Derrota comprometedora
1 - 0
Factos são factos: Co Adriaanse nunca conseguiu vencer Ronald Koeman nem nenhum dos mais fortes candidatos ao título: Benfica, Braga e Sporting. É verdade que a «taça BES» não vale tanto como o campeonato, mas a jogar assim perdemos os dois.
A equipa inicial portista não tinha surpresas. Na teoria era uma equipa em 3-3-4 mas não foi isso que mostrou o início do jogo. Paulo Assunção jogou sempre muito recuado toda a primeira parte o que desiquilibrou claramente o meio-campo perdendo poder de recuperação de bolas, onde Raúl Meireles nem era trinco nem «volante» e Lucho não conseguia conduzir o jogo ora pela marcação apertada de Manuel Fernandes ora por não ter bola jogável.
O quarteto da frente esteve no mínimo desinspirado, sobretudo nas alas onde Ivanildo não conseguiu criar perigo, quer nos ataques quer nos cantos e Quaresma procurou esteve nuito abaixo do expectável apostando em demasia o «um-para-um» em vez de jogar mais para a equipa e perdendo-se em muitas quezílias com jogadores adversário. McCarthy e Adriano tiveram uma tarefa ingrata já que a bola nunca lhes chegava em condições, obrigando-os a sair das suas posições para procurar jogo.
O Porto entrou claramente para defender primeiro e só depois pensar em atacar. Por indicação de Adriaanse? O certo é que se perdiam muitas bolas a meio-campo ora por passes errados ora por antecipações do adversário e quando se recuperavam era mais chuto para a frente do que jogadas pensadas. Apesar disso, a defesa ia chegando para os ataques do Benfica até que Robert marca o único golo da partida perante um Baía que podia ter feito muito melhor. Estávamos no minuto 39 e até final da primeira parte ainda houve mais duas grande oportunidades, uma para cada lado.
A segunda parte começou com o Porto mais ofensivo e sobretudo com uma atitude diferente, para melhor, procurando inverter o resultado negativo. Paulo Assunção subiu no terreno e com isso Raúl Meireles ficou mais solto no meio-campo e Lucho começou a apoiar o ataque tante pelas alas como pelo centro. O jogo ficou mais aberto e o Porto teve algumas oportunidades por McCarthy e Lucho mas não foram capazes de marcar. O Benfica recuava e espreitava o contra-ataque que a defensiva portista conseguiu sempre anular com Pepe e Pedro Emanuel em bom nível.
Até final Adriaanse ainda pôs Hugo Almeida, Jorginho e Lisandro mas de nada valeu. O treinador holandês ainda não percebeu que não é jogando com muitos avançados que se ganham jogos. De que adianta ter muita gente na frente quando não têm bola jogável?
Quanto ao árbitro, João Ferreira, e apesar de não ter interferido directamente no resultado, esteve ao seu nível. Começou a distribuir amarelos a tudo que vestia de azul-e-branco. Ora por entradas ora por protestos mas nunca teve um critério uniforme. A equipa do Benfica só viu o primeiro cartão amarelo perto do final do jogo e quase a pedido. Muitas faltas atacantes marcadas ao FC Porto enquanto que do outro lado do campo eram sempre marcadas ao contrário. Lançamentos anulados não se sabe bem porquê, enfim, a verdadeira aribtragem habilidosa.
Como é moda agora dizer, o nosso campeonato fica assim mais «competitivo» à custa do Porto que desperdiça uma oportunidade única de afastar o Benfica da luta pelo título e manter os 5 pontos de vantagem para o Sporting. Até ao fim deste campeonato ainda vamos sofrer muito... ao menos que valha a pena.
Mais e Menos
+ Pepe Cortou o que tinha a cortar, recuperou algumas bolas e ainda se aventurou no ataque. Em bom nível.
+ Pedro Emanuel Esteve seguro no lado esquerdo da defesa. Não deu hipóteses a Simão nem a Robert.
+ Paulo Assunção Foi precioso a defender, sobretudo na segundo parte que praticamente fez duas funções sempre com grande disponibilidade. Se Lucho e Meireles fossem tão eficientes...
- Lucho e Meireles Estiveram abaixo do razoável. Nunca conseguiram dominar o meio-campo muito por culpa da superioridade numérica do adversário.
- Baía A comemoração do 400º jogo fica manchada por uma falha mas que não retira brilho à sua grande carreira no FC Porto. Foi apenas uma noite infeliz.
- Adriaanse Além de não ganharmos, ainda jogamos mal. Onde estão os jogos espetaculares prometidos no início da época? As boas exibições? Pelo menos sempre perdíamos com estilo...
Declarações
Co Adriaanse (FC Porto)
«Foi um clássico típico. Não foi um bom jogo, teve muitas faltas e muitos passes falhados. O Benfica jogou com mais velocidade, mais agressividade e teve mais oportunidades. Venceu com justiça. Esperava mais da minha equipa, mas o Benfica jogou melhor».
Sobre o campeonato: «Estamos na frente do campeonato há muitas semanas. O Sporting é perigoso, joga bom futebol, tal como o Benfica. Mas nós também temos as nossas armas».
Vitor Baía (FC Porto)
«Não era o resultado de que estávamos à espera. Não estivemos ao nível dos últimos jogos, muita embora a segunda parte tenha sido melhor do que a primeira. Assumo a minha parte de responsabilidade no golo. A bola parecia que tinha controlo remoto».
Ficha do Jogo
Liga 2005/06 (24ª jornada)
Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: João Ferreira (Setúbal)
Assistentes: João Santos e Pais António
4º árbitro: Elmano Santos
BENFICA: Moretto; Alcides, Luisão, Anderson e Leo; Petit e Manuel Fernandes; Robert, Karagounis e Simão «cap.»; Nuno Gomes
Substituições: Robert por Marco Ferreira (74m), Karagounis por Beto (76m) e Nuno Gomes por Ricardo Rocha (90m)
Não utilizados: Quim, Marcel, Nélson e Manduca
Treinador: Ronald Koeman
F.C. PORTO: Vítor Baía; Bosingwa, Pepe e Pedro Emanuel «cap.»; Paulo Assunção; Quaresma, Lucho González, Raul Meireles e Ivanildo; McCarthy e Adriano
Substituições: Raul Meireles por Lisandro Lopez (72m), Ivanildo por Jorginho (72m) e Quaresma por Hugo Almeida (81m)
Não utilizados: Paulo Ribeiro, Ricardo Costa, Ibson e Bruno Alves
Treinador: Co Adriaanse
Ao intervalo: 1-0
Marcadores: Robert (39m)
Disciplina: Cartão amarelo a Quaresma (26m), McCarthy (51m), Pedro Emanuel (57m), Simão (71m), Petit (73m) e Paulo Assunção (77m)
* Fotos AP (Associated Press)