MST: O Sporting Club Calimero
«1. Nunca assisti, e seguramente nunca irei assistir em dias da minha vida, a um jogo em que o Sporting perca e a culpa não seja do árbitro. Sucedem-se os presidentes, os dirigentes, os treinadores e os jogadores, e a culpa dos maus resultados nunca é deles, mas sempre dos árbitros. Já faz parte da cultura sportinguista, está de tal maneira entranhado naquelas almas que já nem se dão conta das figuras ridículas, às vezes mesmo patéticas, que fazem. A única vez, nos últimos anos, que alguém desafinou na orquestra caíram-lhe todos em cima indignados. Foi quando Filipe Soares Franco se lembrou de dizer o que toda a gente, menos os sportinguistas, tinham visto: que, no derby lisboeta do ano passado, não foi o Luisão que fez falta sobre o Ricardo, mas o Ricardo que saiu em falso a uma bola alta — coisa que não é assim tão rara. Agora, a propósito do jogo da Taça com o FC Porto, lá veio o Ricardo dizer que só não ganharam porque «não nos deixaram ganhar ». O árbitro, pois claro. Até podia ser que fosse verdade que o árbitro os tivesse prejudicado, mas nem assim isso teria impedido que o Sporting pudesse ter ganho, bastando para tal que tivesse jogado mais ao ataque e não apenas no sistema Liedson resolve, que parece ser o único que conhece; ou que tivesse procurado e criado mais oportunidades de golo, em lugar de se limitar a esperar por um erro do adversário, conforme sucedeu; ou, mais simples ainda, que o João Moutinho tivesse convertido o penalty que o Baía defendeu ou que o próprio Ricardo tivesse conseguido defender apenas um dos cinco penalties convertidos pelos portistas. Mas não: a verdade fica melhor servida se se disser que foi o árbitro que não os deixou ganhar.
E, então, o que fez de tão terrível o árbitro, Olegário Benquerença? Não assinalou umcanto a favor do FC Porto na primeira parte e uma favor do Sporting na segunda; deixou passar um lance duvidoso do Tonel sobre o McCarthy na área sportinguista, que eu não acho que tivesse sido suficiente para penalty, mas que, ao contrário não deixaria de ter sido reclamado como tal pelos sportinguistas; deixou passar uma mão do Pepe que seria penalty, se de facto ocorreu dentro da área, mas que é precedida imediatamente de uma falta do Polga sobre o McCarthy, que permite lançar o contra-ataque; mostrou e bem o segundo amarelo ao Caneira, quando ele, já tudo sanado, resolveu ir meter-se numa discussão entre o Rodrigo Tello e o Raul Meireles, tendo todos logicamente visto o cartão; e expulsou o Bosingwa por uma falta que ele não cometeu. Eis tudo. É preciso lata, descaramento e total falta de desportivismo para vir dizer no fim que foi o árbitro que não os deixou ganhar. A obsessão pelos árbitros é tamanha, entre as gentes do Sporting, que, ainda o jogo da Taça mal tinha acabado e já os dirigentes sportinguistas se estavam a queixar do próximo árbitro, para o jogo do campeonato, em casa e contra o pobre Penafiel! Faz-me lembrar a anedota daquele anarquista que a cada país que chegava perguntava: «Há governo? Se há, eu sou contra.»
2. Quando me acusam de ser um portista faccioso, eu rio-me por dentro. É que eu, pelo menos, não escondo que sou portista e é nessa exclusiva qualidade que aqui escrevo. Mas o que dizer dos supostos imparciais e independentes que também escreveram que o Sporting tinha justas reclamações da arbitragem de Olegário Benquerença? Eu, pelo menos, reconheço que o jogo não valeu nada, o Porto não jogou nada e, mais uma vez, Adriaanse demonstrou uma total falta de ideias e de estratégia para ser capaz de ganhar um jogo importante. Mas eles acaso viram um Sporting dominador, a jogar bem, a criar oportunidades e a não ganhar por culpa do árbitro? Porquê que aos protagonistas do FC Porto nunca ninguém se lembra de perguntar se têm queixas da arbitragem e aos do Sporting são todos questionados sobre isso: o presidente, o vice-presidente, o candidato a presidente, o director do futebol, o adjunto, o treinador e os jogadores, só faltando omassagista e o roupeiro? Porquê que, quando eles se queixam que ficou um penalty por marcar, ninguém tem coragem de lhes lembrar que a jogada começa numa falta que ficou por marcar contra o Sporting? Porquê que, quando o Ricardo diz que não ganharam porque não os deixaram, ninguém tem coragem de lhe dizer que se ele tivesse conseguido defender um dos penalties, como o Baía fez, podiam ter ganho? Porquê que quando o Paulo Bento tem o desplante de se queixar da inferioridade numérica, ninguém se atreve a lembrar-lhe que ela durou exactamente um minuto de jogo jogado?
E o que dizer da miserável história inventada pelo Record da bola supostamente atirada pelo Baía à cara do Ricardo? Olhem bem para a fotografia: vê-se a mão do Baía em posição de quem acabou de lançar a bola devagar na vertical para que o Ricardo a agarre tranquilamente; e vê-se o Ricardo de braços caídos e a desviar a cara. Das duas, uma: ou o Ricardo não tem reflexos para agarrar uma bola que qualquer criança agarraria e então não se percebe que seja um guarda-redes tão extraordinário como dizem que é, ou então fez de propósito para fazer passar por agressão o que só com toda amá-fé do mundo pode ser visto como tal. Mas, pelos vistos, houve quem quisesse ver isso mesmo. É gente que, do futebol só gosta de inventar casos e suspeitas e suscitar lamúrias e queixumes de maus perdedores. É a gente que tem dado cabo do futebol português. Ainda bem que eu nunca serei presidente do FC Porto. É que se o fosse, acho que um dia acabava por perder a paciência e retirava a equipa das competições. Deixava os cavalheiros e os regeneradores a falar sozinhos e a dividirem entre si os campeonatos, como nos tempos do antigamente, de que eles têm tantas saudades.
3. E assim, estudadamente, vai-se preparando o ambiente para o Sporting-Porto de 8 de Abril. Vai-se preparando o ambiente propício à nomeação de um Lucílio Baptista ou semelhante. Há duas coisas que eu seria capaz de apostar acerca desse Sporting-Porto que aí vem: uma, é que o FC Porto não vai acabar o jogo com onze jogadores; outra é que, se o Sporting não ganhar, todo o seu povo vai atribuir as culpas ao árbitro.
Na Luz, depois de perder com o Benfica, ouvi Co Adriaanse dizer uma coisa, com a qual nem sequer concordei, mas que, de forma alguma me irritou: que o Benfica tinha ganho porque tinha sido melhor. Quando será que ouviremos os grandes senhores do Sporting algum dia dizerem coisa semelhante?»

0 - 1 
Este era mais um jogo importante para o FC Porto, mais uma final. Só os três pontos interessavam já que o Sporting dificilmente perderia pontos no seu estádio, frente ao Penafiel.
A segunda parte foi muito diferente, desde logo pela atitude da Académica que entrou muito mais pressionante e a jogar mais no meio-campo portista. O jogo ficou sem dúvida mais interessante e aberto, com Pepe a subir no terreno sempre que podia para desiquilibrar a defesa contrária. O jogo, apesar de repartido, não desatava e Adriaanse mexeu na equipa substituindo Adriano, muito esforçado mas pouco decisivo, por Hugo Almeida. Decisão mais que acertada já que nem 10 minutos depois o Porto chegaria à vantagem. Jorginho, que substituira Lucho, faz um passe a rasgar toda a defesa da Académica e Hugo Almeida, à entrada da área, dispara fortíssimo não dando hipóteses a Dani. Estava feito o golo e da maneira que estava o jogo, o mais importante era mesmo segurar a vantagem. Adriaanse tira McCarthy e põe Ricardo Costa com o intuito de preencher melhor a sua defensiva que, diga-se, esteve muito bem.
Já muita tinta correu desde que o Sporting foi eliminado pelo FC Porto da Taça de Portugal. Mesmo depois das fotografias publicadas pel'O Jogo e em diversos «blogs» dedicados ao futebol, são ainda muitos os sportinguistas que continuam a não (querer) acreditar nas evidências. Porquê? Os motivos são vários:

Mais uma vitória, mais três pontos. Nesta segunda volta, 14 golos marcados, 4 golos sofridos, 2 derrotas, 2 empates e 6 vitórias.
1 - 2
Sem transmissão televisa, esta eliminatória da Taça de Portugal pôde ser acompanhada pela rádio, fazendo lembrar outros tempos.
Os azuis e brancos não se intimidaram com a inferioridade numérica e estiveram quase sempre bem a preencher os espaços sendo evidente a entre-ajuda entre os vários sectores da equipa. O Marítimo, com mais um, tentava fazer a diferença mas não conseguiu marcar tendo Vitor Baía contribuido decisivamente para o empate que se registou no fim dos 90'.
0 - 2
Mais três pontos conquistados pelo FC Porto, desta vez no estádio do Bonfim. Apesar de não perder em Setúbal há mais de 20 anos esta é sempre uma deslocação complicada, apesar do efeito da razia feita pelo Benfica e pelos ordenados em atraso ao plantel sadino.
A história do jogo resume-se ao ataque continuado portista e os tímidos contra-ataques do Setúbal. Adriano marca de cabeça após um canto cobrado por Raúl Meireles, seguramente o MVP, já perto do intervalo. Pouco depois do início da segunda parte, o mesmo Raúl Meireles iria marcar de cabeça após um excelente trabalho de Quaresma. Depois do jogo com o Nacional, o Porto consegue mais uma vez marcar golos no fim do 1º tempo e «matar» o jogo com outro golo no início do 2º.

Finalmente uma vitória «gorda» com uma exibição convincente a acompanhar. A noite era de grande expectativa no Estádio do Dragão, e por vários motivos: adivinhava-se um jogo difícil, contra uma equipa que defende bem e sofre poucos golos fora de casa; a incerteza sobre o sistema escolhido por Adriaanse dada a ausência de Paulo Assunção; a reacção da equipa após a derrota na jornada passada, na Luz e a possibilidade de Anderson se estrear com a camisola azul-e-branca.
O segundo tempo começou com o Nacional apostado em tentar dar a volta ao marcador. André Pinto podia ter reduzido, mas Baía opôs-se bem ao remato do brasileiro. Aos 6' da segunda parte e após uma excelente insistência de Ivanildo, Lucho González remata para o fundo da baliza de Diego Benaglio (boa exibição) «matando» assim o jogo apesar de faltarem ainda cerca de 40 minutos para jogar.