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segunda-feira, julho 31, 2006

Está feita a apresentação

A bola já roda no Estádio do Dragão. A festa foi simples, mas bonita. O jogo foi morno, típico de início de temporada mas sempre deu para matar a «fome de bola» que todos os portistas já tinham. Sobretudo porque o próximo jogo no Estádio do Dragão é só no arranque do campeonato, contra o Paços de Ferreira.

Público

Os portistas deslocaram-se em grande número ao estádio, estava um dia bonito e fizeram a festa durante quase todo o tempo. Só faltaram à «chamada» as claques do clube.

Roma

Foi um adversário fragilizado não só por estar ainda pré-temporada mas também pelas ausências de alguns jogadores titulares indiscutíveis como Totti ou Perrota. Têm muito que melhorar para fazer uma boa presença na Liga dos Campeões.

Porto

A vitória, apesar de escassa, assenta bem na equipa do FC Porto. Adriaanse apresentou dois onze praticamente distintos onde no primeiro tempo jogaram aqueles que mais possibilidade têm de ser titulares e no segundo os restantes. O único golo da partida foi marcado nos primeiros 45' por Mexes, na própria baliza, quando Adriano o pressionava e se preparava para encostar. Durante esse período os azuis e brancos dominaram claramente a Roma que não mostrou sequer argumentos para marcar. No segundo tempo, e praticamente com outra equipa em campo, a Roma entrou melhor mas rapidamente a equipa do FC Porto equilibrou e durante os primeiro 15 minutos contruiu dos melhor lances do jogo.

Gostei...

Anderson está a dar que falar. O «puto» joga bem e faz fluir o jogo atacante não se coibindo também de defender. Gostei!

Bruno Moraes está a ganhar ritmo mas tem pormenores excelentes. Algo me diz que este é o grande reforço para esta época.

Ibson não engana. Já na época passada convenceu os portistas das suas qualidades e nesta temporada parece apostado em ser titular... O Lucho que se cuide!

Diogo Valente supreendeu-me. Foi a primeira vez que o vi jogar mais de 15 minutos e gostei do que vi. Tem uma boa qualidade de passe e corre muito. Espero que o mister lhe dê mais chances.

Não gostei tanto...

João Paulo arrisca-se a ganhar um apelido de «peso» do género "tractor" ou "rolo compressor" tal é a força que emprega nos lances divididos (sobretudo nos adversários!). Tem que corrigir muitos aspectos...

Bruno Alves continua a não convencer-me. Ele que até usou a braçadeira de capitão, não parece conseguir dar segurança à defesa mostrando-se sempre muito trapalhão.

Ezequias mostrou pouco. Como disse anteriormente, este é um jogo complicado para avaliar as capacidades, mas dentro do possível não mostrou muitos atributos. Vamos ver no futuro, espero que Adriaanse lhe dê mais oportunidades.

terça-feira, julho 25, 2006

«Dragão para Sempre»

Benny McCarthyDepois de algumas novelas nos defesos anteriores, desta é de vez. McCarthy vai finalmente realizar o sonho de jogar na «Premier» e o FC Porto vê algum retorno financeiro (2,5M€) pela sua saída, que, como se sabe, saíria a custo zero no final desta época.

McCarthy sempre foi dedicado ao clube, sempre se esforçou apesar de ter passado por alguns momentos menos bons. Deixou a sua marca no FC Porto dos últimos anos ao ajudar o clube na conquista de campeonatos e da Liga dos Campeões.

Aquele golo de cabeça contra o Manchester ou o golaço contra o Benfica em pelo Estádio da Luz, entre muitos outros, irão ficar sempre na memória de todos os portistas que cantaram a sua música e assistiram ao vivo (e não só) aos golos apontados pelo sul-africano.

«Nunca vou esquecer o F.C. Porto, porque foi sem dúvida a melhor fase da minha carreira. Posso garantir que vou ser um dragão para sempre» - McCarthy

Roma a abrir

O primeiro jogo da temporada no Estádio do Dragão, que será de apresentação da equipa aos sócios, tem como «convidado» os italianos da AS Roma, quinto classificado na temporada anterior do «calcio». A festa está marcada para o próximo Domingo, pelas 19 horas, com o jogo a começar ás 20:15.

Caso não possa assistir ao vivo, a TVI (er..) comprou os direitos de transmissão do evento. Resta saber se irá fazer como no ano passado em que não transmitiu nada em directo e fez um resumo de 10 minutos que foram para o ar já de madrugada... O melhor mesmo é ir ao Estádio do Dragão!

segunda-feira, julho 24, 2006

Recomeço

A nova época futebolista já está em andamento. Apesar da ausência mais ou menos forçada deste blog, o vosso escriba promete artigos com mais regularidade e algumas novidades até ao início do novo campeonato, que vai ter um nome ainda mais complicado que o anterior: passa de betandwin.com para bwin.com. Mas adiante...

Já com três jogos particulares realizado, o FC Porto prossegue a preparação da nova época. Duas vitórias e um empate é o saldo até ao momento. Apesar de não contar para nada, sabe sempre melhor ganhar do que perder ou empatar, mesmo que seja a feijões.

Co Adriaanse continua com a mesma energia da época passada, com a vantagem de ter um grupo que já o conhece bem (e ás suas ideias) que se manteve praticamente inalterado apesar das tentativas de compra de alguns jogadores como Lucho ou Quaresma, conforme revela o nosso Presidente ao jornal O Jogo.

As contratações têm sido cirúrgicas, pelo menos à primeira vista, não entrando na roda viva dos últimos anos. Ezequias, Marco João Paulo, Sektioui e Diogo Valente foram os escolhidos. Dois defesas e dois atacantes. Há ainda o reforço da frente de ataque com Bruno Moraes e Sokota... espero sinceramente que consigam fazer a época inteira sem se lesionar.
Ainda nas contratações, parece-me faltar um bom defesa direito que dispute o lugar com o irregular Bosingwa.

Hesselink é o nome «quente» deste mercado de transferências. O ano passado foi Kromkamp, este ano é o avançado do PSV que parece estar longe do Estádio do Dragão.
Apesar de não o conhecer bem, penso que não vale os milhões que o clube de Eindhoven pede e seria bom não entrarmos em loucuras.

Conforme se escreve em todos os jornais, McCarthy poderá estar de saída do FC Porto para o Blackburn Rovers, por uma quantia quase simbólica diria eu tendo em conta as possibilidades de transferência em épocas anteriores. Ainda assim, é algum dinheiro que entra e amortiza o investimento inicial, nunca sabendo se o sul-africano iria ter uma época ao nível da anterior: esforçado mas pouco produtivo.

Para finalizar, gostava de salientar uma das aquisições desta temporada que não vai alinha nenhum minuto esta época mas espera-se que seja decisivo: Chris Kronshorst.
O veterano neste tipo de treinos vai trabalhar directamente com os jogadores, segundo instruções de Adriaanse para melhorar vários aspectos individuais como a posse de bola, passe, etc. tendo em vista a optimização de cada um consoante as suas características. Parece-me uma excelente aquisição, com vista para o futuro.

terça-feira, julho 18, 2006

MST: A scolaridade obrigatória

«Vivemos há 32 anos em democracia e com liberdade de imprensa e não me lembro de ter jamais assistido a uma tão impressionante campanha de promoção, culto e devoção de alguém como a que no último mês e meio foi dedicada ao seleccionador nacional, Luiz Felipe Scolari.
Não falo da enxurrada de elogios, legítimos, que, começados muito antes do Mundial, ainda se continuam a ler todos os dias na nossa imprensa. E não apenas na imprensa desportiva: não há Fulano nem Beltrano que escreva nos jornais que não tenha já assinado o livro de elogios a Scolari, como se isso fosse quase profissão de fé e de obediência obrigatória para quem escreve nos jornais. Assim como dantes se terminava obrigatoriamente qualquer requerimento ou comunicação oficial com a frase «A bem da Nação, viva Salazar!».

Não falo também da absoluta ausência de espírito crítico neste coro de elogios, que levava a que, por exemplo, se evitasse sugerir apenas que a Selecção tinha jogado mal determinado encontro, pois isso poderia passar por crime de lesa-pátria, ou que levou alguém com o passado de luta pela liberdade, como Manuel Alegre, a escrever que os críticos de Scolari eram portugueses que se davam mal com Portugal e que era contra eles também que a Selecção jogava.

Falo de uma coisa, pior, mais insidiosa, mais profunda e mais perigosa, que fui sentindo durante o último mês e meio, ao ponto de me trazer de regresso uma desagradável sensação de asfixia: o clima de intimidação, de ostracização, que se instalou contra os que chamavam os «críticos» de Scolari — entre os quais me incluí logo, antes que o fizessem. Não bastou aos adoradores de Scolari o elogio constante, repetitivo, por vezes mesmo bajulador: a par dos legítimos elogios vinha sempre, nos seus textos, um ataque cerrado aos «críticos», como se a sua própria existência fosse ilegítima. Ora, a este propósito, gostaria de fazer notar várias coisas, que antes tinha como evidentes:

— Qualquer seleccionador, em qualquer parte do Mundo, é sempre objecto de apreço ou de críticas. É a coisa mais natural de todas e, neste Mundial e apenas no que se refere aos mais mediatizados, faço notar que foi isso que sucedeu com Domenech em França, Eriksson em Inglaterra, Lippi em Itália, Klinsmann na Alemanha, Parreira no Brasil ou Peckerman na Argentina.

— Porque terá o exercício da crítica, aqui como em qualquer outra área, a interpretação maldosa de que quem a faz deseja o pior? Porque não há-de ser antes ao contrário — que quem critica determinadas opções do seleccionador, se calhar, é porque deseja o melhor para a Selecção, mesmo que esteja errado nas suas críticas?

— O facto de se fazer uma crítica pontual (por exemplo, a escolha de Évora para local de estágio) não tem de implicar forçosamente que quem a faz se transforme desde logo num «crítico» permanente e institucional.

— Por melhor que sejam os resultados obtidos, não me parece que isso retire toda a legitimidade e até a razão às críticas que se formularam antes (é sempre mais fácil guardar a opinião para o fim...). Por exemplo: reconheço, sem esforço, que Scolari é um grande condutor de homens e a sua opção de constituir uma Selecção onde só tem lugar quem ele já conhece leva a que se forme um grupo fechado e unido em torno do seleccionador, que muitas vezes, como foi agora o caso na Alemanha, conduz a resultados positivos. Mas com que legitimidade me podem impedir de continuar a pensar que a opção correcta não é essa mas sim a de formar uma Selecção com os melhores e tentar transformá-la num grupo homogéneo? Quem pode garantir que o Ricardo Quaresma não fez falta nos jogos contra a Inglaterra, a França ou a Alemanha? Ou que o Nuno Gomes ou o João Tomás não teriam feito melhor que o Pauleta?

— Enfim, e mais importante que tudo, que superioridade moral assiste a quem, com toda a ligeireza do mundo, acha normal fazer a associação automática e progressiva de crítico pontual do seleccionador = crítico sistemático = inimigo da Selecção = antipatriota?

O nacionalismo saudável, como aquele que se viveu na Alemanha, representado pelas cores das bandeiras, o hino, a língua, os hábitos e cultura, constitui uma manifestação festiva do sentimento de pertença a uma comunidade, a exibição pacífica e louvável de diferenças que se exprimem pela competição desportiva. Coisa diferente, e que nada tem a ver com isto, é a confusão deliberada entre futebol e patriotismo, sobretudo quando se chega ao ponto de exclusão, de marginalização ou de denúncia a dedo dos suspeitos de heterodoxia, dos que se desviam do unanimismo reinante, do pensamento único e obrigatório.

As páginas da nossa imprensa, neste último mês e meio, encheram-se de manifestações deste tipo de patriotismo álacre e acrítico que, sem exagero, confesso que me fizeram lembrar outros tempos. Dou um exemplo apenas: quando Fonseca foi escolhido como homem do jogo no Portugal-México, em detrimento de um português, escreveu-se que os homens sem rosto da FIFA, esses burocratas do futebol, se moviam por outros interesses que não os desportivos. E a indignação pátria atingiu o rubro quando, depois de ter defendido três penalties no desempate, Ricardo foi preterido a favor de Hargreaves. Ninguém, absolutamente ninguém, se deteve por momentos para explicar duas coisas simples: uma, que os tais burocratas e homens sem rosto da FIFA eram um comité de 14 elementos, todos antigas glórias dos Mundiais, entre os quais um tal Teófilo Cubillas, que foi simplesmente o melhor jogador que alguma vez vestiu a camisola do FC Porto e autor daquele que foi o melhor golo que alguma vez vi num estádio de futebol (na Tapadinha); outra, que o Ricardo não poderia ter sido escolhido homem do jogo pelas suas defesas no desempate por penalties pela simples razão de que esse desempate não faz parte do tempo de jogo. Tão simples como isto — e tão difícil de dizer!

Encerrado o Mundial, e fazendo-se o balanço de tudo o que se passou à sua volta, acho que também é altura de meditar sobre o jornalismo e a opinião pública. É o que vou fazer, agora. A mim, pessoalmente, nunca me intimidou o facto de estar em minoria. E aqui, nas páginas de A BOLA, sempre estive em persistente minoria. Mas houve qualquer coisa de diferente, desta vez. O tal desejo de unanimismo, a tal vontade subliminar de intimidação e silenciamento que me pareceu detectar a cada passo. Isso faz meditar e muda muita coisa: a vontade e o prazer de escrever, as bases do contrato de liberdade implícito entre quem escreve, quem publica e quem lê. Se as pessoas preferem a opinião única, as verdades oficiais, o coro afinado de vozes, talvez seja melhor dar-lhes isso mesmo. Até que, esmagadas por tanta felicidade, recomecem a ter saudades da liberdade.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (18/07/2006)

terça-feira, julho 11, 2006

MST: Provavelmente, o pior mundial de sempre

«Aconteceu-me o que não era suposto poder acontecer a quem se considera quase viciado em futebol: adormeci durante a final do Mundial! Adormeci aí pelos 80 minutos, quando era claro que as equipas se arrastavam para o prolongamento, se não mesmo e voluntariamente, para os penalties, e acordei com o grito do locutor quando Zidane cabeceou à queima-roupa e Buffon mostrou porque foi considerado o melhor guarda-redes deste Mundial.
Infelizmente, estava pois acordado quando o mesmo Zidane foi incapaz de esperar só mais dez minutos para passar da história à lenda. O que lhe terá dito Materazzi para justificar aquele ataque de loucura se é que lhe chegou a dizer alguma coisa e o gesto demencial de Zidane não foi apenas o tributo que o génio paga à loucura?

Acabou assim, sem beleza, e decidido a penalties como não podia deixar de ser aquele que foi, provavelmente, o pior Mundial de todos os tempos. Pior ainda do que o Coreia-Japão, onde os génes do vírus que parece ter-se instalado na maior competição futebolística do mundo já eram evidentes, para quem os quisesse ver. Não sei a quantos mais mundiais destes poderá o futebol resistir, mas seria bom que as cabeças pensantes percebessem que não resistirá eternamente.

O que faz do futebol o espectáculo mais popular do mundo é a sua simplicidade de meios, de regras e de objectivos. Jogar futebol, gostar de ver jogar futebol, é a coisa mais natural e instintiva que existe num ser humano: basta uma bola e um jogador de cada lado e é possível ter futebol. Mas, seja com dois ou com vinte e dois, num campo de terra ou num relvado perante 70.000 espectadores, nenhum jogador e nenhum espectador se contenta com um tipo de jogo que se limite a fazer circular a bola de uns para os outros, sem nenhum outro objectivo que não fazer passar o tempo, à espera de um deslize do adversário ou do desempate por penalties. Quando treinava o FC Porto, Bobby Robson definiu uma estratégia tão simples quanto extraordinária: era preciso marcar golo nos primeiros dez minutos. Não era nos primeiros quinze: era nos primeiros dez. Com essa atitude, a sua equipa entrava determinada a ganhar o jogo desde o primeiro minuto e os adversários entravam logo intimidados.

Parece que não resultou mal: o FC Porto foi campeão, teve o melhor ataque e, sobretudo, deu espectáculo. Agora, ao mais alto nível, a regra é a inversa e o oposto do que cantava Gerardo Vandrei : «Vem, vamos embora, que esperar não é saber! Quem sabe, faz a hora, não espera acontecer».

O futebol foi inventado para que as pessoas se divirtam a ver ou a jogar. Não para que adormeçam em frente à televisão, morram de tédio nas bancadas ou de impotência em campo. Sem golos e sem liberdade para os artistas, não existe futebol apenas a caricatura científica dele, que nos vendem como resultado de grande trabalho, grande competência e grande modernidade. O que aconteceu na Alemanha foi o triunfo do resultadismo, a imagem de marca deste Mundial.

Vejamos: a Itália mereceu ganhar o Mundial? Nem sim, nem não. Mereceu tanto ou tão pouco como os outros candidatos.

Todos eles Brasil, Argentina, Alemanha, Inglaterra, França esperaram poder ganhar o Mundial através da mesmíssima fórmula posta em campo pelos italianos: o mínimo de riscos, o mínimo de desgaste, o mínimo de improviso, o mínimo de liberdade concedida aos artistas, próprios ou alheios. Ganhou a Itália, pois, porque nesse tipo de jogo é ainda a melhor.

Quem foi o melhor jogador do Mundial? Resposta adequada: ninguém. Não houve um só jogador que se destacasse de forma clara e regular, ninguém que tenha sido autor de uma só jogada de que nos lembremos daqui a um mês. Não houve um só jogo de encher o olho, um só que fique para sempre associado à memória deste Mundial. O melhor marcador da prova não foi além de cinco golos facturados e aquilo que ocupou as discussões durante o Mundial foram os penalties que houve e não houve, o excesso de cartões, as simulações e os mergulhos, e os efeitos caprichosos da bola teamgeist, eloquentemente inventada para trair os guarda-redes e assim suprir a incapacidade de marcar golos. E a imagem que ficará a marcar este Mundial (para além da excelente organização alemã, que é justo recordar) é a desgraçada cabeçada de Zidane em Materazzi.

Aparentemente preocupada com o que viu e com os comentários que foi ouvindo, a FIFA anunciou agora que vai fazer um seminário de reflexão com os treinadores das 32 selecções presentes para tentarem perceber porquê que se viu tão pouco futebol de qualidade neste Mundial. É assim como se a policia, preocupada com os assaltos a bancos, chamasse os chefes das principais quadrilhas de assaltantes para discutir as medidas a adoptar.

Toda a gente sabe que a fraca qualidade deste futebol é obra directa dos treinadores resultadistas, os teóricos do futebol de «expectativa e contenção», da «coesão defensiva», da «circulação de bola», da «redução de espaços» e da «consistência», que põem todas as equipes a jogar igual, as boas e as más, as que têm grandes jogadores de ataque e as que não têm: todas a jogar em 40 metros de campo, todas a defender atrás da linha da bola, como no andebol, todas reduzidas a um único avançado de raiz.

Por isso, e primeiro que tudo, o que a FIFA deveria fazer era juntar os 32 treinadores com algumas velhas glórias do futebol, ex-treinadores de equipas que fizeram história e representantes do público, para que estes explicassem àqueles que, a continuar assim, nem os mundiais nem o futebol têm grande futuro.

A segunda coisa a fazer era limitar esta diarreia de futebol em que está transformado o Mundial. São equipas a mais, jogos a mais, tempo a mais. De que serve ter uma competição com 64 jogos, se apenas quatro ou cinco valem a pena? De que serve tantos jogos e tanto tempo, se no final o que decide tudo é o estado de cansaço das equipas? Repare-se no exemplo da Concacaf, que reúne as Selecções da América do Norte e Central, e que nunca tem, em regra, mais do que uma selecção que justifique a presença num Mundial. Pois, este ano, a Concacaf meteu quatro Selecções no Mundial (Estados Unidos, México, Costa Rica e Trinidad-Tobago). Tantas como a América do Sul, que tem regularmente umas cinco-seis selecções de qualidade. Porquê? Porque, segundo uma investigação do Panorama, da BBC, há muitos votos e muito dinheiro a circular entre a Concacaf e o seu presidente e a FIFA, de Joseph Blatter. De facto, a única razão para esta enxurrada de selecções e de jogos são os interesses financeiros e eleitorais de quem ocupa o poder na FIFA. Herança dos tempos do tão louvado Sr. Havelange... Imaginemos que se reduzia o número de participantes a 24, como já aconteceu em tempos. Divididos em seis grupos de quatro equipes cada, apurar-se-iam os primeiros de cada grupo e os dois melhores segundos o que teria desde logo a vantagem de tornar mais competitiva a fase de grupos. Depois, haveria uma eliminatória a menos (os dezasseis-avos finais), um jogo a menos para quem chegasse ao fim, um total de 40 jogos em vez dos actuais 64, e 22 dias de competição em vez dos actuais 31. Mais racional, mais competitivo, mais representativo e menos saturante para todos jogadores, público, organização.

Talvez fosse possível estudar também a possibilidade de realizar o Mundial noutra altura que não após o final dos campeonatos europeus, de modo a que as principais vedetas do Mundial, que jogam na Europa, não se apresentem no estado lastimável de um Ronaldinho Gaúcho.

Também seria necessário rever e uniformizar critérios de arbitragem com base na protecção do espectáculo e na repressão do jogo anti-desportivo, e evitar lançar mão de truques como penalties generosos e uma bola que faz curvas imprevistas no ar para obviar ao défice de futebol ofensivo. Mas, acima de tudo, o que é urgente e necessário é lançar uma campanha pública à escala global de defesa e promoção do futebol-espectáculo contra o futebol resultadista. E isso não é só à FIFA que cabe fazer: começa aqui, nas páginas da imprensa desportiva.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (11/07/2006)

terça-feira, julho 04, 2006

MST: Segundo balanço

«Faz hoje oito dias, procedi aqui a um primeiro balanço do Mundial, quando só faltavam jogar-se o Itália-Ucrânia e o Espanha-França dos oitavos de final. Escrevi então que «do ponto de vista futebolístico, não tem sido um Mundial bem disputado» e acrescentava que não entendia «que vantagens pode haver para o futebol em ver um Brasil jogar a passo, uma Argentina que deixa no banco esse prodígio que é o Leonel Messi», e que não me admirava que «com tantas cautelas, tanta disciplina táctica e tanta administração científica dos resultados», a Alemanha viesse a ganhar, no fim. Quanto aos restantes, Portugal à parte, escrevi que «a França tem sido a chatice profunda que se vê, a Itália está cada vez mais igual a si própria, isto é, jogando um futebol tão cínico que chega a ser irritante, a Espanha, que começou em grande estilo, já tratou de abrandar o ritmo, não fosse os seus fãs ficarem mal habituados, e a Inglaterra alterna dois tipos de jogo: ou sem ideia alguma, ou com a ideia fixa de atirar a bola por alto para os dois metros de Crouch». E citava, criticando-a, a frase de Carlos Alberto Parreira, que parecia resumir a filosofia técnica deste Mundial: «espectáculo é ganhar!». Oito dias depois, Carlos Alberto Parreira foi para casa, sem espectáculo e sem vitória. Pekerman pagou a sua cobardia relativamente a Messi e ao futebol-espectáculo com a eliminação, ditada pela sorte (ou ciência, no caso de Ricardo) dos penalties, às mãos de uma Selecção alemã com muito menos futebol e muito menos bons jogadores. A Espanha para casa foi também, tendo trocado a audácia inicial por um pragmatismo fatal. E a Inglaterra caiu pela quinta vez consecutiva num desempate por penalties, depois de confirmar que toda a sua arrogância era puro marketing— como tantas coisas outras entre as vedetas inglesas e as suas insuportáveis wags. Restaram, pois (alguém tinha de restar...), a Alemanha, após um jogo mortal de chatice contra a Argentina, e a Itália, em mais uma exemplar demonstração de cinismo. E a França, essa sim, a excepção à regra geral e ao que até aí tinha feito. Em minha opinião, a França fez contra o Brasil o melhor jogo de um candidato ao título que eu vi neste Mundial. Pouco importa se foi uma ressurreição fugaz (mas já ensaiada contra a Espanha) ou um assomo de categoria e orgulho ferido de uma Selecção a quem já haviam feito o obituário. O que sei é que — e muito embora, o meu coração, como o de quase todos os portugueses torcesse pelo Brasil — não tardei a mudar de campo, assim que comecei a ver a displicência estéril do futebol brasileiro face à vontade e superior categoria dos franceses. Ronaldinho estreava a sua nova bandelette e havia, nos meninos de ouro do Brasil, muita preocupação com os penteados, a amarração dos cabelos, as tatuagens e a cor das botas — toda essa parafernália de acessórios que caracteriza as vedetas futebolísticas de hoje. E foi então que, lá do Purgatório onde o imaginavam em definitivo repouso, emergiu Zinedine Zidane — sem tatuagens, nem bandelette, nem sequer cabelo — para assinar com caneta de ouro o livro de memórias que ficará deste Mundial e resgatar, mesmo antes de dizer adeus aos estádios, a honra e o fascínio do futebol. Porque há e haverá sempre dois tipos de adeptos de futebol: os que, sobretudo, são adeptos das suas cores, e os que são, antes de tudo o resto, adeptos do futebol. Ambas as coisas não são incompatíveis, embora às vezes pareçam. Foi para os segundos que Zidane quis mostrar, pela última vez, a razão da sua paixão. A vitória serviu à França e aos franceses — mesmo àqueles que não gostam de futebol ou que nada percebem do jogo e fingem perceber nestas ocasiões — mas a exibição foi, sobretudo, um bálsamo para todos aqueles, no mundo inteiro, que um dia sonharam poder jogar futebol assim. Durante a transmissão do Portugal-Inglaterra ouvi o comentador referir que Scolari teria dito, na linha de pensamento de Par - selecções que jogavam bonito já tinham ido para casa. No dia seguinte, chorando o afastamento do Brasil, Fernando Calazans escrevia no Globo: «Felipão tem razão: muita gente que está jogando feio continua na competição. Por exemplo, a sua própria Selecção, a selecção portuguesa, que fez um jogo horroroso com a Inglaterra...». Convenhamos que a frase, sobretudo vinda de um brasileiro, não é justa: entre os que chegaram aos quartos-de-final, a selecção portuguesa era aquela a quem, pelo seu historial comparativo, menos era exigível que viesse para jogar bonito. Ainda se nisso tivesse sido a excepção! Mas o que Scolari fez foi antecipar o que iria ser este Mundial e qual era a receita que todos os candidatos levavam estudada para tentar sobreviver até ao fim. Curiosamente ou talvez não, os únicos que ouvi, do nosso lado, dizerem que o Portugal-Inglaterra tinha sido um jogo mau e sem emoções (penalties à parte, é claro), foram três homens profundamente ligados ao futebol, mas que, todavia, não têm o dever jornalístico de tentar ser rigorosos no relato dos factos. Foram eles Humberto Coelho, comentando o jogo em directo para a SIC; Rui Costa, cujos comentários televisivos e escritos têm sido uma revelação; e José Mourinho, cuja lucidez e capacidade interpretativa a comentar um jogo já conhecíamos desde o Euro-2004. De resto, lendo a generalidade da imprensa desportiva portuguesa, parece que Portugal fez uma exibição para a história do futebol português, num jogo fantástico. Ora, e só para não ir mais longe, o Portugal-Holanda foi, quer na emoção, quer na qualidade do futebol, quer nos riscos assumidos por ambas as equipas e na atitude da equipa portuguesa, incomparavelmente melhor. Eu sei que a emoção da hora não ajuda à frieza de análise. Mas não a desobriga. O que todos deveríamos desejar agora é que Portugal vença amanhã a França, depois de um bom jogo e de uma grande exibição. E que faça o mesmo domingo, na final. Se não puder juntar o útil ao agradável, paciência: que fique o útil. Mas não vamos, por isso, pretender que ninguém, na hora da vitória, é capaz de distinguir um bom jogo de um mau jogo e que isso lhe é, até, indiferente. No fim de contas, depois deste Mundial e de todos os outros que se lhe hão-de seguir, o que tem de continuar para sempre é o futebol.»

Miguel Sousa Tavares, in A Bola (04/07/2006)

sábado, julho 01, 2006

Liga dos Campeões 2006/2007



Classificação




Fase de Grupos

Jornada 01 (13/09/2005): FC Porto 0 - CSKA Moscovo 0
Jornada 02 (26/09/2005): Arsenal 2 - FC Porto 0
Jornada 03 (17/10/2005): FC Porto - Hamburgo
Jornada 04 (01/11/2005): Hamburgo - FC Porto
Jornada 05 (21/11/2005): CSKA Moscovo - FC Porto
Jornada 06 (06/12/2005): FC Porto - Arsenal

Top

SuperLiga 2006/2007



Classificação




Calendário
(As datas são provisórias)

1ª Volta
1ª Jornada (25-08-2006): FC Porto 2 - U. Leiria 1
2ª Jornada (10-09-2006): E. Amadora 0 - FC Porto 3
3ª Jornada (17-09-2006): Naval 0 - FC Porto 2
4ª Jornada (24-09-2006): FC Porto 3 - Beira Mar 0
5ª Jornada (01-10-2006): Sp. Braga - FC Porto
6ª Jornada (15-10-2006): FC Porto - Marítimo
7ª Jornada (22-10-2006): Sporting - FC Porto
8ª Jornada (29-10-2006): FC Porto - Benfica
9ª Jornada (05-11-2006): V. Setúbal - FC Porto
10ª Jornada (19-11-2006): FC Porto - Académica
11ª Jornada (26-11-2006): Belenenses - FC Porto
12ª Jornada (03-12-2006): FC Porto - Boavista
13ª Jornada (10-12-2006): Nacional - FC Porto
14ª Jornada (17-12-2006): FC Porto - Paços Ferreira
15ª Jornada (14-01-2007): Aves - FC Porto

2ª Volta
16ª Jornada (28-01-2007): U. Leiria - FC Porto
17ª Jornada (04-02-2007): FC Porto - E. Amadora
18ª Jornada (18-02-2007): FC Porto - Naval
19ª Jornada (25-02-2007): Beira Mar - FC Porto
20ª Jornada (04-03-2007): FC Porto - Sp. Braga
21ª Jornada (11-03-2007): Marítimo - FC Porto
22ª Jornada (18-03-2007): FC Porto - Sporting
23ª Jornada (01-04-2007): Benfica - FC Porto
24ª Jornada (07-04-2007): FC Porto - V. Setúbal
25ª Jornada (15-04-2007): Académica - FC Porto
26ª Jornada (22-04-2007): FC Porto - Belenenses
27ª Jornada (29-04-2007): Boavista - FC Porto
28ª Jornada (06-05-2007): FC Porto - Nacional
29ª Jornada (13-05-2007): Paços Ferreira - FC Porto
30ª Jornada (20-05-2007): FC Porto - Aves

Top

Equipa 2006/2007

Plantel - Equipa Principal

Guarda-Redes
99 Vitor Baía
1  Helton
24 Paulo Ribeiro

Defesas
2  Ricardo Costa
3  Pepe
4  Pedro Emanuel
5  Marek Cech
12 Bosingwa
13 Jorge Fucile
14 Bruno Alves
15 Ezequias
26 João Paulo

Médios
6  Ibson
8  Lucho Gonzalez
10 Anderson
16 Raúl Meireles
17 Vieirinha
18 Paulo Assunção
31 Diogo Valente

Avançados
7  Ricardo Quaresma
9  Lisandro Lopez
11 Tarik Sektioui
19 Sokota
20 Jorginho
21 Alan
23 Hélder Postiga
28 Adriano
29 Bruno Moraes

Top

Equipa Técnica

Treinador Principal: Jesualdo Ferreira

Treinador-assistente: Carlos Azenha, Rui Barros e João Pinto

Treinador de guarda-redes: Wil Coort


Equipa Médica

Médicos: José Carlos Esteves, Nélson Puga

Enfermeiros: José Mário, Eduardo Braga, José Luís

Preparador Físico: António Dias

Top

Taça de Portugal 2006/2007

Taça de Portugal

Taça de Portugal: Sorteio




Eliminatórias

Aguarda realização do sorteio.


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