-geral do Benfica de ter despedido logo ali o seu chefe de equipa, do qual, segundo a lei, ele não podia ser patrão. Dois meses mais tarde, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, encerrou um processo já longo declarando "falta de transparência" na alienação das acções de José Veiga a duas sociedades estrangeiras. Acompanhando o processo, O JOGO bateu à porta da sede de uma delas, em Londres. No quarto andar do número 33 de Cavendish Square nunca se ouvira falar nem das empresas, nem de Estoril, nem de Veiga. A CMVM queixara-se do mesmo: escrevera cartas, mandara faxes e nada.

4. Verdade desportiva? Falou-se, escreveu-se e disparatou-se muito sobre ambas há uns anos, quando Jorge Costa marcou um golo na própria baliza, durante um jogo entre o Marítimo e o FC Porto, estando ele emprestado aos madeirenses. O mesmo Jorge Costa que nestes últimos meses sofreu uma milagrosa melhoria de carácter - de acordo com a Imprensa que se especializou no carácter das pessoas -, na altura ainda não era tão bem visto, pelo que não faltou quem lhe questionasse a dignidade. Exactamente: a dignidade. A tal que se tornou evidente e inquestionável para tantos comentadores com insuficiência de fósforo logo que ele falou em sair do FC Porto.

José Manuel Ribeiro in O Jogo

MST: O horizonte está vermelho

«1. Semana de luxo para o Benfica, iniciada com a feliz e sofrida vitória no Funchal, continuada com a brilhante e justíssima vitória sobre o Manchester United e fechada com um triunfo merecido sobre um Boavista que pareceu mais cansado que o Benfica. Tenho de reconhecer que me precipitei quando há semanas atrás, e depois de ter visto a triste exibição do Benfica contra o Lille, comparei Koeman a Adriaanse, unindo FC Porto e Benfica na mesma «desgraça holandesa». A verdade é que, ao contrário do seu compatriota, Koeman mostrou nos últimos jogos que é capaz de definir uma estratégia coerente em função de cada jogo, de estudar bem os adversários e de tirar o melhor rendimento possível dos jogadores que tem ao dispor. E, tendo muito menos recursos humanos que Adriaanse, conseguiu que o Benfica ultrapassasse a fase de grupos da Liga dos Campeões, enquanto Adriaanse nem a Taça UEFA conseguiu.

2. São bem compreensíveis a alegria e o alívio que Co Adriaanse demonstrava no final do jogo de Leiria. Um novo resultado negativo seria dificilmente gerível, depois dos fiascos acumulados emtodos os jogos importantes que até aqui teve de enfrentar: quatro da Liga dos Campeões, mais o Benfica e o Sporting no Dragão. A vitória em Leiria, categórica e determinada, foi um sopro de vida caído do céu. Mas nada, nada, nem o título, poderá fazer esquecer a hecatombe europeia, motivada exclusivamente por erros gritantes do treinador. Na semana em que o FC Porto disse adeus à Europa e adeus ao capitão Jorge Costa (chutado para canto por Adriaanse, como roupa velha) torna-se evidente que o treinador responsável por ambas as coisas está condenado a ficar eternamente sob suspeita. Não sei se por um, se por dois, se por três anos. E se o FC Porto não perdeu em Bratislava e ganhou em Leiria, apenas três dias após aquele inferno, deve-se aos jogadores e à tal mística de que fala Vítor Baía e Jorge Costa tão bem simbolizava. O homem pode até vir a ser campeão, o que nem sequer é difícil, com a equipa e o orçamento que tem. Mas duvido que recupere a confiança e a simpatia do balneário e das bancadas. Aliás, não sei se já repararam mas esta época é a primeira, em 20 anos de presidência de Pinto da Costa, que não o vejo sentado ao lado do treinador nos jogos fora.

3. Como toda a gente já disse, não foi em Bratislava que o FC Porto se despediu da Liga dos Campeões mas apenas e também da Taça UEFA. Mas pergunto-me se por acaso fosse um dos tubarões europeus a jogar ali a continuidade na Liga a UEFA consentiria que o jogo se disputasse naquelas circunstâncias. Em mais de 40 anos a ver futebol nunca assisti a um jogo disputado num terreno assim — nem sequer na célebre final de Tóquio.

4. Não consigo entender a lógica ou a legitimidade moral de o Estádio da Luz assobiar o Cristiano Ronaldo ou o João Pinto. É verdade que o clubismo por vezes é cego mas podia ao menos ter algum pudor. É também verdade que nada disso desculpa os gestos de Cristiano, ao despedir-se do público da Luz. Mas o que mais me espantou ainda foi o espanto de tantos: por acaso não tinham ainda reparado que, de há uns tempos para cá, quer na Selecção quer no Manchester, o Cristiano tem dado sobejas demonstrações de um vedetismo insuportável? E, descrevendo todos e cada um dos jogos dele em Inglaterra e na Selecção como autênticas e únicas peças de arte, faça ele o que fizer, a imprensa não terá também alguma responsabilidade neste estatuto de semideus com que ele se pavoneia, como se o talento para jogar futebol não fosse apenas isso — talento para jogar futebol?

5. Grande alarido porque o Maciel, emprestado pelo FC Porto ao União de Leiria, ficou sentado na bancada, por imposição do acordo de cavalheiros vigente entre ambos os clubes. De repente toda a gente pareceu esquecer-se de que o mesmo tipo de acordo já vigorou este ano e nos anteriores a favor do Benfica e do Sporting. Aliás, e se não estou em erro, até foi esta a primeira vez que o FC Porto o impôs durante este campeonato. Pois eu, ao arrepio do politicamente correcto, devo dizer que sou a favor destes acordos. Primeiro porque é um acordo privado, celebrado entre duas partes livremente e honrado pela palavra de cavalheiros, que ninguém tem legitimidade para exigir que seja quebrada; segundo porque, sendo, como é norma, o ordenado dos jogadores emprestados pago entre os dois clubes, custa-me entender que alguém possa servir simultaneamente dois amos; terceiro porque é melhor que os jogadores, apesar desta limitação em dois jogos por ano, possam rodar noutros clubes que estarem encostados, sem proveito para ninguém, nos clubes de origem; e quarto porque a sua utilização contra o clube de origem daria fatalmente azo a todas as suspeitas, em caso de azar. Por exemplo: o Bruno Vale, emprestado pelo FC Porto ao Estrela da Amadora, até jogou no Dragão e fez uma excelente exibição. Mas se, por acaso, tem encaixado um frango, quem acreditaria que tinha sido involuntário? E se o Maciel tem jogado no sábado e tem falhado um penalty ou um golo de baliza aberta?

6. Depois da desastrada prestação no FC Porto-Sporting da última jornada, Lucílio Baptista reapareceu para o Benfica-Boavista e com uma irresistível tendência para só ver faltas para um dos lados. Constatei, curiosamente, que a sua nomeação não deu motivo a quaisquer críticas nem comentários. Nem sequer ouvi o sr. Veiga a falar na jarra ou nos árbitros envolvidos no Apito Dourado. Deve ter sido esquecimento...

7. Luiz Filipe Scolari é um homem de fé e um homem de sorte, como conheci raros na vida. Não sei se foi a fé na Senhora de Fátima ou a sorte que o persegue que mais uma vez o cumularam de benesses com o sorteio para o Mundial. Sei que melhor era impossível. Para que a sorte fosse completa só era preciso que Vítor Baía não continuasse, semana após semana, do tapete do Dragão ao lamaçal de Bratislava, a demonstrar que não há melhor guarda-redes que ele em Portugal. E que Ricardo Quaresma não continuasse também a insistir em mostrar que actualmente é talvez o jogador português em melhor forma e o mais útil a uma equipa. Para que alguns de nós (também portugueses, se não se importam...) não ficássemos a pensar que, com eles, a Selecção do Sul de Portugal e Comunidades Emigrantes se poderia tornar finalmente a Selecção de Todos Nós.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (13/12/2005)

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Rui Duarte, o azarado

No já mítico Estoril-Benfica da época passada, disputado no Algarve, houve um jogador que se destacou por ter sido expulso ainda na primeira parte, dando assim um contributo decisivo para a vitória do Benfica por 2-1. Não se conhece bem a ligação de José Veiga à SAD do Estoril já que está tudo escondido por off-shores, mas o que interessa nesta história é que o Estoril desceu de divisão e o prémio ao jogador que se «sacrificou» pelo Benfica foi o ingresso no Boavista como forma compensatória da saída de Nelson para a Luz.

Dá a ideia que o Benfica põe e dispõe do Estoril Praia, ou não fosse o seu presidente um benfiquista ferrenho e o seu «dono» o director do Benfica.

Com a actual polémica sobre a utilização dos jogadores emprestados não se pode culpar o Benfica de tal coisa, já que permitiu a utilização de Rui Duarte que, por acaso, até marcou um auto-golo e fez um passe a desmarcar Nuno Gomes que, também por acaso, não deu em nada.

É caso para dizer que este jogador é um mau presságio para a equipa que representa sempre que defronta o seu patrão, peço desculpa, o Benfica.

Postiga no Saint-Etienne

Já está acertada a transferência, por empréstimo, de Hélder Postiga ao Saint-Etiénne até ao final da presente temporada. Segundo a imprensa o valor do empréstimo ronda o meio milhão de euros. O clube francês tem ainda opção de compra no final da época.

Até já, Capitão

O jornal «O Jogo» publica hoje uma longa entrevista a Jorge Costa feita mesmo antes de embarcar, rumo à Bélgica, onde vai ser hoje apresentado como jogador do Standard de Liége. Desejo-lhe todas as felicidades do mundo e que seja já campeão este ano.

Currículo do Capitão

8 Campeonatos Nacionais
5 Taças de Portugal
6 Supertaças
1 Liga dos Campões Europeus
1 Taça UEFA
1 Taça Intercontinental

domingo, dezembro 11, 2005

Liderança confirmada


União de Leiria  1   -   3  FC Porto


O Porto entrava em campo não só para continuar líder isolado no campeonato mas também para tentar aumentar a vantagem sobre o Sporting e aproveitar a possível perda de pontos do Benfica no difícil jogo de amanhã com o Boavista.

O jogo não começou bem. O Leiria dedicava-se a defender com todos os jogadores, prática habitual de Jorge Jesus sempre que joga contra o FCP. Ainda na época passada se viu quando treinava o Moreirense. Certo é que os azuis e brancos tinham muita dificuldade em encontrar caminhos para a baliza de Costinha, o que é grava porque não há uma única equipa na SuperLiga capaz de começar um jogo ao ataque quando defronta o Porto.

Há muito a melhorar no ataque, usar melhor as laterais e centrar mais vezes. Aquelas trocas de bola que vão recuando, recuando, até chegar a Baía não são aconselháveis. Há que arranjar outras formas de chegar à baliza adversária.

Ao minuto 35 e dada a inoperânica atacante do Porto, o Leiria aproveita um ressalto à entrada da área de Baía e Fábio Felício dispara sem oposição e marca o 1-0. O golo, inesperado, contribui para uma mudança de atitude nos jogadores portistas que carregaram mais sobre a União conseguindo quase de rajada dois golos. Primeiro Quaresma centra da esquerda para a pequena área e Laranjeiro, pressionado por Lisandro López, faz auto-golo. Dois minutos depois, o mesmo Quaresma centra largo da direita para a esquerda, Costinha defende mal e Lisandro, oportuno, faz o segundo para o Porto. Estava feita a reviravolta no marcador, algo que na presente edição da SuperLiga ainda não tinha acontecido!

Na segunda parte o Leiria entrou mais atrevido mas o Porto reagiu bem e conseguiu afastar a pressão da sua área criando vários lances de perigo, aproveitando bem os espaços concedidos pela equipa de Jorge Jesus que finalmente procurava marcar um golo. Quem mais lucrou com a postura do Leiria foi Diego que pôde assim cumprir na perfeição o papel de nº10 e arrancando uma boa exibição, coroada com um golo já no final do encontro.

Adriaanse optou por não mexer no onze inicial e deu-se bem com isso. É necessário estabilizar a entrada e saída de jogadores titulares. Esteve ainda bem nas substituições já que a equipa no segundo tempo jogou bem e não havia necessidade de mexer.

Resumindo, foi uma boa vitória, mais três pontos e uma exibição agradável sobretudo na segunda parte que pôs os adeptos (falo por mim) mais alegres após o desaire da Liga dos Campeões.


Mais e Menos

+ Paulo Assunção Um dos melhores em campo. Está em todo o lado, consegue cortes soberbos e sem recorrer a faltas. Alguém se lembra de Costinha?

+ Diego Grande jogo, sobretudo no segundo tempo. Pôs em campo todos os seus atributos mostrando a Adriaanse que quer ser titular indiscutível. Precisa de melhorar alguns aspectos, sobretudo defensivos.

+ Quaresma Esteve na origem dos dois primeiros golos. Passou alguma parte do jogo alheado porque nem sempre a bola chegava ao seu flanco. Foi pena ter visto cartão pelas picardias do jogo após ter sofrido 3 faltas consecutivas.

+ Lisandro Esteve bem o argentino sempre a pressionar a defensiva contrária e muito oportuno no golo. É sem dúvida uma peça importante no ataque portista. Alguém se lembra de Derlei?

- Laterais César Peixoto e Ricardo Costa, ambos adaptados, passaram por alguns momentos de apuro que podiam ter comprometido a equipa. É urgente a compra de bons laterais no mercado de Inverno. Co Adriaanse até tem dois no banco, um para cada lado e escolhidos por si, mas não os usa...

- Lucho Esteve regular no meio-campo mas não foi preponderante como costuma ser. Pareceu cansado e muito recuado apoiando Assunção. Na hora do remate também não acertou e falhou uma clara ocasião de golo.


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

«Não perdemos esta semana. Apesar do frio que também se fez sentir aqui, e mesmo com os jogadores muito cansados, penso que conseguimos controlar o jogo e que merecemos a vitória. Os jogadores trabalharam muito. Estou muito satisfeito com esta equipa, provaram que estão aptos. Foi uma boa vitória.»

Vitor Baía (FC Porto)

«Foi uma vitória extremamente importante depois do que se passou na Liga dos Campeões. Penso que demos uma resposta positiva. Demorámos a entrar no jogo, e o golo do União de Leiria acabou por ser um tónico. A equipa começou a ser mais rápida e a pressão que fizemos no final apenas está ao alcance de equipas com grande estofo mental. Acabámos por controlar e por marcar um golo no final.»


Ficha do Jogo

Liga 2005/06 (14ª jornada)

Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria

Árbitro: Pedro Henriques (Lisboa)
Assistentes: António Godinho e Carlos Santos
4º árbitro: António Resende

U. LEIRIA: Costinha; Éder, João Paulo «cap.», Gabriel e Laranjeiro; Paulo Gomes, Harison e Fábio Felício; Touré, Paulo César e Miramontes
Substituições: Miramontes por Ferreira (62m), Laranjeiro por Alhandra (79m) e Touré por Lourenço (84m)
Não utilizados: Quievreux, Renato, Lourenço, Nené e Cadu
Treinador: Jorge Jesus

F.C. PORTO: Vítor Baía; Ricardo Costa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e César Peixoto; Paulo Assunção, Lucho Gonzalez e Diego; Lisandro Lopez, McCarthy e Quaresma
Substituições: Lisandro Lopez por Jorginho (88m) e Quaresma por Ivanildo (90m)
Não utilizados: Helton, Ibson, Bosingwa, Cech e Hugo Almeida
Treinador: Co Adriaanse

Ao intervalo: 1-2
Marcadores: Fábio Felício (35m), Laranjeiro (40m, na p.b.), Lisandro Lopez (42m) e Diego (90m)
Disciplina: Cartão amarelo a Gabriel (44m), Quaresma (69m), McCarthy (70m) e Paulo Assunção (90m)

* Fotos AP (Associated Press)

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Água na fervura

Benfica e FC Porto fizeram história esta semana da única maneira que podiam fazer história. O Benfica fez história por ter passado aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões enquanto o FC Porto fez história por não ter passado aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Os dois clubes fizeram história esta semana porque a sua História é diferente. De facto, seria tão banal o Benfica ser eliminado na fase de grupos da liga milionária, como o FC Porto conseguir apurar-se para os oitavos-de-final. Seria apenas mais do mesmo, a mesma chatice de sempre. Ver os portistas fora da Europa em Dezembro e o Benfica por lá em Janeiro, mais do que histórico chega a ser histérico. Ora, é difícil ser objectivo quando se está ocupado com um ataque de histeria colectiva mas não custa tentar. O apuramento do Benfica para o grupo dos 16 finalistas da Liga dos Campeões e em particular o jogo com o Manchester United justificam o optimismo dos benfiquistas. Há uma equipa a crescer na Luz, uma equipa capaz de sobreviver à ausência de uma mão cheia de titulares indiscutíveis e vencer um colosso - mais ou menos forte, não interessa - como é o Manchester United. Em contrapartida, a eliminação do FC Porto, em particular num Grupo a todos os níveis acessível, justifica algumas preocupações entre os portistas. Há uma dificuldade indesmentível para lidar com a pressão dos jogos verdadeiramente decisivos, problemas agravados pela saída de uma figura de referência como é Jorge Costa num momento delicado para o clube. Ainda assim, nem o Benfica está tão bem que já possa encomendar as faixas, nem o FC Porto tão mal que mais valha desistir. Afinal, há seis pontos de diferença entre as duas equipas no campeonato e são todos favoráveis aos portistas que, por acaso, partilham o melhor ataque da prova com o Benfica e o Boavista e têm a quarta defesa menos batida atrás de Setúbal, Braga e Nacional.
Jorge Maia in O Jogo

quinta-feira, dezembro 08, 2005

MST: «Offside»

«1. Com erros de palmatória e golpes de sorte se escreveu a história desta 13.ª jornada da Liga. Um passe displicente e suicida de Pepe ofereceu o golo ao Sporting, no jogo do Dragão (pena que um jogador com tanto potencial reincida em deslizes fatais como este!). Um pontapé falhado do Jorginho, chutando no ar, proporcionou dois ressaltos consecutivos em jogadores do Sporting e o autogolo de Polga (e o Jorginho, à míngua de serviço para mostrar, ainda se permitiu festejar o golo como sendo seu...). No Funchal um falhanço de Mantorras a cabecear a bola, seguido de tremendo erro do defesa Valnei, proporcionou o único golo da sofrida vitória do Benfica sobre o Marítimo. No Restelo o primeiro golo consentido pelo Nacional em sete jogos fora resultou de um bambúrrio irrepetível e significou a vitória do Belenenses. Enfim, em Braga, onde se jogava o primeiro lugar, uma oferta do defesa local Nunes deu ao Vitória de Setúbal a possibilidade do seu único remate à baliza em todo o jogo e da conquista dos três pontos. Convenhamos que não há tácticas, nem estratégias, nem moral do jogo que resistam a factores aleatórios como estes. Quanto muito poderá dizer-se que as grandes equipas são aquelas que já contam com eles.

2. FC Porto-Benfica: Lucílio Baptista. FC Porto-Sporting: Lucílio Baptista. Últimos seis jogos FC Porto-Sporting ou vice-versa: cinco vezes Lucílio Baptista. Sendo que ele é hoje, provavelmente, o pior dos árbitros de primeira categoria e criou uma lenda, alicerçada em factos reais, de prejudicar sempre o FC Porto, convenhamos que há coincidências de um raio!
Apesar de tudo, sábado passado, no Dragão, Lucílio Baptista conteve-se — não nos erros cometidos mas na sua distribuição, mais ou menos equitativa. Perdoou um penalty a cada uma das equipas e anulou um golo a cada. Mas com subtis diferenças: o golo anulado ao Sporting é offside claro, embora por muito pouco e embora a jogada merecesse golo; o golo anulado ao FC Porto tem de merecer o benefício da dúvida, embora a pretensa falta só ele a tenha visto. O penalty perdoado ao Sporting é bem mais flagrante que o perdoado ao FC Porto e, sobretudo, aquele de que beneficiaria o FC Porto foi muito anterior, o que é sempre susceptível de ter mais influência no decurso do jogo.
Tudo isto foi consensual: houve um penalty perdoado a cada um, um golo anulado a cada um — o do Sporting por offside incontestado, o do FC Porto por falta que se admite que possa ter existido mas a televisão não demonstrou. Nem Adriaanse nem Paulo Bento vieram reclamar do árbitro e nenhum dirigente portista se pronunciou sobre a arbitragem ou até sobre a nova coincidência da escolha do árbitro. Toda a gente coincidiu nesta análise aos lances polémicos, assim como coincidiu na leitura de que o resultado foi bem mais lisonjeiro para o Sporting que para o FC Porto ( a estatística de A BOLA registou 13 remates à baliza por parte do FC Porto contra um do Sporting).
Mas há sempre gente que vê os jogos de outra maneira. O dirigente sportinguista Rui Meireles confessou-se «decepcionado», pois o Sporting «merecia mais que o empate». E isso só não aconteceu porque Lucílio Baptista «falhou num lance crucial: o golo de Deivid é mal anulado. Mas é o futebol que temos e já estamos habituados». Já o vice-presidente leonino, Meneses Rodrigues, resolveu puxar pela tradicional memória selectiva dos sportinguistas e concluiu que, «pela primeira vez, este senhor árbitro não prejudicou o Sporting». Se os dois me derem o prazer de vir a minha casa tomar um café, uma noite destas, eu passo-lhes uma prolongada sessão vídeo sobre as arbitragens deste árbitro nos últimos FC Porto-Sporting, arquivadas justamente para documentarem o futebol que temos e a que já estamos habituados. Seria um prazer.

3. Cada vez mais me convenço de que o futebol é feito de acasos e de evidências. Nada a fazer contra os primeiros: nenhum treinador pode planear um jogo partindo do princípio, por exemplo, de que o Pepe vai fazer um passe de morte ao Carlos Martins. Mas, já quanto às evidências, constato que há treinadores cuja carta de alforria parece consistir apenas ou principalmente em tornarem obscuro o que é claro e verem só mais tarde o que já todos viram. À 13.ª jornada Co Adriaanse pôs em campo, finalmente, uma equipa praticamente consensual, porque escolhida segundo razões evidentes do mérito de cada um. Ah, mas tinha de haver uma excepção! A insistência em continuar a jogar com Jorginho, isto é, com 10 jogadores na prática, é coisa que já ninguém consegue entender nem ele próprio explicar. Fala na «velocidade» do Jorginho mas o Jorginho nem se mexe, não corre, não se desmarca, não luta, não fura, não faz pela vida. Fala na falta de extremos mas tem o Alan, o Ivanildo ou o Lisandro para jogar descaído sobre o flanco.
Esta noite, em Bratislava, Adriaanse vai ter mais uma oportunidade para provar que não é um looser crónico, incapaz de ganhar um jogo decisivo, de não cometer erros indesculpáveis na formação da equipa, nas substituições feitas, na estratégia e na atitude durante o jogo. Pelo menos desta vez deu-se ao incómodo de ir pessoalmente espiar o adversário. Espero que não tenha voltado a concluir que o Jorginho é indispensável ou que a melhor maneira de vencer o jogo é alinhar sem ponta-de-lança de raiz.
O mínimo que lhe é exigível, neste momento, é colocar o FC Porto na Taça UEFA, o que será um cometimento pior que medíocre face ao plantel de que dispõe e ao grupo que lhe saiu em sorte na Champions. Um milagre colocá-lo-á nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Uma derrota ou um empate selarão definitivamente o divórcio entre as bancadas do Dragão e mister Adriaanse.

4. O terceiro lugar do Vitória de Setúbal e os três golos sofridos, sobretudo nas circunstâncias de trabalho indignas que se conhecem, são, de facto, uma proeza notável. Mas também não é preciso mitificar as coisas para realçar um mérito que ninguém contesta: o Vitória tem um grande guarda-redes e uma defesa em grande forma e com uma imensa capacidade de sofrimento e concentração. Mas tem tido também uma grande dose de sorte.
Honra lhe seja feita, Luís Norton de Matos não se furta a admitir essa sorte, ao contrário de muitos outros que, no lugar dele, estariam há muito em bicos de pés com medo que não lhes reconhecessem a devida estatura. Estreante na Liga, tem tido, na equipa e no jogo, a sorte que lhe faltou com os pobres dirigentes do Vitória. Só por isso, quanto mais não fosse, ele e a equipa bem merecem essa sorte. Mas de certeza que Luís Norton é o primeiro a saber as limitações que tem e que a sorte não dura para sempre. Os resultados têm sido o estimulante, o Prozac que mantém a equipa de pé e unida. Mas um dia o remate para golo vai bater na trave, o Moretto vai estar distraído ou o árbitro vai permitir o golo do adversário em offside. E tudo pode começar a desabar de repente. A grande proeza de Luís Norton é conseguir que esse momento só chegue quando o Vitória já estiver a salvo da despromoção. Mais que isso só podem prever e exigir-lhe aqueles que acham que é possível esperar resultados sem a contrapartida mínima, que é a de pagar o ordenado a quem trabalha.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (06/12/2005)

terça-feira, dezembro 06, 2005

Para esquecer...


Artmedia  0   -   0  FC Porto


Mais uma noite europeia para esquecer. Se este jogo era decisivo e estávamos obrigados a vencer, foi uma sorte o Artmedia não ter ganho esta partida. Irónicamente, posso até citar Pedro Emanuel no final do jogo: «Este resultado acaba por ser óptimo dadas as circunstâncias»... palavras para quê?

Já sei que agora vêm os discursos desculpadores e conformistas como «o relvado estava muito mau» ou «não perdemos a qualificação neste jogo» ou ainda o clássico «tivemos azar»... só que não há relvado ou azar que desculpe a desastrosa (para ser simpático) campanha europeia. Uma vitória em 6 jogos possíveis? Último lugar num dos grupos mais acessíveis? Não conseguir vencer um único jogo aos adversários mais fracos do grupo? Têm de haver outras razões.

Adriaanse optou por McCarthy e Diego no onze inicial e manteve a defesa que usou frente ao Sporting. Na primeira parte a equipa até não esteve mal, conseguiu equilibrar o jogo aos 10' após uma boa entrada do Artmedia e ganhou a luta do meio-campo com Assunção excelente e Diego muito batalhador. Lucho esteve muito abaixo daquilo que pode e sabe fazer. Nos primeiros 45' o Porto até dominou boa parte do tempo e criou algumas chances mas nunca com eficácia.

No segundo tempo Adriaanse resolveu mexer na equipa substituindo Diego por Hugo Almeida e aí o Porto perdeu claramente o meio-campo. A equipa praticamente partiu-se em dois sem ligação defesa-ataque e não conseguia recuperar bolas no meio-campo, dando assim o controlo total ao Artmedia.
Ao minuto 58, mais uma surpresa de Adriaanse: sai Pedro Emanuel e entra Bosingwa para a lateral esquerda. O Porto passava a jogar com 3 defesas. Ricardo Costa a central e a descair para a lateral direita, Pepe no centro e Bosingwa a defesa esquerdo, com Marek Cech no banco a ver... pensei que já tinha visto tudo mas afinal enganei-me.

A substituição não trouxe nada de bom à equipa. A partir desse momento a equipa praticamente não conseguia jogar no meio-campo adversário e passou por momentos de grande sufoco. A entrada de Jorginho aos 78' para a saída de Quaresma também não ajudou nada já que o brasileiro não criou um único lance de perigo nem conseguiu transportar jogo aos atacantes.

Desta partida salvam-se Assunção, soberbo, e Baía apesar de algumas saídas em falso conseguiu manter as redes invioláveis. Uma nota para Pepe que, parece-me, conseguiu impedir um golo... do Porto!


Mais e Menos

+ Assunção Para mim o melhor em campo. Pode agradecer a Adriaanse a tarefa ingrata do segundo tempo.

+ Vitor Baía Alguns falhanços que causaram calafrios mas conseguiu acabar sem sofrer golos.

- Porto O estado do relvado não explica tudo. Lucho perdeu dezenas de bolas. Lisandro tocou na bola no 2º tempo? Hugo Almeida também? Quaresma desapareceu... que se passou?

- Adriaanse O grande responsável. As alterações efectuadas só pioraram a equipa e Bosingwa a lateral esquerdo, devo dizer que nem eu me lembrava dessa. O discurso mantém-se o mesmo: muito azar, equipa jovem, é preciso tempo. A paciência esgotou-se.

- UEFA Tantas inspecções e rigor para depois ser realizado um jogo decisivo como este num autêntico lamaçal.


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

«Este era um importante jogo para nós, pois tínhamos perdido no Dragão com Artmedia e não tínhamos ganho ao Rangers. Não conseguimos vencer hoje, num jogo disputado sob condições muito más. Estava muito frio e o terreno de jogo era impraticável. Os nossos jogadores deram tudo, mas não foi suficiente».

«O Inter de Milão era a melhor equipa do grupo e nós mostrámos que éramos a equipa que devia ocupar o segundo lugar, mas acabámos por ficar na quarta posição. Ficamos nesta situação porque falhámos nos jogos em casa, em que devíamos ter vencido».

Pepe (FC Porto)

«É difícil falar sobre este jogo. O terreno estava muito mau e complicou o desempenho do nosso meio-campo. Ainda assim, dignificamos a camisola do FC Porto»,

Diego (FC Porto)

«Se já era complicado, pelas condições do relvado passou a ser muito difícil. Fizemos o que nos foi possível. Infelizmente não valeu a pena o sacrifício, pois não alcançámos nenhum objectivo»

«O nosso objectivo era a continuidade na Liga dos Campeões ou a classificação para a Taça UEFA. Por isso, a dedicação tem de ir agora para o campeonato. Agora a obrigação de vencer é maior»

Quaresma (FC Porto)

«Sabíamos que ia ser um jogo difícil. O problema foi termos facilitado em outros jogos em casa e assim não conseguimos seguir para a próxima fase. Agora só pensamos no campeonato e taça e vamos trabalhar para ganhar ambas.»


Ficha do Jogo

UEFA Champions League (Grupo H – 6ª jornada)

Estádio Tehelné Pole, em Bratislava

Árbitro: Markus Merk (Alemanha)
Assistentes: Christian Schraer e Jan-Hendrik Salver
4º árbitro: Babak Rafati

ARTMEDIA: Cobej; Petrás, Debnár, Durica e Urbánek; Stano e Borbély «cap.»; Obzera, Kozak e Fodrek; Hartig
Substituições: Hartig por Vascak (60m) e Obzera por Halenár (87m)
Não utilizados: Kamenár, Mikulic, Tchur, Konecny e Burák
Treinador: Vladimir Weiss

F.C. PORTO: Vítor Baía; Ricardo Costa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e César Peixoto; Paulo Assunção, Diego e Lucho González; Lisandro Lopez, McCarthy e Quaresma
Substituições: Diego por Hugo Almeida (46m), Pedro Emanuel por Bosingwa (58m) e Quaresma por Jorginho (71m)
Não utilizados: Helton, Ibson, Ivanildo e Cech
Treinador: Co Adriaanse

Disciplina: Cartão amarelo a César Peixoto (4m), Urbanek (31m), Diego (35m), Pedro Emanuel (54m), Debnar (81m) e Bosingwa (82m)

* Fotos AP (Associated Press)

FC Porto centenário

Champions LeagueO encontro decisivo de logo à noite frente ao Artmédia marca o centésimo jogo da equipa azul e branca na Champions League. Até agora, «apenas» Manchester United, Real Madrid, Bayern, Milan, Barcelona e Juventus tinham atingido essa marca.

Azul e Branco «federado»

A ideia partiu do sempre imprevisível «Bola na Rede B» que criou a Federação de Blogs de Futebol, vulgo FBF, com o objectivo de aproximar todos os blogs portugueses dedicados ao futebol. Com esta iniciativa aparece também a Primeira Gala da FBF onde os blogs federados irão premiar os melhores do ano em diversas categorias.

Quem quiser federar-se basta ir ao «Bola na Rede B» e seguir as instruções.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Jogo Decisivo

A equipa do FC Porto já está em Bratislava, Eslováquia, para tentar a passagem aos oitavos de final da Champions League. À chegada encontraram temperaturas baixas e muita gente «curiosa» para ver de perto o campeão europeu 2003/04 e actual campeão do mundo em título (ou o que resta deles). Vitor Baía foi o mais requisitado.

As hipóteses de apuramento são reduzidas já que dependemos de terceiros. «Basta» vencermos o Artmedia para assegurarmos pelo menos a entrada na Taça UEFA e, caso o Inter vença o Rangers, a continuação na Champions será garantida. Espero que Adriaanse não se ponha a inventar de novo e que os jogadores deixem tudo em campo e honrem a sagrada camisola do FCP. Força PORTO!

Lista de Convocados

Guarda-redes: Helton e Vítor Baía.
Defesas: Bosingwa, Bruno Alves, Cech, César Peixoto, Pedro Emanuel, Pepe e Ricardo Costa.
Médios: Diego, Ibson, Jorginho, Lucho Gonzalez, Paulo Assunção e Quaresma.
Avançados: Alan, Hugo Almeida, Ivanildo, Lisandro Lopez e McCarthy.

sábado, dezembro 03, 2005

Ceguetas

A avaliar pelas manchetes dos jornais desportivos de hoje, parece que o Sporting fez um grande jogo no Dragão. N'O Jogo pode ler-se «Deivid resolve», no Record «Chama de Leão» e n'A Bola «Suor do leão apaga fogo do Dragão». Em terra de ceguetas, a começar pelo auxiliar que não quis ver o penalty de Polga, nada melhor que três jornais ceguetas.

Prémio Maior Cegueta

«Saio daqui decepcionado. A entrega dos jogadores do Sporting merecia mais do que o empate. Tenho pena que o árbitro Lucílio Baptista anulasse um golo ao Sporting. Errar é humano, mas, sinceramente, não sei que falta é que identificou. É o futebol a que estamos habituados.»
Rui Meireles, director do Sporting

Prémio Cegueira Crónica

«Mas ele [Jorginho] joga com muita velocidade, com velocidade a mais, por isso comete alguns erros técnicos e perde algumas bolas. Tem de jogar com mais calma»
Co Adriaanse sobre o mau momento de Jorginho

Resultado injusto


FC Porto  1   -   1  Sporting


A haver um vencedor tinha que ser o FC Porto porque foi a equipa que controlou praticamente todo o jogo e a única com iniciativa. Das duas uma: Paulo Bento fez «bluff» ao dizer que ia ao Dragão para controlar o jogo e ganhar ou então foi o Porto que anulou bem o Sporting obrigando-o a jogar em contra-ataque. De qualquer maneira a prestação do Sporting desilude-me já que jogou no Dragão como joga o Setúbal ou o Rio Ave: à defesa, com todos os jogadores atrás da linha da bola e fazendo anti-jogo sempre que possível.

Adriaanse surpreendeu, pela negativa, com o onze inicial. McCarthy volta à titularidade 5(!) jogos depois e Jorginho alinhou de início para desespero de qualquer portista mais atento. Destes dois jogadores não saiu praticamente nada de útil para a equipa e acabaram mesmo sendo substituídos mas já muito tarde, ao minuto 80, quando pouco havia a fazer para alterar o resultado. Mais uma vez, esteve mal Adriaanse.

Nota-se muita inexperiência (para não lhe chamar falta de jeito) naquela defesa portista. Ricardo Costa que já se desenrasca mal a central, a lateral então é para esquecer. Volta Bosingwa(?). Pepe torna a fazer asneira, não por uma mas por diversas vezes, felizmente só ofereceu um golo a fazer lembrar o Secretário há uns anos. César Peixoto sobe sobe mas não desce, para além de se candidatar a jogador de andebol.

A equipa jogou sempre com um ritmo muito lento. Aqueles passes entre os centrais e atrasos a Baía ou as recuperações de bola em terrenos avançados que depois se atrasa para a defesa tiram qualquer um do sério. É verdade que o Sporting defendeu muito (e bem) mas nós é que tinhamos de encontrar soluções para querbrar a muralha defensiva, coisa que não sabemos fazer basta ver os resultados com Artmedia, Rangers, Setúbal, etc.

Quanto ao árbitro re-nomeado acho que esteve no normal, ou seja, mal. Já se adivinhava uma arbitragem polémica e com muitos «casos». Os penaltys são para ser marcados e aquele do Polga é tão nítido e de frente para o auxiliar que só por má vontade ou falta de visão não é assinalado. De resto pactuou sempre com o anti-jogo (Ricardo, Tonel, Pinilla, etc) dando uns míseros 4 minutos (2 dos quais foram queimados pelo Sporting) e quebrando as jogadas de ataque do Porto nos minutos finais com faltas atacantes simplesmente ridículas.

Duas notas finais para a SportTV. Uma para a produção que dedicou a maior parte do tempo que antecedeu o clássico a fazer o historial do Paulo Bento como jogador e do grande homem que é. Só faltou erguerem uma estátua. A outra para Frasco que ridiculariza-se na SportTV dizendo sempre Amen ao que o comentador acha.


Mais e Menos

+ Ricardo Quaresma Foi o jogador mais perigoso do ataque portista.

+ Lucho e Lisandro Mais um bom jogo da dupla argentina.

- McCarthy Não provou nada a Adriaanse a não ser que tinha razão em deixá-lo no banco durante muito tempo.

- Pepe Mais uma vez a comprometer um resultado. Aqueles passes naquela zona têm uma regra muito simples: quem não sabe não faz.

- Jorginho O que será necessário para pôr este jogador no banco? Aos 7' em vez de isolar Lisandro prefere rematar contra 2 adversários. Exemplifica bem a importância deste jogador na equipa.

- Co Adriaanse Simplesmente mau. Faz 3 alterações no onze inicial e nenhuna delas resulta. Só mexe na equipa aos 80' para corrigir o erro apresentado no início do jogo. Tarde demais.


Declarações

Co Adriaanse (FC Porto)

«Penso que na primeira parte jogámos melhor e criámos algumas oportunidades para marcar. Na segunda parte o Sporting marcou, porque nós cometemos um erro. Depois, sabíamos que o Sporting ia defender e que seria muito difícil marcar».

«Gostamos de ganhar e jogámos para ganhar. Atacámos, fomos a equipa mais forte em campo, mas temos de melhorar, porque cometemos erros técnicos, nomeadamente em termos de passes e remates».

«O Jorginho começou na posição 7. Não tenho assim tantas opções para jogar na ala direita, pois o Lisandro, o McCarthy e o Diego não são extremos. É por isso que o Jorginho joga. Ele está procurar a jogar com muita velocidade o que o leva a cometer erros técnicos».

«Eu considero que foi um bom momento para colocar o McCarthy. Este resultado não prejudica a preparação do encontro com o Artmedia, porque fizemos um bom jogo e fomos melhores que o Sporting. Este jogo e o do Artmedia não têm nada a ver. Quanto à preparação dessa partida, é bom não termos mais nenhum lesionado para além do Bruno Moraes e do Sokota».


Ficha do Jogo

Liga 2005/06 (13ª jornada)

Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 46.111 espectadores

Árbitro: Lucílio Baptista (Setúbal)
Assistentes: José Cardinal e Luís Marcelino
4º árbitro: Nuno Almeida

F.C. PORTO: Vítor Baía; Ricardo Costa, Pepe, Pedro Emanuel «cap.» e César Peixoto; Paulo Assunção, Lucho González e Lisandro Lopez; Jorginho, McCarthy e Quaresma
Substituições: McCarthy por Hugo Almeida (81m) e Jorginho por Diego (81m)
Não utilizados: Helton, Ibson, Bosingwa, Alan e Cech
Treinador: Co Adriaanse

SPORTING: Ricardo; Rogério, Tonel, Polga e Tello; Custódio, João Moutinho, Carlos Martins e Nani; Sá Pinto «cap.» e Deivid
Substituições: Carlos Martins por Wender (60m), Deivid por Pinilla (73m) e Sá Pinto por Luís Loureiro (90m)
Não utilizados: Nélson, Miguel Garcia, Varela e André Marques
Treinador: Paulo Bento

Ao intervalo: 0-0
Marcadores: Deivid (48m) e Jorginho (65m)
Disciplina: Cartão amarelo a Rogério (11m), Ricardo Costa (31m), Tello (55m), Tonel (64m) e Paulo Assunção (72m)

* Fotos AP (Associated Press)

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Campeões do Mundo somos nós!

A FIFA reconheceu oficialmente os vencedores da Taça Intercontinental / Toyota Cup como sendo campeões do mundo. Num artigo publicado no site FIFA.com, o orgão máximo do futebol mundial dissipou todas as dúvidas a quem questionava os «títulos» ganhos pelos clubes participantes. A única equipa portuguesa que o conseguiu conquistar, por duas vezes, foi o grande FC Porto.

Não havia necessidade...

Lucílio BaptistaAs hipóteses de vitória no clássico de logo à noite reduziram-se drasticamente quando hoje de manhã o Conselho de Arbitragem nomeou Lucílio Baptista em substituição de Olegário Benquerença, lesionado, para o Porto - Sporting.

Antes da nomeação de Olegário, Lucílio era a minha primeira aposta dada a frequência com que apita jogos entre Porto e Sporting, quase sempre com prejuízo para os Dragões. Quem não se lembra do célebre SCP 0 - FCP 1, com José Mourinho, onde foram sonegadas (soa melhor que roubadas) três grandes penalidades clarinhas como a água?

Como diz o ditado «Não acredito em bruxas mas que as há, há».

Convocados para o clássico

Bruno Alves regressa aos convocados e é a única «novidade». Sonkaya e Ivanildo continuam de fora, tal como Postiga e Jorge Costa que preparam a sua saída do clube.

Os convocados

Guarda-redes: Vítor Baía e Hélton
Defesas: Bosingwa, Cech, César Peixoto, Pedro Emanuel, Pepe, Ricardo Costa e Bruno Alves;
Médios: Diego, Ibson, Jorginho, Lucho Gonzalez e Paulo Assunção;
Avançados: Alan, Hugo Almeida, Lisandro Lopez, McCarthy e Quaresma.

Equipa provável

A julgar pelas declarações de Adriaanse e pela comunicação social, o onze inicial deve sofrer algumas alterações. Aposto no seguinte onze: Vitor Baía, Bosingwa, Pepe, Pedro Emanuel, Marek Cech, Paulo Assunção, Lucho González, Diego, Quaresma, Lisandro López e Hugo Almeida. Vamos ver se Co não nos reserva uma surpresa de última hora.

Discurso morno

O treinador do FCP afirmou que um empate até nem seria mau. Esta é a ideia que se fica ao passar os olhos pela habitual comunicação social... mas se ouvirmos as declarações de Adriaanse, não foi bem isso que disse. Na verdade, afirmou que o empate só seria bom se as contingências do jogo assim o ditassem. Por exemplo, se estivermos a perder 2-0 e no final conseguirmos empatar, isso é um bom resultado, mas o objectivo inicial será sempre o de ganhar. De qualquer maneira, o discurso podia ser mais motivador.